Preço do trigo e do dólar fazem kg do pão francês chegar a R$ 23

Pão
Foto: Wanderson Lara

Produto varia 21,16% nas padarias pesquisadas em Campo Grande

O aumento do trigo e a oscilação do dólar têm feito com que o preço do pão francês fique “salgado” para o consumidor. O quilo já chega a R$ 22,90 em Campo Grande. 

De acordo com os dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), além da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o clima também foi desfavorável à produção. E, com a demanda firme pelo trigo, os preços aumentaram, o que repercutiu nos derivados vendidos. 

Conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 1,28% em 12 meses, a farinha de trigo foi o terceiro produto a aumentar em Campo Grande, com variação de 2,20%. E foram registradas retrações nos preços de apenas 0,31% no pão francês.

“Condições climáticas têm afetado há um bom tempo, mas do ano passado para cá, a guerra entre os maiores produtores mundiais, Rússia e Ucrânia. Mesmo com o aumento da produção por parte de alguns países, a demanda é constante e para maior, porque usamos trigo para alimentação humana e animal. No nosso caso, juntando custos de importação, em que o dólar está valorizado diante do real, e aumento no preço de água, energia, gás”, explica a economista do Dieese, Andreia Ferreira.

Ainda de acordo com a profissional, foi notado aumento do preço na região central e em bairros onde o poder aquisitivo é maior. Na região mais distante do Centro, os preços permanecem sem alterações significativas.

Preços

A reportagem do jornal O Estado esteve em seis padarias para saber quanto custa o quilo do pãozinho. Em uma padaria que fica localizada na Rua Sebastião Lima, o preço é de R$ 22,90. Na Avenida Mato Grosso, o preço do quilo estava R$ 19. Já na Rua Rui Barbosa, o preço foi encontrado no valor de R$ 20.

Na Avenida das Bandeiras, o valor está R$ 18,99. Em outra padaria, que fica na Rua Tietê, o quilo do pão francês foi encontrado no valor de R$ 22,90 e na Rua Afonso Acunzo, o valor é de R$ 18,90. Nestes casos, a variação entre o menor e o maior preço chegou a 21,16%.

Produção

O dono da padaria Trigou Pães, que fica localizada na Rua Maracaju, Luis Osipov, afirma que o aumento da farinha impacta no resultado final. “Neste ano tivemos de fazer um reajuste.” 

“O segredo sempre é precificar. Entender os gastos, suas despesas fixas e variáveis e, aplicar isso de forma coesa nos seus produtos através de cálculo de markup – termo usado em economia para indicar quanto, do preço, do produto está acima do seu custo de produção e distribuição. Evidente que nem todos os produtos terão o markup desejado, mas é importante entender que conseguimos equilibrar isso em outros produtos e garantir lucratividade”, explica Osipov. 

Mesmo trabalhando com o pão de fermentação natural e lenta, livre de aditivos químicos e feito artesanalmente, Luis conta que sentiu o preço da farinha pesar no bolso. “No ano passado pagava na farinha R$ 3,29; este ano comecei a pagar R$ 4,49. Tudo depende da precificação correta. Entender que às vezes diminuímos a margem de algo, mas conseguimos aumentar em outra, é um equilíbrio.”

“O pão em si é algo que conseguimos ter um markup considerável e uma lucratividade bacana, pois, mesmo com essa elevação de preço, conseguimos ter uma margem legal”, finaliza o empresário.

Por Marina Romualdo  – Jornal O Estado do MS.

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