Polícia realiza novas diligências no caso que apura acusações contra o ex-prefeito

Foto: Valentim Manieri/ Jornal O Estado MS
Foto: Valentim Manieri/ Jornal O Estado MS

Marquinhos Trad segue sendo investigado por assédio e tinha fama de “assediador”

Por Rafaela Alves – Jornal O Estado MS

O inquérito policial que investiga supostos crimes cometidos pelo ex-prefeito, Marquinhos Trad, candidato ao governo do Estado, completa 30 dias nesta quinta- -feira (18). A delegada responsável pelo caso, Maira Pacheco, já solicitou prorrogação do prazo para mais 30 dias. Segundo ela, ainda há muitas diligências a serem feitas. “O inquérito policial ainda possui várias diligências, além delas estou aguardando a perícia também”, informou.

Neste período foram ouvidas 16 vítimas, inclusive, o site Metrópoles trouxe no dia 23 de julho uma matéria com trechos de uma conversa de WhastApp entre uma das denunciantes e o ex-prefeito, dos dias 11 e 12 de maio de 2020, e que inclusive faz parte da investigação da Polícia Civil, encabeçada pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), sobre os supostos episódios de assédio sexual que teriam sido cometidos por Trad.

Segundo as mensagens, eles, supostamente, teriam se encontrado na prefeitura. Na manhã do dia 12, a mulher comunicou a Marquinhos Trad que estava a caminho da prefeitura e questiona se o encontro ocorreria no 2º andar. Informação que foi confirmada pelo candidato ao governo do Estado. Duas horas depois, a denunciante inicia nova conversa na rede social indicando que teria aprovado o encontro, assim como Marquinhos.

Ainda conforme o Metrópoles, a mulher reforçou à polícia que manteve relação sexual consentida em um banheiro do gabinete do então prefeito. Ela procurou a Deam afirmando que, após o fim da relação extraconjugal, quando ela já estava casada com outro homem, Trad tentou beijá-la à força, em episódio que teria ocorrido em junho deste ano.

Inclusive, diante dos relatos das mulheres que denunciaram o ex-prefeito é que no último dia 9 de agosto foi realizada uma diligência na Prefeitura Municipal de Campo Grande. No local foi feito o reconhecimento dos possíveis espaços onde os crimes de assédio sexual supostamente eram cometidos, além do cumprimento de um mandado de busca e apreensão que culminou com o recolhimento de dois computadores, para perícia, que eram utilizados na recepção do gabinete, no Paço Municipal.

Proinc e suas suspeitas

O Proinc (Programa de Inclusão Social) também ganhou repercussão junto com o inquérito que investiga o ex-prefeito Marquinhos Trad por crimes contra a dignidade sexual, isso porque uma das denunciantes afirmou ter sido inserida no programa depois de ter procurado o ex-prefeito no ano passado, na tentativa de conseguir um emprego.

A lista com 2.856 nomes de pessoas supostamente contratadas pelo Proinc veio à tona recentemente. Diversos pontos levantam suspeitas, e um é o fato de a maioria dos beneficiários estarem contratados para o serviço de limpeza, pessoas registradas há dez anos, sendo que o benefício só pode ser cedido por até quatro anos, além de não estar detalhado a qual órgão municipal ou empresa os beneficiários prestariam os serviços.

O vereador André Luís (Rede) tenta obter a relação dos contemplados pelo programa desde o ano passado. Sem sucesso, com o ofício enviado por duas vezes à Funsat, o parlamentar entrou com pedido na Justiça de Mato Grosso do Sul e aguarda a liberação pública do documento para que possa fiscalizar se o programa realmente tem cumprido sua finalidade.

Servidores

O jornal O Estado conversou com servidores do município e, no anonimato, afirmam que era comum ouvir histórias de que Marquinhos Trad se relacionava com mulheres como prefeito. No entanto, no dia em que houve a diligência no Paço Municipal, uma jovem do Instituto Mirim chegou a revelar para a imprensa, sem se identificar, que tinha medo de levar documentos ao ex-chefe do Executivo municipal por saber da “fama de assediador”.

Possíveis crimes

Marquinhos Trad está sendo investigado pelos crimes de assédio sexual, estupro, tentativa de estupro, favorecimento à prostituição e importunação sexual. O ex-prefeito segue dizendo que é “vítima de uma ação orquestrada para atingir sua candidatura”, entretanto admitiu ao site Metrópoles que manteve relações extraconjugais, de forma consensual, fora da prefeitura.

Já em entrevista ao programa de rádio “A Hora da Verdade”, Marquinhos Trad, além de dizer que o inquérito que deveria ser sigiloso foi vazado, diz que as primeiras denunciantes eram garotas de programa e receberam dinheiro para fazer as falsas denúncias.

“Duas moças foram direto na sala do secretário da Sejusp [Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS]. Não quero desmerecê-las, atingi-las pelo meio de sobrevivência da vida delas. Mas elas foram usadas, fazem o meio de vida delas através do dinheiro, e através do dinheiro elas optaram por inventar essa história. Foi armação, uma delas já voltou atrás e falou certinho como foi cooptada, o Pix que recebeu. Mas essas coisas só vão vir à tona após as eleições”, alegou.

No último dia 11 de agosto, em uma outra entrevista, dessa vez à Morena FM, Marquinhos Trad voltou a ser questionado sobre a investigação e sobre a confissão dos dois casos extraconjugais. O ex-prefeito seguiu dizendo que é vítima de uma armação política e que, sobre a traição, o assunto foi resolvido com a família.

“Essa armação vai ficar comprovada. Essa mentira, essa falácia, esse jogo sujo vai macular a história de um homem que a população conhece. Eu admiti e reuni minha família para contar o que de fato aconteceu e isso não me impede de seguir, a vida pessoal eu resolvi dentro de casa”, garantiu.

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