‘Não abertura’ de municípios barra implementação do serviço de hemodiálise no interior do Estado

Divulgação HU
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Deputado federal e ex-secretário de Saúde relembra entraves registrados mesmo com a liberação de recursos 

 

O jornal O Estado divulgou, recentemente, as dificuldades vivenciadas por pacientes renais crônicos, que precisam realizar o tratamento de hemodiálise em Campo Grande, já que em Mato Grosso do Sul apenas nove municípios são contemplados com o serviço, que é utilizado para filtrar e limpar o sangue, fazendo o trabalho que o rim doente não consegue fazer. Com isso, além de todo o desgaste da doença e das sessões, que duram em torno de 4 horas, três vezes por semana, eles precisam se preocupar com o deslocamento. Situação que poderia ser evitada, segundo revelado pelo ex-secretário de Estado de Saúde, Dr. Geraldo Resende, em entrevista exclusiva.

Conforme já noticiado pelo jornal O Estado, de acordo com a SES (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul), o serviço de hemodiálise ocorre apenas em nove municípios, sendo Campo Grande, Coxim, Aquidauana, Costa Rica, Corumbá, Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas, Bataguassu e Paranaíba.

Esta situação poderia ser evitada, caso os impasses enfrentados pelo governo, para a implementação do serviço, em alguns municípios do Estado, fosse solucionada.

Segundo Resende, o Estado pretende auxiliar na instalação do serviço de hemodiálise, desde a gestão anterior, visando a regionalização da saúde, o que não foi possível devido à “não abertura” dos municípios, na época.

“Só precisamos avançar a hemodiálise de Mato Grosso do Sul em Naviraí e Jardim. Naviraí, para atender a região do Cone Sul e Jardim para atender a região sudoeste. Todos os esforços foram feitos durante a nossa gestão, para podermos avançar, de fato, consolidar e tornar o serviço de hemodiálise em MS uma referência nacional. Infelizmente, nós fomos barrados”, iniciou ele.

Conforme o ex-secretário de Saúde, a cidade de Naviraí teria o serviço inaugurado em 20 de dezembro 2019, no último ano da administração anterior. “A nova prefeitura de Naviraí assumiu então o compromisso de inaugurá-lo, em janeiro de 2020, mas, infelizmente, até hoje, isso não foi realizado. Todos os esforços da secretaria, durante a nossa passagem por lá, foram infrutíferos, mesmo a gente assumindo até a contrapartida dos recursos financeiros do município”, contou.

De acordo com Resende, a situação registrada em Naviraí já foi cobrada às autoridades. “Já cobramos esse serviço em nossa última visita nos municípios, cobramos os prefeitos da região, desde Mundo Novo, Eldorado, Itaquiraí, Iguatemi, Tacuru, Sete Quedas, para ver se eles se mobilizavam para, no sentido de cobrar da administração municipal, a instalação do serviço. Porque houve até um período em que já estava tudo pronto para inaugurar e aí

a prefeitura cancelou o processo licitatório, a empresa teve um prejuízo enorme, teve que remover o serviço de tratamento de água, que a gente chama de molas de reversas, e a compra de maquinários modernos necessários”, ressaltou.

Quanto ao município de Jardim, Geraldo Resende afirmou que a situação é semelhante. “A gente também trabalhou por Jardim. A bancada federal conseguiu recursos para montar o centro de hemodiálise e o Centro de Diagnóstico Médico, para atender às cidades da região sudoeste. É preciso que haja uma celeridade, nesse processo. Já foram feitas diversas ações para melhorar o hospital Marechal Rondon, que está com reforma atrasada há anos.”

Fotos: Valentin Manieri

O Governo do Estado também mirava levar outros serviços. “Também, seria implantado um centro de diagnóstico com tomografia, ressonância, raio X, para poder atender a região, que vai sofrer um impacto muito grande com os investimentos que estão acontecendo em Porto Murtinho e com a Rota Bioceânica”, disparou.

A gerente de Saúde de Naviraí, Mariana Cruz, informou que a empresa vencedora solicitou reequilíbrio de preço, antes mesmo de iniciar os serviços. Após análise jurídica, constatou-se a inviabilidade de conceder o pedido.

“A administração buscou, junto ao Governo do Estado, novas conversas para a implantação, sendo necessário realizar adequações estruturais no prédio onde serão instaladas os maquinários e novos estudos de viabilidade, levando em consideração que os serviços são de Alta Complexidade, bem como a quantidade de pacientes que seriam atendidos na época, para a quantidade atual, já que houve diminuição. Diante disso, a Administração, juntamente com o Governo do Estado, está buscando melhores soluções para a implantação dos serviços”, ressaltou.

 

RIEDEL CONFIRMA INVESTIMENTOS NA ÁREA

Na manhã de ontem (26), o governador Eduardo Riedel também confirmou, à reportagem, a tentativa de o Estado levar o tratamento para os municípios do interior. “É exatamente isso que está acontecendo. A regionalização da saúde prevê a implantação de núcleos de hemodiálise em Jardim, Nova Andradina, Naviraí, bem como em Aquidauana, aumentando os postos de trabalho e a Maracaju, que está com o projeto pronto. Esse trabalho está em andamento para que diminua o trânsito de pessoas com essa necessidade. É uma ação de extrema importância, pois é inviável que os pacientes,

nas condições limitadas que se encontram, transitem pelo Estado três vezes por semana. Estamos em franca expansão dessa rede de atendimento de hemodiálise. O Estado é parceiro dos municípios, aportando recursos para custear as despesas e o investimento nos equipamentos e na obra física. Isso está em andamento”, afirmou.

 

MELHORIAS NOS SERVIÇOS QUE JÁ EXISTEM EM MS

Conforme ainda o ex-secretário de Saúde, Geraldo Resende, além da implementação em novos municípios, a melhoria nos já existentes se torna fundamental. “Precisamos melhorar alguns serviços já existentes em outros municípios, como em Coxim.

Disponibilizamos recursos para a construção de leito de UTI lá e também a construção de um espaço mais adequado para terapia renal, substitutiva que é o a hemodiálise, chamamos de terapia renal substitutiva. Precisamos melhorar os serviços de Coxim, assim como os de Paranaíba, onde há uma participação muito expressiva, por parte do Estado.”

Por fim, Dr. Geraldo Resende relembra que, embora seja importante oferecer tratamento, é ainda mais relevante disponibilizar serviços e assistência médica para evitar que os pacientes precisem de hemodiálise. “Mais importante é a prevenção, para que as pessoas não cheguem à hemodiálise. Ou seja, o que é prevenção? É fazer um tratamento adequado do diabetes mellitus, da hipertensão arterial, que

leva à falência dos rins, algo que pode ser feito tendo uma atenção primária melhor nos municípios do Mato Grosso do Sul, os quais deveriam ser feitos nas UBs (Unidades Básicas de Saúde)”, finalizou.

 

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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