Somente os aposentados ficam responsáveis por R$ 295,8 milhões
O novo valor do salário mínimo, que vai sair de R$ 1.212 para R$ 1.302, em 2023, deve movimentar R$ 464 milhões ao mês, em Mato Grosso do Sul. Por ano, a conta chega a R$ 5,5 bilhões.
Conforme levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico), com base na Pnad Contínua, no Estado, 129.174 pessoas recebem exatamente um salário mínimo. Além disso, somente de aposentados que recebem o mínimo, são 227,2 mil pessoas.
Se separar por categoria, somente os trabalhadores ativos vão movimentar na economia estadual R$ 168,1 milhões por mês, enquanto os aposentados ficam responsáveis por R$ 295,8 milhões.
A medida provisória nº 1.143, que aumenta o salário, entrará em vigor a 1º de janeiro de 2023. O acréscimo é de R$ 90, ficando em R$ 135,5 milhões a mais no ano.
Segundo o Ministério da Economia, a correção do valor do salário mínimo do ano que vem é em consideração a variação estimada de 5,81% para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) no período do mês de janeiro a dezembro de 2022, acrescida de um ganho real em torno de 1,5%.
Na visão da economista do Dieese, Andreia Ferreira, o valor ainda fica abaixo do esperado. “O valor continua abaixo do que deveria ser o pagamento e, possui os efeitos prejudiciais com o fim da política de valorização do salário feito no dia 1° de janeiro de 2019 por Bolsonaro”.
“Além disso, com o aumento do valor da cesta básica no mês de novembro em Campo Grande é de R$ 738,53, pouco mais de 60% deste novo salário sugerido no orçamento federal que é de R$ 1.302,00, no qual, o dinheiro ficaria comprometido para o atendimento destas despesas mais básicas, de alimentação”, afirma a economista.
No entanto, Andreia destaca também que “de todo modo qualquer acréscimo ao salário mínimo faz diferença para a vida dos trabalhadores que recebem o mínimo, assim como para as pessoas que recebem este valor a título de BPC (Benefício de Prestação Continuada) ou pensão, pois, boa parte deste dinheiro volta para a união, estados ou municípios como via impostos”, explica.
A aposentada Eclair Theotônio, de 68 anos, recebe aposentadoria há dois anos e ficou contente com o novo reajuste no salário mínimo, apesar de que segundo ela, ainda não é suficiente para uma vida tranquila financeiramente. “Todo o dinheiro é bem-vindo, então claro que vai me ajudar, mas, não dá pra ficar muito satisfeita. Está tudo tão caro que esse aumento acaba não sendo muito relevante no fim das contas”, destaca.
Outros anos
Em 2018, o salário mínimo estava em R$ 954; em 2019, passou para R$ 998; em 2020, 1.045; em 2021, R$ 1.100; e em 2022, R$ 1.212.
Lei Orçamentária
De acordo com a nota do Ministério da Economia, o ganho real do salário mínimo é concedido de forma fiscalmente responsável, pois, foi mantido o valor previsto no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2023. “O ganho real decorre do processo de desinflação dos índices de preços ao consumidor ocorrido no início do segundo semestre desse ano. A expectativa atual do INPC acumulado em 2022 é inferior ao previsto na Grade de Parâmetros em julho de 2022 (7,41%), que fundamentou o cálculo do salário mínimo no PLOA”, finaliza.
A economista ressalta que conforme a promessa de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o valor do salário mínimo pode ser alterado para R$ 1.320. “Precisamos aguardar para saber, afinal, qual será realmente o valor para o ano que vem. O importante é retomar a política bem sucedida de valorização do salário mínimo”, finaliza.
Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.
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