Na pandemia, índice de abandono escolar subiu 835%, na Capital

Foto: Reprodução/PMCG
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Motivos variam entre a falta de incentivo dos pais, gravidez na adolescência e bullying

De acordo com o Censo Escolar dos anos de 2020 e 2021, divulgados pela Semed (Secretaria Municipal de Educação), em um ano, o índice de alunos que abandonaram os estudos subiu 835%. Conforme o secretário municipal de Educação, Lucas Henrique Bitencourt, a pandemia contribuiu para essa realidade.

O censo mostrou que, em 2020, dos 73.836 alunos matriculados, 31 desistiram dos estudos, sendo 20 de 1º a 5º ano do ensino fundamental e 11 de 6º a 9º ano. O número é baixo, levando em consideração que, em 2021, no auge da pandemia de covid-19, a Reme (Rede Municipal de Ensino), contava com 74.873 matriculados, e o levantamento registrou um total de 290 desistentes, sendo 178 de 1º a 5º ano e 112 de 6º a 9º ano.

A Secretaria Municipal de Educação informou que o Censo Escolar de 2022 será divulgado em abril. Mas explicou a diferença entre abandono escolar e a evasão escolar, sabendo que, “abandono” significa a situação em que o aluno se desliga da escola, mas retorna no ano seguinte, enquanto na “evasão”, o aluno sai da escola e não volta mais para o sistema escolar.

Para o jornal O Estado, Lucas Bitencourt, secretário municipal de Educação, disse que a pandemia foi o fator primordial para o abandono. “Durante esse período, ficamos em aulas remotas e adotamos o estudo dirigido, como o apoio de apostilas, às quais os alunos deveriam retirar na unidade escolar e devolvê-las na data estipulada, pelas escolas. Ocorreu que muitos não conseguiram acompanhar as aulas on-line e nem o estudo dirigido, o que os levou a abandonar a escola.”

A Secretaria de Educação possui o Secoe (Setor de Acompanhamento de Conflitos e Evasão Escolar), que orienta as escolas quanto a alunos em situação de abandono. “A estratégia utilizada consiste no acompanhamento dos alunos pelo relatório de faltas, quando o aluno falta por dois dias consecutivos, a equipe pedagógica entra em contato com a família para averiguar o motivo. Esses contatos ocorrem com frequência e, no caso de a criança não retornar à escola, a unidade encaminha para o Conselho Tutelar”, explicou Lucas Bitencourt.

O jornal O Estado entrou em contato com o Conselho Tutelar, mas não teve retorno.

Fatores psicológicos

Para a psicóloga especialista em Terapia Cognitivo- -Comportamental, Isabela Romanini, alguns fatores provocam o abandono escolar. “Em qualquer idade, a falta de estímulo dos pais acaba distanciando o aluno da escola, ou seja, quando o ensino tradicional não é interessante para aquela criança ou adolescente, o resultado é o abandono”, explicou.

A especialista ainda ressaltou os impactos do não diagnóstico de transtornos psicológicos. “Não podemos desconsiderar alguns transtornos emocionais, neurológicos e psiquiátricos que podem influenciar, gerando dificuldades e até impossibilidades da frequência à escola”, disse.

Além disso, a psicoterapeuta Thais Marcela Lemos da Mota acrescentou também gravidez na adolescência e o bullying como fatores. “Temos um índice alto de meninas que engravidam na adolescência e a maioria delas não consegue retornar, e ainda temos o bullying, que afeta vários pontos psicológicos”, finalizou.

Por Tamires Santana – Jornal O Estado do MS.

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