Reajuste na tarifa do transporte público deixa usuários inconformados com preço alto e pouca qualidade no serviço

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Enquanto número populacional da Capital cresce, frota de veículos não acompanha mesmo com uma das maiores cobranças do país

A Prefeitura de Campo Grande reajustou a tarifa de ônibus, a alteração equivale a um aumento de 3,51% na tarifa pública, que passou de R$ 5,95 para R$ 6,17. Na prática, a mudança que afetará o bolso dos usuários representa um reajuste de R$ 0,20, passando de R$ 4,75 para R$ 4,95, o que para população campogrande não corresponde à realidade que vivem diariamente, apontando mal funcionamento do transporte público, pontuando a pouca frota existe, bem como problemas na parte interna dos veículos.

Vale lembrar que a tarifa cobrada na Capital já era reconhecida nacionalmente como uma das mais caras do país. No início deste ano, diversas cidades já tinham reajustado os valores do serviço, após a mudança em Campo Grande, os usuários seguirão arcando com um dos maiores custos do transporte perdendo para Belo Horizonte e Florianópolis (R$ 5,75), Salvador (R$ 5,60) e São Paulo (R$ 5). Do outro lado da moeda, a Capital seguirá com a passagem mais cara que Recife (R$ 4,28), Rio de Janeiro (R$ 4,70) e Natal (R$ 4,90).

Através da auditoria contábil nas planilhas do Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande desde 2012, atestou que a concessionária teve receita de mais de um bilhão (R$ 1.277.051.828,21), de 2012 a 2019 – somente os oito primeiros anos do contrato. Os técnicos chegaram aos valores a partir de balanços enviados pelas próprias empresas de transporte.

Mesmo com um rendimento alto, o serviço público de transporte não atende a demanda da população. De acordo com falas do novo CEO da concessionária, Themis Oliveira, a frota atual é composta por 460 veículos, em uma pesquisa feita pelo jornal O Estado, foi possível notar que houve uma redução de 24,7% na frota de ônibus na Capital desde que o contrato foi assinado, quando em 2012 haviam 574 ônibus. Tal dado contradiz, por exemplo, com o número de habitantes da cidade, que teve um crescimento de 11,5% de 2012 a 2022, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Além da diminuição do número de veículos, a qualidade do transporte também foi afetada pela falta de ônibus articulados, aqueles de maior capacidade. Em 2012, a frota contava com 44 desses ônibus, mas atualmente, poucos ou praticamente nenhum desse tipo está em circulação. Ainda, de todos os ônibus em operação, apenas 418 estão efetivamente circulando nas ruas, enquanto 42 veículos ficam como reserva técnica, para situações de emergência ou manutenção.

 

FALA POVO

Você concorda com o aumento na tarifa do transporte público?

Bruno Martins de Matos, 20 anos
“Não concordo com o reajuste. Eu acho que vai atrapalhar, porque fica um pouco inacessível para muita gente, principalmente para quem precisa pagar do próprio bolso ou usa o vale-transporte da empresa. A tarifa já está alta, e a qualidade do serviço, às vezes, deixa a desejar, principalmente na infraestrutura dos ônibus”.

William Alves, 34 anos.
“O valor não é justo, está muito acima do que deveria. O transporte não é tão eficaz a ponto de justificar essa cobrança. A gente que depende do transporte coletivo para trabalhar acaba ficando à mercê dessas empresas que cobram cada vez mais caro e não entregam o serviço que deveriam. Por exemplo, no meu bairro, os ônibus só circulam até as 20h, depois disso, não tem mais transporte coletivo. Além disso, a linha se junta com outra e fica superlotada”.

Karen de Souza, 19 anos
“A segurança está bem comprometida. Os ônibus estão quebrados, os bancos não têm direito, o ar condicionado não funciona. É um risco muito grande andar assim, ainda mais quando os ônibus estão lotados e atrasados. As condições de segurança deveriam ser muito mais cuidadosas, mas parece que só se preocupam com o aumento das tarifas”.

Matheus Vargas Rodrigues, 25 anos
“Um dos maiores problemas é a falta de ar-condicionado nos ônibus. Com o calor que tem feito, muita gente está passando mal. Além disso, os horários são bem ruins. Agora, por exemplo, se você perde um ônibus, tem que esperar 40 ou 50 minutos para o próximo, e quase sempre eles estão atrasados. Não acho necessário esse aumento. Isso faz uma diferença enorme, tanto para quem dá o troco, quanto para quem paga a passagem. E nem todo mundo tem acesso ao vale-transporte”.

 

Inez Nazira

 

 

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