O futebol perdeu o maior jogador de todos os tempos. O Brasil perdeu o maior ídolo de sua história. O mundo perdeu Pelé. O ex-jogador morreu aos 82 anos, após um período de internação no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Edson Arantes do Nascimento não resistiu a complicações de um câncer no cólon e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Ele deixa seis filhos. No boletim médico, o hospital Albert Einstein confirmou a morte às 14h27 (de MS) desta quinta-feira (29).
O velório de Pelé acontecerá na Vila Belmiro, estádio que foi sua casa durante 18 anos. Ele será enterrado no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, onde o Rei do futebol tinha um espaço reservado desde 2003.
O maior de todos
Maior artilheiro da seleção brasileira, com 95 gols, Pelé é considerado o maior jogador da história do futebol. Defendeu o Santos por quase 20 anos e, pela equipe nacional, conquistou três Copas do Mundo, em quatro participações.
Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações (MG), no dia 23 de outubro de 1940. No entanto, passou boa parte da adolescência em Bauru (SP). Foi lá que o futuro astro do futebol começou a jogar, influenciado pelo pai, Dondinho.
Em seguida, Pelé fixou residência em Santos, mas virou um autêntico cidadão do mundo graças do futebol. Primeiro, como jogador profissional. Depois da aposentadoria, em razão de compromissos como garoto-propaganda e embaixador do esporte. O ídolo do esporte deixa seis filhos, três de seu casamento com Rosemeri Cholbi (Kelly Cristina, Edinho e Jennifer), dois da união com Assíria Lemos (Celeste e Joshua), além de Flávia Christina, fruto de uma relação extraconjugal. Sandra Regina, filha que conseguiu o reconhecimento de paternidade de Pelé na justiça.
Fez Santos e seleção virarem gigantes ficou conhecido como o “Rei do Futebol” e o “Atleta do Século”. Pelé foi três vezes campeão do mundo com a seleção brasileira, a primeira delas com apenas 17 anos. Marcou dois gols na final de 1958 contra a Suécia. Quatro anos depois, já considerado o melhor jogador do planeta, chegou ao Mundial do Chile como o grande nome da seleção. Mas se machucou na primeira fase, e acabou vendo do banco seus companheiros conquistarem o bicampeonato.
Em 1970, na Copa do México, vestia a camisa 10 daquela que é considerada até hoje uma das maiores seleções. Depois do tricampeonato saiu carregado nos ombros de torcedores mexicanos. Ao longo da carreira, fez mais de 1200 gols, entre jogos do Santos, da seleção brasileira e do New York Cosmos (EUA). Pelo time paulista, aonde chegou aos 15 anos, foi duas vezes campeão da Libertadores e do Mundial, e seis vezes campeão brasileiro.
Gênio! Era considerado um atleta completo: chutava com as duas pernas, era forte, habilidoso, sabia cabecear, bater falta, tinha visão de jogo e raramente se machucava. Tinha um talento especial para cristalizar sua imagem em todos os cantos do planeta. É, de longe, a personalidade brasileira mais conhecida do mundo.
Embaixador do Brasil e a imagem do país lá fora
No que seriam os primórdios da globalização, do início das transmissões ao vivo e da explosão do Sul como ator político no planeta, Edson Arantes do Nascimento se transformou no maior embaixador do Brasil no mundo. Pelé ajudaria a forjar parte da identidade do país no exterior, confirmaria a ficção de um país da alegria, da arte e contribuiria de forma decisiva para a criação de uma imagem de uma nação simpática, sem inimigos.
Ainda que tudo isso fosse uma mera ilusão e não fosse a realidade de um país injusto, racista e autoritário, Pelé encarnou em seus dribles, conquistas e mágica o passaporte de reconhecimento internacional de uma nação que lutava para superar seu complexo de vira-lata. Com Pelé, éramos o melhor do mundo. E o mundo assim nos reconhecia. Em março de 1971, Robert Vergne escreveria no jornal francês L’Équipe: “Pelé se transformou num marco, talvez a quarta ou quinta pessoa mais famosa do mundo, superado apenas pelo Papa, Nixon, Mao e de Gaulle”.
Em seu auge, Pelé era solicitado a estar com chefes de estado, monarcas e alguns dos principais protagonistas da política internacional. Em 1968, foi a rainha Elizabeth quem iria ao estádio durante sua passagem pelo Brasil para conhecer o rei. “Eu já conhecia ele de nome e fiquei muito feliz”, disse naquele momento a monarca.
Consta a lenda que uma viagem dele para a África interrompeu uma guerra. Não foi exatamente assim que a história ocorreu. Mas a suspensão das hostilidades contribuiu para a mitologia sobre sua influência e poder.
Em 1969, a revista Jeune Afrique, Mahjoub Faouzi destacou como um símbolo para aqueles que sofreram pela cor de sua pele, comparando o papel do jogador ao, Muhammed Ali e Miriam Makeba.
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