Comerciantes dos bairros afirmam que melhor período para esse tipo de venda é no fim do ano
Com a chegada das festividades de Carnaval, chega também a necessidade de se precaver contra a temida “ressaca”. Conhecida culturalmente como a festa onde as pessoas ultrapassam os limites do álcool, a reportagem do jornal O Estado foi para as ruas a fim de entender como isso impacta economicamente as farmácias da capital. No comparativo entre centro e bairro, a diferença é aparente, já que no centro os responsáveis pelos estabelecimentos afirmam que a movimentação mudou e que a procura está maior em determinados itens. Já no bairro, o cenário é diferente e os comerciantes pontuam estabilidade e movimentação padrão próprio do período do ano. No entanto, relembram que no fim de ano, é comum as pessoas também procurarem os itens que compõem o kit.
O gerente farmacêutico da Pague Menos, Renan William Reveró de Souza, 24, argumenta que o ponto de localização é essencial para que haja maior movimentação no comércio. Localizada na Avenida Mato Grosso com a Rua 25 de dezembro, a farmácia viu as vendas aumentarem pelo menos 10% com a chegada do Carnaval e proximidade geográfica dos blocos carnavalescos.
“Eu percebo que o fluxo de itens que geralmente são para ressaca e preservativos tem aumentado durante esse período, mas é por ser próximo aqui onde estão os bloquinhos. Com relação aos outros medicamentos – somente aqueles para dor [aumentou], que são justamente para curar a ressaca no outro dia. Os outros se mantêm estáveis neste período, até porque as pessoas viajam com uma certa frequência também”, pontua o gerente.
Na Pague Menos para adquirir o kit ressaca completo é preciso desembolsar apenas R$ 21,35. Na composição do pacote, é possível encontrar uma dipirona, um Engov, um Epocler e um sachê de Eno. Na venda unitária de cada item, a depender da necessidade, é possível que uma composição ainda mais barata, já que o Epocler é comercializado no local a R$ 3,90, o Eno R$ 4,54, o flaconete de Xantinon a R$ 3,39, a Doralgina R$ 7,86 – cartela com 10 comprimidos e a dipirona a R$ 6,29.
Na Farmácia Mais Popular curar a ressaca sai um pouco mais caro, com o kit sendo comercializado a R$ 24,65. Na listagem de itens que compõem o “cura ressaca”, está a cartela de Engov, a Doralgina – cartela com quatro comprimidos, o Xantinon, que auxilia na recuperação do fígado e dois sachês de sal de frutas. Como opcional, é possível adicionar por R$ 26 o bromoprida, o que aumenta o valor do kit para R$ 50,65. Já na Drogaria Freire, cotado, o kit sai apenas 0,35 centavos mais caro, contendo Hepatilon por R$ 1,67, Frutaxx a R$ 2,26, Dipirona a R$ 7,42 e o Engov a R$ 9,90, o que totaliza R$ 24,90.
Alerta a saúde – Paracetamol
A farmacêutica da Drogasil localizada na Avenida Afonso Pena, Maristela de Souza Lima, que também percebeu o aumento no fluxo, alerta para o risco da automedicação. Conforme explica, é um período em que as pessoas cometem excessos não somente em bebidas, como também em comidas. Por isso, certas misturas podem ser prejudiciais ao corpo, inclusive a de remédio e bebidas alcoólicas.
“O que a gente recomenda para essas pessoas que bebem muito, é que não ingiram medicamentos à base de paracetamol. O álcool vai ficar circulando por mais tempo no organismo, então pode haver uma intoxicação e a pessoa ficar muito mais tempo de ressaca e com dor de cabeça, porque o paracetamol vai ser metabolizado primeiro”, explica a farmacêutica.
Segundo Lima, outra atitude essencial é a ingestão de água. Para amenizar os danos da bebida alcoólica, a recomendação é ingerir muita água e dar uma pausa entre determinadas quantidades. “Ingerir bastante água entre as vezes que está tomando o álcool, fazer um intervalo e se hidratar, porque o álcool vai desidratar, ainda que pareça que você está indo várias vezes ao banheiro, ele desidrata o corpo. Então é melhor que entre algumas levas, por exemplo, cinco latinhas, você tome um litro de água mineral ou 500 ml de água”, indica.
A presidente do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia), Daniely Proença, alerta para o perigo dessa ingestão de medicamentos junto às bebidas alcoólicas e o risco da automedicação. “Normalmente as dores de cabeça, os enjoos e as tonturas, que são sintomas que estão diretamente relacionados à ressaca, podem levar a busca de um alívio rápido, sem que as pessoas se importem com os perigos a que estão expostos. A mistura de analgésico com álcool, por exemplo, a superdosagem de paracetamol, pode resultar em sangramento no estômago e a perda de coordenação motora”, destaca Proença.
Apuração nos bairros
A gerente farmacêutica da Ultra Popular, Nelma Pinto Aldavez, 45, explicou que no estabelecimento o movimento segue tranquilo e que não observou nenhum aumento. Embora não tenham o costume de montar o “kit ressaca”, os itens que o compõem são mais vendidos, na verdade, no fim de ano, conforme relata Aldavez. “[O pessoal] pode estar buscando outras alternativas ou controlando também, bebendo um pouco menos. Nessa época eu nunca senti muito aumento, acho que no Natal e no Ano novo o pessoal procura um pouco mais, buscam os protetores estomacais, esses para ajudar a desintoxicar o fígado”, relata a gerente.
A farmacêutica gestora da Droga 10, Mylena Sunshine de Souza, 23, argumenta que não percebeu diferença na movimentação. “A gente está sempre vendendo esse tipo de medicamento, porque as pessoas chegam aqui pedindo. Mas, na semana do Carnaval não teve tanta diferença não. A gente tem mais procura no final do ano do que agora”, revela a farmacêutica, que pontua que no estabelecimento, o Engov pode ser encontrado a R$ 8,74, a Doralgina a R$ 11 – 10 comprimidos, o Ressaliv a R$ 1,25 o flaconete e o Hepatilon a R$ 4 o flaconete.
Por Julisandy Ferreira.
Confira mais notícias na edição imvpressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram