Retomada de exportações e pouca oferta vão aumentar preço da carne

carne açougue
Foto: Marcos Maluf

Presidente do sindicato acredita que valor pode subir até 6% 

Paralisada há 21 dias, a suspensão das exportações para a China tem refletido de forma negativa para o mercado. Apesar de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontar queda de 2,29% no preço da carne em Campo Grande, no mês de fevereiro, o cenário está distante de se tornar realidade. Isso porque a falta de animal pronto para abate e o retorno das atividades para a China podem aumentar o valor ao consumidor final, segundo o presidente do Sicadems (Sindicato da Indústria de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Sérgio Capuci. 

“O que vai mandar mesmo é a oferta do boi e claro, a volta da exportação também interfere nessa demanda. Porém, se faltar boi para o abate, com exportação ou sem, a tendência é subir mesmo. Se houver boi pronto para o abate a carne não sobe, agora se não tiver e ainda houver o retorno na exportação, a tendência é de subida”, destaca. 

O representante do setor ressalta que o ramo demonstra sinais de recuperação, podendo chegar a uma elevação entre 5% e 6%, depois da normalização do setor. “Os frigoríficos já estão recebendo o boi para o abatimento mais caro, então automaticamente terão que repassar esse aumento. Os valores deverão vir maiores do que os praticados antes da queda”, relata Capuci. 

Ele ainda destaca que a queda no valor da carne bovina ocorreu por conta da parada de abastecimento para a China, sendo assim o estoque teve que ser redirecionado para o mercado interno, fazendo com que o número de animais disponíveis para o abate diminuísse drasticamente.

Esclarecendo o cenário atual, o presidente do Sicadems pontua que o boi já entrou em escalada de retomado do seu preço, o que indica que em breve haverá aumento, motivado pela diminuição da oferta do boi de corte. “Baixou momentaneamente, mas em breve haverá uma retomada de preços no mercado da carne, é questão de tempo”, conclui.

Frigoríficos

O gerente de compras do frigorífico FrigoSul, em Aparecida do Taboado, Fábio Ferreira, aponta que o mercado entrou em retração devido ao bloqueio. No entanto, no decorrer do percurso, foram sendo procuradas outras alternativas, o que contribuiu para uma retomada. 

“A restrição de oferta feita pelo produtor, que está segurando o boi até a liberação da exportação, também interfere, aumentando o valor desse boi, o que levará a um leve aumento no preço do repasse desse produto, entre 2% e 3% para essa ou na próxima semana”, relata Fábio.

Ele salienta também que o retorno das exportações para a China pode resultar em aumento, por se tratar de um volume muito grande, porém, devido à situação atual, onde o produtor está segurando a produção até o retorno das atividades, pode ocorrer um ponto de equilíbrio, deixando os preços estáveis.

Exportações  

Após a suspensão das exportações de carne bovina para a China, – devido à confirmação da “vaca louca” no Pará –, Mato Grosso do Sul pode deixar de exportar, em média, US$ 79,166 milhões por trimestre. O montante leva em consideração a Carta Conjuntura Internacional, divulgada pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), referente ao 4° trimestre do ano passado, com base em dados do Ministério da Economia.

De acordo com dados da Carta Conjuntura da Semadesc, Mato Grosso do Sul exportou, no ano passado, US$ 395,5 milhões e 61,5 mil toneladas de carne bovina para a China.

Embargo chinês à carne bovina 

Um caso de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), a doença da “vaca louca”, foi confirmado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) no dia 22 de fevereiro, em Marabá (Pará). A doença foi identificada em um macho, de 9 anos, em uma pequena propriedade no município. O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. 

Desta maneira, seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China foram temporariamente suspensas, a partir de 23 de fevereiro. Na época, o presidente da Associação de Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, disse à CNN que a suspensão deveria durar até abril. 

No dia 2 deste mês, a análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal confirmou que o caso isolado de “vaca louca” é atípico, do tipo H.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comunicou imediatamente o resultado da amostra ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, iniciou a inserção das referidas informações no sistema para a comunicação oficial à OMSA e às autoridades chinesas. Assim que concluído o processo, será marcada uma reunião virtual com o governo chinês para tratar do desembargo da exportação da carne bovina ao país. 

Atualmente, o processo de exportação para o mercado chinês segue pausado. O Ministério das Relações Exteriores confirmou que Lula realizará uma viagem ao país asiático na última semana deste mês, levantando a especulação de que neste período ocorra o desembargo. A última ocorrência de mal da “vaca louca” foi confirmada em 2021 pelo Mapa, no Brasil. Foram casos em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT).

Por Evelyn Thamaris  – Jornal O Estado do MS.

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