Rindo durante interrogatório, autor de feminicídio diz que vítima era impura

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Não foi encontrado nenhum remédio e nenhum laudo de esquizofrenia na residência do autor

A titular da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM), delegada Elaine Benicasa, concedeu uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (23), para detalhar mais informações sobre a morte de Cristiane Eufrásio Milan, 42, no último fim de semana em Campo Grande.

O autor do crime Sérgio Guenka, 52, confessou que cometeu o crime propositalmente, rindo e querendo chamar a atenção do crime para ele, ou seja, ficar famoso pelo crime.

No início da semana, a imprensa repercutiu a fala do autor do crime de que matou a vítima por ter o chamado de feio. Porém, como explica a delegada, esse argumentou não se sustentou.

“Na verdade, no local do crime foi encontrado vários objetos referentes a religiosidade, o que vai de encontro como o que ele diz, que devia tirar a vida de uma mulher de programa, ao considerá-las impuras. Isso ele repete várias vezes”, conta a delegada.

Aos policiais, o autor alega que toma remédio de tarja preta e que é esquizofrênico psicótico. Porém, não foi encontrado nenhum remédio e nenhum laudo dessa natureza na residência dele.

Além disso, fala que não escolheu especificamente a vítima, mas comentou que já teve outros problemas com ela no passado. Mas que neste dia ele resolveu tirar a vida de Cristiane, porque concluiu que ela era impura, citando a bíblia.

Crime hediondo

A primeira facada contra a vítima foi no pescoço, momento que ela foge até a porta da casa, aonde ela perdeu muito sangue. Entretanto, ele novamente a pega e desfere mais 30 facadas na região do abdômen dela.

Conforme comentou a delegada, o local do feminicídio denota um ambiente de crime de ódio. “Um local muito insalubre, com muita sujeira, resíduos de alimentos e fecais. Não há água na residência. Ao mesmo tempo que demonstra uma loucura, o autor demonstra frieza na premeditação e na forma que ele coloca o corpo para causar impacto para a mídia”, comenta.

Ele aciona os familiares solicitando tratamento psiquiátrico e os familiares conversam com ele, mas ele por conta própria se dirige ao Caps, aonde, no atendimento, relata que teria tirado a vida de uma mulher e que o corpo dela se encontrava na casa dele. A médica então liga para família do autor, que confirmou a morte da vítima.

Por fim, a delegada afirma que o autor apresenta momentos de lucidez. “Até agora não foi apresentado laudos nem por familiares ou pelo advogado.  Após o crime, ele procurou o Caps isoladamente, mas provavelmente já teve alguns atendimentos psiquiátricos em razão de ter mencionado ser esquizofrênico psicótico”, diz.

Testemunha

A Titular da DEAM divulgou a existência de uma testemunha presencial, o vizinho de frente ao local, que ouviu gritos. “O mesmo disse ter percebido que, logo que a mulher entrou na casa, o autor liga o som no volume máximo, mas nunca imaginou que a mulher estava sendo esfaqueada”, conclui.

Com informações Ana Cavalcante

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