Professora de Corumbá utilizou animais para alfabetizar crianças

Professora de Corumbá utilizou animais para alfabetizar crianças

A professora Sonia Bays pensou em algo lúdico para diminuir o impacto da pandemia na alfabetização de crianças. Elas são 11 milhões de pessoas, de 15 anos ou mais que, pelos critérios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), não são capazes de ler e escrever nem ao menos um bilhete simples. Este número precisa estar zerado até 2024, pelo menos é o que estabelece o PNE (Plano Nacional de Educação), Lei 13.005/2014. 

Nesta quarta-feira (8), Dia Mundial da Alfabetização, Sonia foi um dos destaques da Agência Brasil ao explicar como lidou com o assunto em Corumbá, onde leciona na Escola Municipal Almirante Tamandaré. Ela utilizou cachorrinhas para conquistar alunos e conseguir medir o que eles haviam aprendido em um ano de pandemia.

Sonia dá aulas para o primeiro ano do Ensino Fundamental, estudantes de 6 anos, que estão começando a ser alfabetizados. “Queria fazer algo mais lúdico. Acredito que as crianças são penalizadas por estar longe da escola. Criança em fase de alfabetização precisa da escola”, diz. 

animais

Assim, a professora gravou um vídeo apresentando os próprios animais de estimação e pediu que os pais estimulassem os filhos a fazer o mesmo com seus bichinhos. “Na fase da alfabetização, a criança precisa de oralidade. Ela fala e depois transfere para o papel. É preciso estimular essa espontaneidade, essa fala das crianças”. 

Já para o pequeno grupo que estava sendo atendido presencialmente em horários especiais na escola, ela pediu que desenhasse e, se soubesse, escrevesse os nomes dos animais. Desta forma, avaliou o que os alunos sabiam e aquilo em que tinham dificuldades. O resultado foi o trabalho “Alfabetização e Infância em Tempos de Pandemia”, apresentado em agosto no 5º Congresso Brasileiro de Alfabetização.

Em situação de vulnerabilidade, a maior parte dos alunos de Sonia tem acesso limitado à internet e, às vezes, eles só têm um celular por família. Durante mais de um ano de pandemia, os alunos recebiam um vídeo mensal. Os pais utilizavam a internet do trabalho para baixar o material e depois mostrar para as crianças em casa. 

interação

Em 2020, os contatos foram pessoalmente ainda antes do fechamento das escolas, mas este ano chegou uma lista de 23 nomes e ela fez contato com cada um dos responsáveis e alunos. Alguns estudantes tiveram que sair de casa em busca de wifi aberto para receber a vídeochamada.

Aos poucos o ensino presencial voltou a começar com uma vez por semana, agora é no esquema de revezamento e com turmas reduzidas. “Os professores, cada um de uma série, selecionaram os conteúdos que seriam prioritários, que seriam essenciais. Não vamos ter como dar conta de tudo. Estamos focando em leitura e escrita”, diz Sonia.

Para ela, há um paradoxo na situação atual dos estudantes. “Os alunos não perderam o ano, eles ganharam a vida. Se antes já tínhamos déficit de aprendizagem, agora também temos, ainda maior. Teremos que redobrar o trabalho para vencer isso”. 

(Com informações Agência Brasil)

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