Preço de carros usados sobe e vendas despencam na Capital

Foto: Valentin Manieri
Foto: Valentin Manieri

De acordo com uma pesquisa, em média os veículos de “segunda mão” tiveram alta de 13%

Os preços dos carros usados tiveram uma alta de 13,04% no primeiro semestre de 2021, segundo um estudo feito pela Kelley Blue Book Brasil (KBB), consultoria automotiva. O estudo considera os veículos que possuem entre quatro e dez anos de uso. No Capital em alguns modelos como caminhonetes a alta pode atingir 50%.

De acordo com o levantamento, um dos fatores que vêm elevando os preços desse tipo de veículo são os efeitos da pandemia do coronavírus na economia. No Brasil, em meados de abril do ano passado até mais recentemente, fábricas chegaram a ficar fechadas temporariamente em razão dos problemas no ritmo de produção.

Com o avanço da doença e a iminência de propagação da crise sanitária, em 2021 a produção em alguns momentos ficou paralisada em até 99%. Além disso, faltam peças ao redor do mundo e todo o processo de fabricação está mais lento que o normal. Esse atraso na fabricação dos modelos 0km acabou influenciado diretamente nos valores dos seminovos, ou dos veículos mais antigos.

Esse reflexo já chegou a Campo Grande, como afirmou o gerente comercial de uma concessionária de seminovos, Cesar Mazini. De acordo com ele, no início da pandemia o mercado já havia sentido uma leve queda nas vendas, porém, do fim de outubro do ano passado até agora, o impacto já pode ser calculado em até 50%, do que era comercializado antes da crise sanitária.

“A falta de veículos 0km na concessionária influenciou diretamente na procura dos usados e seminovos. Ou seja, essa alta demanda gerou falta de produto no mercado e alcançou os preços muito acima do que praticamos. Por exemplo, uma camionete, que vendíamos a R$ 130 mil, hoje não sai por menos de R$ 180 mil. É um aumento absurdo”, observou.

Além disso, ele falou sobre a dificuldade de se comprar veículos e repor o estoque. “O proprietário vislumbrou esse aumento e não aceita negociar e, consequentemente, não conseguimos comprar esse automóvel e vendermos para nossos clientes. Todos os dias é uma luta muito grande para nossos consultores, pois diversos clientes não querem ficar procurando um veículo, pois demanda
tempo e nos fazem uma encomenda, mas não está fácil cumpri-la. Contudo, hoje o veículo usado está valendo ‘ouro’ no mercado”, analisou.

Efeito pandemia

O estudo tem um apontamento que vai ao encontro da fala de Mazini. De acordo com o levantamento, o comportamento dos preços dos carros usados e seminovos neste semestre esteve em linha com o momento aquecido do setor.

O aumento na demanda tende a elevar o preço dos carros. Dados da Fenabrave mostram que entre janeiro e junho deste ano foram emplacados 5.451.498 automóveis e comerciais leves seminovos e usados, alta de 81% na comparação com 2020 e de 6,4%
sobre 2019, ano pré-pandemia.

Ainda conforme a KBB, dentro do grupo dos usados, foram os carros mais velhos que puxaram as altas de preços ao longo do semestre, acumulando variação de 15,01%, portanto, acima da média do segmento.

De qualquer maneira, todos os anos e modelos analisados, de 2011 a 2017, tiveram aumentos acima dos 10% no período.

Não há separação por modelo de carro, os dados são um acumulado de preços do banco de dados da consultoria, que possui tecnologia e algoritmo próprios para precificar e acompanhar os preços dos carros ao longo dos anos.

“Todos os dados são avaliados diariamente por uma análise da equipe para garantir a validação dos preços publicados no site de acordo com a realidade brasileira”, diz o estudo.

Texto: Flávio Veras

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