A ampla vitória da chapa kirchnerista nas primárias argentinas para a eleição presidencial surpreendeu investidores e derrubou os índices de mercado na Argentina nesta segunda-feira (12). Segundo a prévia eleitoral, o atual presidente, o liberal Maurício Macri, poderia perder a votação já no primeiro turno.
O cenário, tido como irreversível por analistas, derrubou a Bolsa argentina que despencou 37,35% e o peso, que desvalorizou 17%, o que contaminou o mercado brasileiro.
No Brasil, o dólar teve alta de 1,110%, a R$ 3,9850, maior patamar desde maio. Durante o pregão, a moeda chegou a R$ 4,014. Já o Ibovespa, que no pior momento caiu 2,3%, recuou 2%, a 101.915 pontos.
Após a intervenção do banco central argentino, a moeda americana freou sua valorização. A autoridade vendeu US$ 105 milhões em três leilões no início da tarde e aumentou a taxa de juros em 10 pontos percentuais, para 74% ao ano.
É a primeira vez que o banco usa suas próprias reservas para conter a desvalorização do peso desde setembro de 2018. Leilões de dólares nos últimos meses foram realizados usando fundos do Tesouro.
Após um pico de 62 pesos por dólar, a moeda americana perdeu força e terminou cotada a 53 pesos, segundo a Bloomberg. Uma alta de 17% em relação a sexta (8). A Bolsa argentina não conseguiu amenizar a queda e recuou 37,93%, indo de 44 mil pontos para 28 mil pontos.
Na sexta (8), o índice teve alta de 8% com a expectativa de investidores de que as primárias mostrassem uma disputa mais equilibrada entre as chapas. A prévia, no entanto, indicou uma diferença de 15 pontos percentuais entre Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.
Com 88% das urnas apuradas Fernández liderava com 47,3% dos votos, uma vantagem de 15 pontos percentuais de Macri. “Kirchner adotou um modelo econômico que praticamente afundou a economia para a crise que ainda se encontra, nacionalizando empresas, manipulando dados oficiais e provocando repulsa aos investidores. O atual presidente Macri não foi capaz de trazer para a população o sentimento de poderia tirar o país dessa situação e o resultado disso veio nas eleições primárias. Diferente do que vimos no resto do mundo, onde o “shy voter” (eleitor envergonhado) elegeu governantes mais de direita (Trump nos EUA ou Bolsonaro no Brasil), na Argentina esse eleitor virou peronista”, diz relatório da Rico Investimentos.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e a crise econômica no país tem prejudicado as exportações brasileiras. Além da piora no vizinho ameaçar a balança comercial brasileira, investidores estrangeiros estendem a percepção de risco argentina para o Brasil, o que pode prejudicar o fluxo de capital do exterior. Acesse também: ‘Neymar me convenceu’, diz Sergio Ramos no PSG
(Com informações da Folhapress)