Nesta quinta-feira (28), ocorreu a 4º audiência na 2ª Vara do Tribunal do Júri de instrução do caso Sophia, com a presença da testemunha de defesa que estava desaparecida. O caso envolve o padrasto da criança, Christian Campoçano Leithein, acusado de ser responsável pela morte da menina Sophia de 1 ano e 8 meses.
O juiz responsável pela ação penal, Aluízio Pereira dos Santos, havia determinado que a testemunha de defesa fosse localizada, uma vez que ela não havia atendido ligações e seu paradeiro era desconhecido. Esta não era a primeira vez que tal situação ocorria, pois na audiência anterior, realizada em maio deste ano, o mesmo problema se repetiu, quando o homem não pôde ser encontrado.
A esposa do homem justificou sua ausência nas audiências alegando que ele é caminhoneiro e frequentemente realiza viagens longas, ficando até 15 dias fora de casa. No entanto, a polícia conseguiu localizá-lo em seu local de trabalho. Isso adicionou um novo elemento ao caso, permitindo que a testemunha de defesa estivesse presente na audiência de instrução.
O pai
Segurando um ursinho roxo, simbolizando a filha, Jean Carlos Ocampo, pai da pequena Sophia, compartilhou seus sentimentos e expectativas durante a audiência dos dois acusados pelo homicídio de sua filha.
Em coletiva de imprensa, Jean reviveu o terrível dia da perda de Sophia Jesus Ocampus , enfatizando que, junto com sua família, estava presente na audiência para representar Sophia e buscar justiça pelo que aconteceu. Jean revelou que sua principal esperança era que a verdade prevalecesse. Ele destacou que, se os acusados fossem verdadeiros, eles deveriam assumir a responsabilidade pelo terrível ato que tirou a vida de uma criança inocente que não tinha como se defender.
Questionado sobre a possibilidade de os acusados confessarem, Jean expressou suas dúvidas, afirmando que até o momento, eles não haviam se pronunciado de forma alguma. Ele também mencionou que a versão apresentada pela mãe de Sophia não coincidia com as evidências e que o processo já não estava mais sob sigilo de justiça, sendo acessível a todos.
Igor da Andrade da Silva, marido de Jean, enfatizou o amor que a família compartilhava e como Sophia era amada por todos. Ele também esclareceu que Sophia não morreu em sua casa, apesar de serem frequentemente culpados pela tragédia. Ambos expressaram suas esperanças de que a justiça fosse feita durante a audiência. Eles reconheceram que nada poderia trazer Sophia de volta, mas esperavam que, pelo menos, a audiência pudesse fazer com que as pessoas ouvissem o choro de Sophia e reconhecessem as consequências do que aconteceu quando ela estava viva.
Situação atual do caso
A situação do caso envolve uma série de acusações graves contra os envolvidos. De acordo com a entrevista com Janice de Andrade, Assistente de Acusação, os acusados estão respondendo por homicídio e estupro perante o Tribunal do Júri, bem como por tortura na justiça especializada.
Uma das questões discutidas na entrevista foi a acusação de tortura. Foi esclarecido que a criança, Sophia, teria sofrido agressões reiteradas ao longo de mais de um ano. Houve registros de ocorrência perante a DPcA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) e denúncias ao Conselho Tutelar, ressaltando a gravidade e a duração das agressões. A negligência do Estado também foi destacada, resultando em uma tragédia lamentável.
Outro ponto abordado na entrevista foi a questão da autoria do estupro. A defesa dos acusados alegou que o estupro poderia ter sido cometido por outras pessoas que frequentavam a casa onde Sophia vivia. No entanto, a entrevistada enfatizou que o padrasto da criança era o principal cuidador, responsável por banhos e cuidados diários. Além disso, não havia evidências que apontassem para outra pessoa como autora do crime de estupro.
Outro destaque na entrevista foi a intervenção do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Foi mencionado que o celular do principal acusado não havia sido periciado, o que levou à necessidade de sua intervenção. A falta de competência do Estado para realizar esse tipo de perícia foi considerada inadmissível em um caso de tal magnitude. O Gaeco está investigando a fundo, incluindo a possibilidade de compartilhamento de material relacionado à criança em redes de pedofilia.
A audiência
Na audiência do caso Sophia, foram esclarecidos a presença da testemunha de Christian Campos Leithein, acusado de matar Sophia. Christian permaneceu calado durante toda audiência.
Caminhoneiro (Testemunha de Christian)
Este indivíduo é um dos envolvidos no caso, conhecido por manter um relacionamento com Christian Campos Leithein, que também está sendo acusado. Segundo o depoimento, ele conheceu Christian quando ambos eram muito jovens, por volta dos 7 ou 8 anos de idade, e até mesmo jogavam bola juntos com o filho de Christian. Posteriormente, eles mantiveram contato, mesmo após seus casamentos. O depoente mencionou que visitou a casa de Christian algumas vezes, inclusive quando Sophia ainda estava na barriga de Stephanie, grávida na época. Após o nascimento de Sophia, Christian apresentou a criança à família do caminhoneiro, e, de acordo com seu relato, Christian sempre tratou Sophia bem na frente deles.
Advogado de Defesa de Stephanie:
No depoimento do advogado de defesa de Stephanie de Jesus Da Silva, mãe de Sophia, o caminhoneiro alegou que nunca viu Sophia machucada durante os encontros com a criança. Embora tenha notado que Sophia brincava pouco com as filhas do caminhoneiro, ele afirmou que nunca percebeu sinais evidentes de machucados na criança. O caminhoneiro também notou que a mãe de Sophia parecia carecer de afeto e que a criança era geralmente tímida, enquanto os pais eram alegres. Foi alegado que Stephanie falará sobre o caso após a perícia dos celulares dos réus que será realizada, pois existe algumas informações que a imprensa não sabe.
O caminhoneiro afirmou que não havia visitado a casa de Stephanie e Cristian antes de ser informado sobre o que aconteceu com Sophia. Ele recebeu a notícia de que a criança havia sofrido uma convulsão e inicialmente não acreditou nessa informação. Ele supunha que tanto Stephanie quanto Christian moravam com a mãe de Cristian. No entanto, ao saber da gravidade da situação, ele ficou perplexo e surpreso.
O relacionamento entre o caminhoneiro e Christian também foi discutido, com o caminhoneiro revelando que Christian havia pedido sua ajuda para encontrar trabalho, mas ele não conseguiu indicá-lo para outra oportunidade de emprego. Stephanie, por sua vez, trabalhava em uma loja de bijuterias ou roupas por meio das redes sociais.
Sobre Drogas e Bebidas:
Durante os depoimentos, o caminhoneiro mencionou que sabia sobre o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos envolvidos, mas não tinha conhecimento do consumo de drogas. Ele enfatizou que, se soubesse sobre o uso de drogas, não teria deixado seus filhos com eles.
Stephanie e Christian Campos Leithein:
Ambos, Stephanie e Christian, optaram por permanecer em silêncio durante a audiência por orientação de suas defesas. Stephanie tem 24 anos, completando 25 anos na semana seguinte à audiência. Seu silêncio foi justificado pela necessidade de seguir a estratégia de defesa.
Sobre o que acontecerá após a audiência, a assistente explicou que as perícias realizadas, juntamente com os ofícios e as conclusões do caso. Em seguida, haverá a sentença de pronúncia ou impronúncia, e o caso avançará para a segunda fase do Tribunal do Júri.
O juri pediu alegações diretas e laudo da perícia dos aparelhos celulares, encaminhando para a finalização do caso, logo após será agendado a audiência.
Com informações de João Gabriel Vilalba