MS precisaria de mais de 5 mil agentes para realizar segurança nas escolas estaduais

Escolas
Foto: Nilson Figueiredo

Associação dos Praças da Polícia Militar pontua que, atualmente, o serviço seria inviável, no Estado

Um dos pedidos de pais e familiares de alunos para manter a segurança nas escolas seria o reforço de polícias ou as rondas ostensivas. No plano de segurança do governo do Estado, anunciado na última quarta- -feira (12), estão previstos o reforço da ronda policial, com viaturas e até helicópteros, ampliação do monitoramento com novas câmeras e “botão do pânico” nas unidades para casos de emergência. Contudo, o jornal O Estado levantou que, para que haja rondas presentes na entrada e saída de todas as escolas estaduais seria necessário, pelo menos, 5 mil policiais. 

Dados da secretaria estadual de Educação indicam que existem, atualmente, 348 escolas nos 79 municípios. O ideal seria que as rondas contassem com uma equipe composta por, no mínimo, três policiais. Ou seja, seriam necessários pelo menos, 1.044 agentes diariamente, para atender a todas as unidades, sem contar o sistema de escala de trabalho dos mesmos e nem mesmo as unidades particulares de ensino, que também deveriam ser incluídas. 

Em entrevista ao jornal O Estado, o atual presidente da Aspra/MS (Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul), cabo Cláudio Benites da Silva, informou que seria inviável ter as rondas e equipes em cada unidade escolar, pois conta com efetivo de aproximadamente 9 mil militares ativos. 

“Para assumir mais essa atribuição, dentre tantas outras que a PM já carrega, muitas delas nem sendo atribuição constitucional da PM, como a custódia e escolta de presos, o cumprimento de mandado de prisão ou de apreensão (apoio aos oficiais de Justiça) ou apoio às equipes do Samu (o Samu, quando a chamada envolve crime violento, não realiza o atendimento sem a presença da PM), seriam necessários muito mais do que 5 mil militares”, destacou. 

Contudo, ele explica que os trabalhos seguem sendo realizados de forma rotineira, nas escolas de Mato Grosso do Sul. “O trabalho de vigilância nas escolas têm sido realizado. Temos a ronda escolar, temos nossas equipes do policiamento comunitário, as equipes do Proerd. No entanto, colocar um policial militar em cada escola é algo inviável e, se for colocado em prática, sobrecarregará ainda mais o atual efetivo, já extremamente exigido”, pontuou.

Ainda ontem (13), o governo apresentou o funcionamento do Cosi (Centro de Operações de Segurança Integrado) que é responsável pelo trabalho de monitoramento em vídeo das unidades escolares da REE (Rede Estadual de Ensino). Ao jornal O Estado, o gerente-geral do Cosi, Vicente Lopes, detalhou como funciona a ação, caso uma escola acione o botão do pânico ou divergências sejam notadas, nas imagens monitoradas.

“Mostrando-se necessário uma equipe ir até uma unidade, nós a mandamos de imediato, para o local. Demora cerca de 5 a 10 minutos para obterem resposta e se deslocarem, até a unidade necessária. Em casos extremos, acionamos as forças policiais para conter a situação. Temos base de apoio nas sete regiões da Capital, o que facilita o trabalho, dando mais agilidade para atender a todas as escolas, em todos os bairros, o mais rápido possível. No interior do Estado, temos bases em Corumbá, Três Lagoas, Dourados e nas demais cidades está em processo de instalação”, explicou.

Situação bem diferente da identificada pela equipe de reportagem na quarta-feira (12), quando a equipe, mesmo visitando dez escolas públicas, não conseguiu localizar nenhuma viatura da Ronda Escolar ou da GCM (Guarda Civil Metropolitana), para auxiliar nas ações de controle e monitoramento. Enquanto isso, pais e familiares demostraram sua indignação devido ao medo e às ameças que estão se tornando cada vez mais frequentes. 

Vale relembrar que, em coletiva de imprensa, realizada na terça-feira (11), o governador do Estado, Eduardo Riedel, afirmou que não vê a necessidade de uma escolta armada nas escolas, diante do argumento que o novo plano de segurança deve englobar uma série de ações como resposta rápida aos recentes incidentes em unidades escolares, como centro de monitoramento eletrônico e patrulhamento. 

“Nenhum instrumento, nenhuma ação, vai substituir a participação dentro de casa. É claro que não temos o controle de tudo, mas queremos que as famílias estejam atentas neste momento, que possam conversar com seus filhos”, disse Riedel, ressaltando a importância de os pais estarem sempre atentos às crianças, principalmente em uma era tão tecnológica.

Indo contra o posicionamento adotado pelo governo, o deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) expôs sua opinião sobre o não armamento na segurança das unidades de ensino. “O governador Eduardo Riedel não quer colocar segurança armada nas escolas. Mas ele tem segurança armada para fazer sua escolta. Esse é o PSDB. Quanta hipocrisia. É como se fosse ‘armas para mim e botão de pânico para vocês’”, alegou, contra as medidas adotadas pelo governo.

Por Brenda Leitte e Tamires Santana – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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