Rivaldo Venâncio explica que pode haver uma epidemia do sorotipo, mas que levará um tempo
Para o infectologista Rivaldo Venâncio, da Fiocruz, o ressurgimento da dengue tipo 3, depois de mais de 15 anos, no Brasil, especificamente em dois Estados, Paraná e Roraima, não é motivo para alarde. Ele explica que levará um bom tempo, provavelmente, no ano que vem, para termos uma epidemia de tipo 3 no Brasil e no Mato Grosso do Sul, onde os dados apontam que os sorotipos circulantes são o 1 e 2. Inclusive, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) afirmou que não há nenhum caso em investigação no Estado, para o sorotipo 3.
“As pesquisas mostraram, ao longo das últimas décadas que, quando um sorotipo diferente chega em uma localidade, ele precisa de alguns meses, talvez mais de um ano, para que tenha um percentual muito grande de mosquitos infectados por esse sorotipo, a ponto de causar epidemia. Então, não existe preocupação, nem pânico imediato para as próximas semanas ou para os próximos meses”, assegura.
O médico enfatiza também que há quatro sorotipos da dengue e que a pessoa infectada por qualquer um deles fica protegida por toda a vida, ou seja, não há reinfecção pelo mesmo sorotipo. Então, a preocupação está com quem não teve dengue tipo 3 e com quem nasceu após 2007, ano que Campo Grande registrou epidemia do sorotipo, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública).
“Como já tem mais ou menos quinze anos que não temos epidemias de dengue causadas pelo sorotipo 3 no Brasil, significa dizer que já existe uma população e aí, portanto, estamos falando principalmente de crianças e adolescentes, que não tiveram contato com esse tipo do vírus”, disse Venâncio.
Em Mato Grosso do Sul, segundo a gerente de Doenças Endêmicas da SES (Secretaria de Estado de Mato Grosso do Sul), Jéssica Klener, no Estado, estão em circulação os sorotipos 1 e 2. “Faz muito tempo que não circula, em Mato Grosso do Sul, o sorotipo 3. Muitas pessoas não tiveram contanto com o vírus. Entretanto, os cuidados seguem os mesmos: continuem cuidando das casas, quintais e caso apresente os sintomas evite a automedicação, para não agravar a doença”, disse.
O presidente do Cosems/ MS (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul), José Lourenço Braga Liria Marin, assegurou que o assunto já foi discutido com os gestores, na reunião mensal. “Realmente, é uma enorme preocupação pois, como há mais de 15 anos não temos registro, um caso já é grave, a população não está imunizada para este sorotipo. Mas estamos em alerta, para qualquer caso suspeito enviar amostra para análise.”
Números
Conforme o boletim epidemiológico divulgado no último dia 16, Mato Grosso do Sul está com quase 42 mil casos prováveis da doença, ou seja, casos em investigação, casos confirmados e ignorados, mas que não englobam os descartados e 23,2 mil casos confirmados. Ainda segundo o documento, há 16 mortes em investigação e 22 confirmadas pela doença, sendo 16 do sorotipo 1.
Na Capital, conforme dados da Sesau, desde 2019 a circulação é dos sorotipos em 1, 2 e 4. Em 2019, foram 150 amostras positivas para o sorotipo 2, em 2020 foram 314 para 2, e uma positiva para os sorotipos 1 e 4. Já no ano retrasado, 2021, foram 18 amostras positivas para o tipo 2 e cinco para o tipo 1, enquanto que, no ano passado, foram 311 para o sorotipo 1 e neste ano, entre janeiro e abril, 113 para o sorotipo 1 e três para o sorotipo 2.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS.
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