Tendência é que o índice mantenha queda de 0,5 ponto percentual, de acordo com o Copom
Pela quinta vez consecutiva, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira para 11,25% ao ano. No intuito de estimular o consumo, o que, por sua vez, propicia um aumento nos investimentos produtivos e gerando impactos positivos nas estatísticas do desemprego, conforme analisou o economista, Lucas Mikael, consultado pelo O Estado.
“Na prática, a teoria indica que, com preços mais baixos, os consumidores têm propensão a gastar mais e a obter mais crédito, impulsionando, assim, o crescimento econômico e contribuindo para a redução dos índices de desemprego. Qualquer ajuste nessa taxa impacta, por exemplo, impostos, condições de financiamentos, rendimentos de investimentos, termos de empréstimos, ganhos financeiros, remuneração da poupança e, indiretamente, os níveis de preços”, avalia o especialista.
A taxa Selic ou taxa básica de juros, popularmente conhecida, é a principal referência para os juros na economia do país. Ela exerce influência direta em diversos aspectos da sociedade. A atual queda deixa a taxa no menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano. O economista Mikael, reforça que a população vai demorar um certo tempo para sentir os efeitos do corte da Selic.
“A política monetária apresenta o que é chamado de ‘defasagem’, ou seja, o processo de transmissão da redução da Selic para toda a economia demanda meses para se concretizar. A diminuição realizada hoje deve impactar, em média, o nível de atividade econômica daqui a três a seis meses. No entanto, como a Selic já vem experimentando quedas, ela já exerce algum efeito no presente”, defende.
A tendência é que o valor da taxa de juros continue a cair 0,5 ponto percentual, de acordo com a nota divulgada pelo Copom. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, antevêem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, frisou o comunicado.
Contraponto
Se por um lado, a queda na taxa de juros estimula o consumo, por outro, pode também impactar de forma negativa, aumentando a inadimplência, conforme observação do economista Márcio Coutinho. Principalmente, em relação aos usuários do cartão de crédito, já que a taxa de juros para essa forma de pagamento também acaba sendo estimulada.
“Espera-se que este tomador de recursos saiba o que está fazendo. Caso contrário, ele poderá criar uma situação desagradável no futuro. Ou seja, o risco de ficar inadimplente pode existir caso não haja um planejamento adequado quanto à contratação de um empréstimo. Na prática, a pessoa física ou jurídica que toma dinheiro emprestado tem que estar muito atenta com o que fazer com o dinheiro”, alerta Coutinho.
Em Mato Grosso do Sul o número de inadimplentes continua elevado, segundo dados da Serasa Experian, no Estado 50,58% da população tem a renda comprometida em dezembro, totalizando 6.401.838 CPFs nessa situação.
Por Suzi Jarde e Julisandy Ferreira.
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