[Por Suelen Morales – Jornal O Estado MS]
No bairro Moreninhas, falta de médico prejudicou tratamento de pacientes
A população de Campo Grande está revoltada com a saúde pública. Sem encontrar remédios e com dificuldades para agendamento médico, os pacientes precisam se deslocar para diversas unidades de saúde em busca de um atendimento. A maioria reclama da falta de médicos, de especialistas nas UBSF (Unidade Básica de Saúde daFamília) e da demora para serem atendidos ou transferidos para Cem (Centro Especializado Municipal).
O motorista Jorge de Oliveira, 54, contou que está há dois meses com o resultado dos exames médicos que lhe foram solicitados, porém não consegue agendar a consulta nem mesmo com o clínico geral na UBSF das Moreninhas III, Dr. Judson Tadeu Ribas.
“Estou com exames prontos e queria agendar uma consulta com o clínico geral só para mostrar os resultados e, caso seja necessário, ser encaminhado para um especialista. Porém, me informaram que não tinha médico, só no mês que vem. Somente se for emergência que eles tentam encaixar” relatou.
Já Vermira Maria Bispo, 59, que aguardava no saguão da UBSF das Moreninhas III, desabafou que precisa tratar com urgência sua doença de diabetes. Porém na região onde mora não tem uma UBSF e por isso precisa ir até a unidade das moreninhas em busca de um atendimento.
“Estou tentando fazer parte do tratamento diabético desde antes da pandemia. Meu braço está apodrecendo, tive que procurar outro posto. Mas, eu sou discriminada aqui por ser da região da Nova Jerusalém, eles não consideram que faz parte das Moreninhas e lá não tem nem agente de saúde, quem dirá médico. Aqui o clínico geral faz a consulta, passa exames de sangue e não me encaixa no grupo de diabetes. Eu não consigo nem aferir minha glicemia aqui no posto. Além disso, marcam a consulta 12h, mas só te atendem depois das 15h”, expôs.
O problema relatado é recorrente em toda a Capital. O Instituto Ranking Brasil divulgou uma pesquisa na qual aponta quais são os maiores problemas do município de Campo Grande e a campeã de reclamações foi justamente a saúde com 25,50%. Em segundo lugar ficaram os impostos 22,20% e em terceiro lugar a inflação (Custo alto de vida) 20,10%. Ao todo, foram ouvidos 1.000 campo-grandenses com idade acima de 16 anos, entre os dias 18 e 22 de março de 2022.
O Secretário Municipal de Saúde, José Mauro, afirmou que não há falta de médicos e nem da maioria dos medicamentos. Segundo ele, as ausências podem ser pontuais. “Campo Grande contratou mais de mil profissionais nos últimos dois anos. De 2017 até hoje, aumentamos de 30% para 75% de cobertura, ampliamos de 90 para 173 as equipes de saúde. Há vários indicadores de melhoras, que hoje eu posso afirmar que não temos essa falta de profissionais médicos. O que acontece sazonalmente são os períodos de residência dos médicos que saem para estudar fora de Campo Grande. Nesse caso a gente contrata médicos para compor essas lacunas, que geralmente duram até o mês de abril. Mas, isso não quer dizer que as equipes estejam incompletas”, esclareceu.
Em relação aos medicamentos, o secretário defende que devido a uma portaria federal algumas farmácias em Upas foram desativadas. “Estamos com 92% do estoque de medicamentos completos na Capital. Alguns medicamentos não estão em falta, e sim foram proibidos pela Anvisa. Os que estão em falta, já estão em processo de compra e há uma falta de insumos importados, então as indústrias não conseguem fabricar e ficamos sem receber o produto. Estamos vivendo uma série de transtornos mundiais”,
apontou em alusão à pandemia e à guerra na Ucrânia.
Dados da Pesquisa
Ao todo foram feitas 1.000 entrevistas presenciais em todas as regiões de Campo Grande, sendo: Anhanduizinho 28,80%; Bandeira 13,40%; Centro 10,10%; Imbirussu 12,60%; Lagoa 13,20%; Prosa 10,00%; Segredo 11,50%; Distritos de Anhanduí e Rochedinho 0,40%.
Quanto ao perfil dos entrevistados, 45,80% eram do público masculino e 54,20% do público feminino, todos moradores residentes no município de Campo Grande. Quanto à faixa etária, 12,10% tinham de 16 a 24 anos; 22% de 25 a 34 anos; 21,60% de 35 a 44 anos; 25,80% de 45 a 59 anos e 18,50% com 60 anos ou mais.
No quesito escolaridade, 3,70% são analfabetos; 24,30% possuem ensino fundamental incompleto e completo; 40,40% têm o ensino médio incompleto e completo, e 31,60% com superior incompleto e completo. Já quanto à renda mensal dos entrevistados, 13,10% recebem até 1 salário mínimo; 20,30% de 1 a 2 salários mínimos; 38% de 2 a 5 salários mínimos 38%; 17,50% de 5 a 10 salários mínimos e 11,10% mais de 10 salários mínimos.
Confira a reportagem completa da edição impressa do Jornal O Estado MS.