MS tem mil vagas ‘sobrando’ para caminhoneiros

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Foto: Álvaro Resende

Salário baixo e desvalorização explicam escassez de motoristas

Salário baixo, desvalorização de motoristas, preço do diesel e gastos nas estradas têm deixado Mato Grosso do Sul com déficit de caminhoneiros. 

Segundo o Setlog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul), atualmente, o setor está com mil vagas disponíveis. O essencial para atender à demanda e normalizar o mercado seria 5 mil caminhoneiros ativos. 

De acordo com o diretor de administração do sindicato, Dorival Oliveira, o custo para se habilitar está muito elevado, no Estado. “É complicado a empresa formar o motorista, pois, assim que isso acontece, outra empresa contrata por um salário um pouco maior e aquela que formou acaba ficando sem o profissional. Acredito que, para normalizar, será algo em torno de 5 mil profissionais”, destaca.

O presidente do Sindicam- -MS (Sindicato dos Caminhoneiros do Mato Grosso do Sul), Osni Belinatti, relata também que a alta de combustível está deixando os motoristas de “cabeça quente”.

“O salário dos motoristas é humilhante para quem depende de salário e para quem tem o próprio caminhão está difícil trabalhar nas estradas, hoje em dia. O cidadão que trabalha há muito tempo na área está desistindo e indo atuar em outras áreas”.

“O Governo do Estado e o governo federal não veem esse déficit na categoria e não incentivam os caminhoneiros. O plano do ‘Voucher Transportador’ para os companheiros trabalhadores, não inclui os autônomos, então, acaba não ajudando à categoria. Porém, os governantes estão esquecendo que quem faz o Brasil, ainda, são os caminhoneiros que pegam o produto na raça, como o alface, agrião, entre outros e leva para os grandes centros do país”, dispara Osni.

Desvalorização Na visão do caminhoneiro Carlos Padilha, de 53 anos, a categoria sempre foi desvalorizada. Ele conta que gasta, em média, R$ 5 mil em uma viagem de Campo Grande a São Paulo, por exemplo

“Por recebermos o salário mais baixo do que poderíamos estar ganhando, acabamos sendo desvalorizados. É uma situação difícil, pois, gasto, em média, R$ 5 mil em uma viagem de Campo Grande para o Estado de São Paulo e mais R$ 5 mil para retornar. Fora as refeições, que também tiramos do nosso bolso. Não é possível encontrar um café da manhã, almoço e janta por menos de R$ 35, nas rodovias”, lamenta. 

vias”, lamenta. Indagado sobre a possibilidade de mudar de área de atuação, Carlos ressalta que pensa, sim, se aparecer algo melhor, por conta da desvalorização. 

Já Paulo César Júnior, de 38 anos, que transporta alimentos, acredita que a desvalorização dos caminhoneiros é por conta da falta de união. “São muitas coisas envolvidas, além dos gastos e isso depende dos serviços. Às vezes, trabalho com diárias.mas, por exemplo, a diária é R$ 38. Então, falta a união do empregador com o caminhoneiro, de ver que, com esse dinheiro, não conseguimos nem tomar um café da manhã.”

O caminhoneiro Leonardo Victorio, de 31 anos, relata que gasta R$ 700 para encher o tanque e mais R$ 60 para conseguir almoçar e jantar “Durante as viagens, para encher o tanque com 200 litros, em média, gasto R$ 700. Fora o almoço e janta, que custam, em média, R$ 60 reais e isso depende da cidade onde estou. Então, todos esses empecilhos acabam nos desgastando e a distância da família atrapalha, também, porém, gosto do que faço e sei que, como motorista, tenho a minha missão”, finaliza Leonardo. 

Voucher Transportador O governador Eduardo Riedel sancionou a lei nº 6.055, que institui o Programa Estadual de Qualificação Profissional para Motoristas de Veículos de Carga e de Ônibus – 

“Voucher Transportador”

O governador Eduardo Riedel sancionou a lei nº 6.055, que institui o Programa Estadual de Qualificação Profissional para Motoristas de Veículos de Carga e de Ônibus – “Voucher Transportador”

Na prática, o Governo de Mato Grosso do Sul vai pagar todos os custos para a qualificação de motoristas que vão trabalhar com transporte de cargas e de passageiros.

A iniciativa beneficiará mil motoristas com qualificação e custeio da habilitação D, que permite conduzir ônibus, micro-ônibus e vans, e E, que os autoriza a conduzir todos os automóveis incluídos nos tipos de CNH B, C e D e veículos com unidades acopladas que excedam 6 mil quilos, como carretas e caminhões com reboques e semirreboques articulados.

O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, lembra que o “Voucher Transportador” é a primeira ação do MS Qualifica (Plano Estadual de Qualificação Profissional).

O atendimento prioritário será a beneficiários que garantam um alto grau de empregabilidade, considerandos aspectos como experiência, faixa etária e formação escolar; e pessoas desempregadas ou fora do mercado de trabalho.

 

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.

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