Reinaldo Azambuja assume papel político, após deixar o governo fazendo sucessor
O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB, traçou algumas metas dos tucanos para o Estado e em nível nacional. Azambuja deixa claro que a conquista da Prefeitura de Campo Grande é de suma importância para o partido, por se tratar de uma capital do país.
“Esse consenso já está tomado. O Beto Pereira é o pré-candidato, hoje, do PSDB, pleiteando a Prefeitura da Capital. Cabe a ele dialogar com todos os aliados e nós, também, vamos ajudar nisso, conversando com os partidos aliados, com simpatizantes. Campo Grande tem pedido um bom gestor, uma pessoa que dê conta de resolver os problemas que a cidade tem”, afirmou Azambuja, rompendo com a prefeita Adriane Lopes (PP), parceira das últimas eleições.
Azambuja afirmou, ao jornal O Estado, que participará diretamente das eleições Campo Grande, Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas e Corumbá. “É necessário um foco nessas cidades, para podermos discutir mais de perto, com o partido e com os aliados, qual o melhor encaminhamento de candidaturas. Temos, em Ponta Porã, uma candidatura à reeleição, o Eduardo Campos já é o candidato. Mas nós temos, por exemplo, Corumbá, Três Lagoas e Dourados, que, neste caso, mesmo o candidato Alan Guedes podendo ir à reeleição, temos o PSDB local com vontade de lançar uma candidatura própria”, garante.
Para Dourados, Azambuja descartou a preferência de apoiar a deputada estadual, Lia Nogueira. O partido conta com outros nomes interessados na disputa, como o deputado federal Geraldo Resende, o deputado estadual Zé Teixeira, e até mesmo a possibilidade de fazer alianças com o vice-governador Barbosinha (PP) e com o ex-deputado estadual Marçal Filho (PP).
“Quando você tem três, precisa escolher um e a escolha deve se dar pela potencialidade eleitoral. Quem tem melhores condições de disputar e o arco de aliança. Ainda sou da política que você tem que fazer alianças, de propósitos, de programa de governo e de lideranças políticas para disputa local”, defende. “O presidente de um partido não tem preferência, ele é o árbitro para as escolhas e elas devem ser feitas, medindo potencialidade, arco de alianças e a rejeição”, complementa.
Azambuja avaliou o governo Lula que, para ele, tem “tudo para dar certo”. Sobre o partido, o presidente do PSDB ressalta que o Estado tem boa participação, dentro do âmbito nacional.
O Estado: O senhor é o único governador de MS que conseguiu fazer sucessor. Acredita que se tornou o nome mais respeitado da política de MS?
Reinaldo Azambuja: Acredito que fazer sucessão foi uma conjuntura que envolve, primeiro, ter feito as transformações que foram importantes para o Estado, fazer as reformas previdenciária, administrativa e fiscal. Segundo ponto, a escolha de um bom candidato. Um candidato competitivo, uma pessoa que soube se comunicar com a população, com uma boa proposta e que acabou encantando o eleitor.
Acredito que o eleitor vote pelo seu sentimento e pela sua vontade. E aí acabou que, com essa conjuntura de um governo bem avaliado e um bom candidato, possibilitou a continuidade. Acho que essa foi a conjuntura que possibilitou e, talvez, os anteriores não tiveram essa percepção. Entre essa sintonia de fazer o mandato e ter uma boa aceitação e ter um bom candidato. Acho que a escolha do bom candidato, com boas propostas e bom programa de campanha foram o fator determinante para fazer o sucessor.
“Quando você tem Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã, estamos falando de 74% do eleitorado de MS. É necessário ter foco nessas cidades”
O Estado: O senhor, agora fora da Governadoria, tem pensado mais na política do que antes?
Reinaldo Azambuja: Não, bem menos. Acho que quando você está na Governadoria, você tem ali, além dos afazeres do dia a dia de gestão, a necessidade de tocar o Estado e suas necessidades. Mas quando você se afasta, aí eu me propus a cuidar um pouco mais de estar próximo da família, dos amigos e daquilo que gosto de fazer. Com o chamamento do Eduardo (Riedel), me pedindo para ajudar a organizar um pouco mais a pauta política, do PSDB, de partidos aliados, pessoas que podem estar disputando a eleição de 2024, acabei me aproximando um pouco mais, agora, nesse meio do ano, da política. E é por isso que fiz uma grande rodada de conversa com presidentes do partido, com pré- -candidatos praticamente nos 79 municípios do Estado.
O Estado: Estará envolvido diretamente nas eleições municipais de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá?
Reinaldo Azambuja: Também. Acho que quando você tem Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã, estamos falando de 74% do eleitorado de Mato Grosso do Sul. É necessário um foco nessas cidades, para podermos discutir com mais proximidade, com o partido e com os aliados, qual o melhor encaminhamento de candidaturas. Temos, em Ponta Porã, uma candidatura à reeleição, o Eduardo Campos já é o candidato. Mas nós temos, por exemplo, Corumbá, Três Lagoas e Dourados que, neste caso, mesmo o candidato Alan Guedes podendo ir à reeleição, temos o PSDB local com vontade de lançar uma candidatura própria.
Então, acho que agora esse período até as convenções, é de diálogo com as lideranças, com os partidos aliados e muito, também, de acompanhamento das pesquisas, porque a pesquisa norteia possibilidades. Não adianta ter um candidato que tenha uma boa aceitação, mas que tem uma grande rejeição. Hoje, precisamos analisar, qualitativamente, a potencialidade. O que estou fazendo agora é análise das pesquisas qualitativas, analisando potenciais candidatos e candidatas nesses 5 municípios, mas também com um olhar nos outros 74 municípios. Estamos olhando todos eles. O foco agora é pesquisas qualitativas nos 5 maiores.
As pesquisas ‘quali-quanti’ nos outros 74, para podermos ver quais lideranças que se destacam e aí, junto com os aliados, tentar montar palanques que possam ser ‘simpáticos’, vamos dizer, às alianças que tivemos na eleição de Eduardo Riedel. Ele teve 73 prefeitos apoiando sua candidatura, então, temos um compromisso com alguns municípios.
“Hoje, é possível fazer aliança com o PL, com o PT, com qualquer partido. Não existe mais vedação de buscar alianças para as eleições municipais.”
O Estado: Sobre a eleição de Campo Grande, a ideia de lançar o deputado federal Beto Pereira é para que não haja discussão de outros nomes ou há um consenso dentro do partido?
Reinaldo Azambuja: Esse consenso já está tomado. O Beto Pereira é o pré-candidato, hoje, do PSDB, pleiteando a Prefeitura da Capital. Cabe a ele dialogar com todos os aliados e nós também vamos ajudar nisso, conversando com os partidos aliados, com simpatizantes. Campo Grande tem pedido muito por um bom gestor, uma pessoa que dê conta de resolver os problemas que a cidade tem. O Beto tem esse perfil, é um bom gestor. Já foi provado e testado numa prefeitura pequena, mas uma prefeitura que é vizinha aqui, de Campo Grande, Terenos. Saiu talvez com um dos maiores níveis de aprovação, porque soube fazer a política local.
O Estado:Para o partido, por que é importante eleger Beto Pereira prefeito da Capital?
Reinaldo Azambuja: Toda Capital tem seu peso nas eleições. Campo Grande é o maior eleitorado do Estado, tendo 33% de eleitores. Claro que quando há um gestor administrando a Capital e que enfrenta os problemas, porque também não adianta ter um gestor mal avaliado. Um gestor bem avaliado é um grande cabo eleitoral para as eleições de 2026. Agora, a grande importância que vejo, na campanha, é resolver os problemas que a cidade tem. O gestor, como nós fizemos no governo, tem de enfrentar os problemas, as reformas que precisam ser feitas e hoje, Campo Grande gasta muito com pessoal. Isso é um problema, porque a máquina pública, se você gastar muito dentro do governo, você gasta pouco fora. E o que é fora são os investimentos e as melhorias, nós conseguimos mudar essa equação, no Governo do Estado.
Quando fizemos uma reforma administrativa, previdenciária e fiscal, elas possibilitaram que Mato Grosso do Sul diminuísse o gasto com pessoal e ampliasse os investimentos. Hoje, Mato Grosso do Sul tem o maior investimento per capita do Brasil e acho que isso também é possível de realizar, em Campo Grande. Se fizer as reformas estruturantes, que precisam ser feitas, a Capital retoma a capacidade de investir.
O Estado: Sobre aliança, o partido vai procurar o PT em Campo Grande e em Dourados?
Reinaldo Azambuja: Antigamente, havia vedações. Tinha resoluções da executiva nacional do PT e do PSDB, como aconteceu em 2014, que, na época, cogitou -se até de eu ser candidato a senador e aí tinha uma vedação. Acabei saindo candidato a governador e fui eleito contra o candidato do PT. Mas hoje não tem mais vedações, então pode ser feito. Agora, o que vai dizer isso é a circunstância política da véspera das convenções do ano que vem.
Hoje, é possível fazer aliança com o PL, com o PT, com qualquer partido. Não existe mais vedação de buscar as alianças para as eleições municipais. Isso é muito bom, porque também permite que as lideranças locais do partido possam se movimentar. Tem lugar que o PSDB e o PT têm aliança e aí há a tendência de caminhar juntos para as eleições municipais. Então, acho que isso facilitou muito e vamos buscar alianças, mas respeitamos o movimento de cada partido. A política tem a sua dinâmica própria, vamos ver com quais partidos, quais alianças que serão possíveis.
O Estado: Sobre Dourados, há três nomes querendo ser candidatos: Lia Nogueira, Geraldo Resende e Zé Teixeira. Fala-se que o senhor tem a preferência pela Lia, isso é verdade?
Reinaldo Azambuja: Respeitamos os três, são ótimos candidatos, até porque temos analisado o perfil de cada um. São bons candidatos, o Zé Teixeira, a Lia e o Geraldo, lideranças fortes em Dourados. Quando você tem três, precisa escolher um e a escolha deve se dar pela potencialidade eleitoral. Quem tem melhores condições de disputar e o arco de aliança. Ainda sou da política que tem que se fazer alianças, de propósitos, de programa de governo e de lideranças políticas para a disputa local. É ótimo o partido que tem três nomes com esse perfil, bons candidatos.
O presidente de um partido não tem preferência, ele é o árbitro para as escolhas e elas precisam ser feitas, medindo-se potencialidade, arco de alianças e a rejeição. Na prévia, quando eu tive que decidir pelo Eduardo Leite, porque o Dória tinha uma rejeição que impossibilitava ele ser candidato, isso ficou provado. Eu mesmo fui contra, falei: ‘se vamos autorizar uma prévia, São Paulo tem uma musculatura própria, é muito grande, mas não é inteligente deixar de fazer prévia, porque o Dória tem um potencial para ganhar as prévias, mas não vai ser candidato, porque a rejeição impede’. Quando chegou lá, perto das conversões, isso estava provado.
Então, em Dourados e nos outros municípios, nós vamos agir com inteligência, olhar pesquisas, potencialidade e mostrar, aos pretensos candidatos, qual a melhor chance. Não que isso, por si só, decida, pois pesquisa não decide eleição, mas é um norte. Principalmente, quando você lê pesquisa, analisando que rejeição grande é quase um impeditivo de vitória, isso já ficou provado.
O Estado: O senhor avalia como foram os oito primeiros meses de governo Riedel? Qual conselho o senhor daria para ele?
Reinaldo Azambuja: O Eduardo conversa muito comigo. A gente troca experiência. Recentemente, ele voltou dos Estados Unidos, ficou uma semana fazendo um curso de economia verde, que é importante, é o novo modelo mundial. O Eduardo tem uma vantagem: tem muita experiência, dialoga bem. Então, acho que é seguir com os projetos estruturantes que deixamos, por exemplo, a regionalização da saúde. As obras que deixamos, ele deu segmento em todas, não houve paralisação. São projetos estruturantes que não são feitos para o governo, são feitos para as pessoas e ele está dando sequência.
Se puder dar um conselho, seria: é importante fazer um governo e uma boa gestão, mas é importante também fazer política e o Eduardo aproximar um pouco mais da classe política, dialogar mais com os prefeitos, com os vereadores e os deputados, porque faz parte da dinâmica.
O Estado: E como o senhor avalia este início de governo Lula?
Reinaldo Azambuja: É um governo que está fazendo mudanças importantes. A reforma tributária é uma delas, pois muda o perfil tributário do Brasil. É algo importante, algo que muda muito as finanças dos Estados e dos municípios. Conseguiu aprovação na Câmara. Claro que agora tem a discussão no Senado. O Lula tem um perfil político de dialogar e faz isso bem. Vê quantos partidos, hoje, estão no arco de alianças com o governo e com grandes desafios. Um momento que o Lula tem é de um novo crescimento da economia mundial e isso acaba ajudando, porque quando a economia mundial cresce, as exportações brasileiras são impulsionadas, são dividendos que entram.
O Estado: Em nível nacional, qual deverá ser a influência de MS nas eleições de 2026, dentro do PSDB?
Reinaldo Azambuja: Nós temos, hoje, uma participação muito efetiva. O governador é um dos vice-presidentes. Fui convidado, recentemente, pelo Eduardo Leite, para compor a executiva nacional, para ajudar. Recentemente, teve um evento aqui, talvez um dos melhores do Brasil, que é o Diálogos Tucanos. É a oportunidade de dialogar com todos os Estados brasileiros, sobre política pública, o que há como prioridade. O PSDB precisa retomar o foco e isso ajuda.
Por – Alberto Gonçalves
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