Santa Casa atende mais de 230 casos e é referência no tratamento de queimados

Santa Casa
Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Até novembro de 2022 a Santa Casa de Campo Grande já havia registrado 234 casos de pacientes com queimaduras de primeiro, segundo ou terceiro grau, que em sua maioria requer cirurgias reparadoras ou reconstrutoras. Neste período de comemorações, os acidentes tendem a aumentar o que acende um alerta dos especialistas para toda a população.

De acordo com os dados fornecidos pelo hospital, no ano de 2021 foram internados 309 pacientes devido a queimaduras por meio de líquidos, produtos inflamáveis, fogo, produtos químicos, eletricidade, produtos sólidos ou gasosos. O mês de setembro foi o de maior incidência, com 38 casos.

Em 2022, foram registrados 234 hospitalizados, até novembro por queimaduras. A maioria por líquidos quentes e produtos inflamáveis. O mês com maior incidência foi o de novembro com 30 casos. Os dados de dezembro, por ainda estar em andamento, não foram contabilizados.

Diante disso, o chefe do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa, Dr. Felipe Resende, enfatizou que o hospital recebe uma grande demanda para o tratamento de pacientes queimados e para isso conta com 17 leitos de enfermaria, leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e ainda com um centro cirúrgico.

“Temos a capacidade técnica e estrutural, sendo o único hospital do Estado que tem essa referência/legitimidade de ser um Centro de Tratamento de Queimados. Já tivemos casos que vem de outros países e nós nunca vamos negar o atendimento.

Sempre batemos na tecla de que a gente preferia não trabalhar, não ter o paciente e que todo mundo não se queimasse. Porque é algo que realmente causa um transtorno não só para o paciente, mas pro núcleo familiar devido as longas internações e infecções que podem estar associadas”, esclareceu o médico.

Sobre as infecções hospitalares, o especialista explicou que um paciente por queimadura fica em média de 20 a 40 dias hospitalizado, o que pode ocasionar em infecções hospitalares. “Nem sempre são infecções de pele, mas podem ser contraídas justamente porque o queimado perde a proteção do corpo dele que é a pele. Já tivemos internações aqui de 120 dias, quando o quadro do paciente evolui de maneira desfavorável”, explicou Dr. Felipe.

Para manter os casos de infecções zerados, o Centro de Tratamento de Queimados juntamente com a Comissão de Infecção Hospitalar da Santa Casa tem tentando diminuir ao máximo o percentual de infecção associada.

“Matemos sempre o protocolo para evitar infecções, mas nem sempre a gente consegue. Mantemos sempre a mesma equipe, até porque o cuidado com o queimado ele é bem diferente. Requer um curativo feito com mais paciência e experiência”, observou o médico.

Por fim, Dr. Felipe faz um alerta para que à população redobre os cuidados ao fazer bife na chapa ou churrasco, durante as comemorações neste período de fim de ano e férias.

“Principalmente o bife na chapa em que temos um número de casos disparados. As pessoas têm se superado, antes era o álcool líquido e agora já tivemos casos de etanol de posto de gasolina. Pode utilizar o acendedor de carvão, aqueles rabos quentes que põe na tomada ou o óleo no papel higiênico pra acender. Demora mais, mas a chama vai ser a mesma”, orientou.

Esse é o caso do construtor, Jilmar Moura, 49, que está há mais de 20 dias internado devido a uma explosão de combustão ao fazer o “famoso” bife na chapa. “Eu já estava acostumado a fazer bife na chapa. Fomos acender a chapa de novo e pensei que não tinha mais fogo dentro, quando fui abastecer ela explodiu. Estou com o corpo todo queimado, pernas, braços, barriga e um
pouco do rosto”, contou.

Nova gestão

A partir de segunda-feira (2), a ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande terá uma nova gestão. Em cerimônia que será realizada no auditório Carroceiro “Zé Bonito”, às 19h, assumirá a presidência a advogada, Alir Terra Lima e na vicepresidência, o engenheiro civil, Jary de Carvalho e Castro.

Queimaduras em crianças: a unidade também conta com leitos pediátricos 

Cabe destacar que a Santa Casa também possui leitos pediátricos para o tratamento de crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de incidente com queimaduras. Dr. Felipe lamentou e reforçou o alerta para que os pais mantenham os pequenos longe da cozinha, do armazenamento de produtos inflamáveis, de churrasqueiras e chapas.

“Infelizmente também temos os leitos pediátricos. A grande causa de internação de crianças é um acidente doméstico que é o que a gente chama de escaldadura, quando algum líquido quente escorrer nessa criança, como: água quente, feijão quente, sopa quente etc. E o simples fato de você deixar o cabo da panela virado pra fora, já é o suficiente pra esbarrar e virar na criança”, apontou o dr. Felipe.

Foto: Nilson FIgueiredo/Jornal O Estado MS

Já o pequeno Nicolas de três anos vai ter que passar o fim de ano no hospital devido ao acidente doméstico com água quente. “Ele puxou a jarra do fogão, a alcinha da jarra quebrou e água quente caiu em cima dele. Já estamos aqui há sete dias, ele teve queimadura de primeiro e segundo grau, mas agora já está bem melhor”, contou a mãe, Juliana Rosa de 26 anos.

Suelen Morales – Jornal O Estado do MS.

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