“MS não pode ficar refém dessas ameaças, que causam pânico”, diz Governador

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Foto: Reprodução

Para desmistificar onda de violência, Estado prepara programação para o ‘Dia S’, de segurança

Ainda ontem, dia 19 de abril, as escolas já começaram a se preparar para o temido dia 20. Em Campo Grande, alunos de escolas estaduais foram dispensados mais cedo, para a preparação do “Dia S”, de segurança. A rede estadual deixou facultativa a liberação dos alunos, para que fossem planejadas ações para hoje (20), que têm o objetivo de ressignificar a data, usada como marco de violência, para um dia de tranquilidade e reflexões sobre a paz nas escolas.

Mesmo diante do cenário de medo e insegurança, o governador Eduardo Riedel destacou ontem (19), em entrevista, que não há motivos para pânico, nem motivos concretos para que a comunidade escolar sofra com essas ameaças. Uma vez que as medidas de segurança já estão sendo adotadas e a força policial está preparada. 

“O fato é que Mato Grosso do Sul não pode ficar refém dessas ameaças que causam pânico. As pessoas falam para colocar a polícia e o Exército nas ruas, para fazer a segurança das escolas. Essa função não compete a eles, mas ao Estado. Evidentemente, estamos adotando todas as medidas de segurança necessárias, assim como a central de monitoramento, que controla mais de 300 escolas e, no dia 20, haverá aula normal, com reforço policial e a Polícia Militar já está avisada”, pontuou.

Ao jornal O Estado, a SED informou sobre a programação especial em todas as escolas da rede estadual, chamada de “Dia S” (Segurança na Escola), que será aplicada durante o dia de hoje (20). A iniciativa conta com palestras reflexivas para os estudantes sobre segurança, cultura da paz e acesso seguro à internet. As palestras serão ministradas pelos professores.

Tendo aula como num dia normal, a secretaria ainda informou que os alunos que não forem, ficarão com falta. “Será um dia de ação conjunta, de reflexão sobre a escola. É importante frisar que a escola não vai estar aberta ao público, as palestras serão somente para os alunos, nas salas de aula”, detalhou.

A SED acrescentou que treinamentos têm sido realizados nos últimos dias, com os diretores das unidades de ensino, funcionários, e com a Polícia Militar, sobre a segurança no ambiente escolar.

De acordo com o titular da SED-MS (Secretaria de Estado de Ensino de Mato Grosso do Sul), Helio Daher, cada escola ficou responsável por definir o planejamento de sua unidade de ensino. As 200 escolas estaduais foram comunicadas de que os horários das aulas seriam facultativos, tendo em vista que o dia 20 de abril tem motivado boatos na internet, devido ao aniversário do massacre de Columbine, nos Estados Unidos, há 24 anos, quando aconteceu o primeiro grande atentado, dentro de escolas. 

Dentre as escolas que optaram por liberar os alunos mais cedo, estão as estaduais General Malan, localizada no bairro Amambaí, o centro estadual de educação profissional Hércules Maymone, no bairro Itanhangá Park, Professora Alice Nunes Zampiere, no bairro Vila Almeida. Os alunos receberam bilhetes que informavam sobre a dispensa antecipada, para que os pais ficassem cientes da situação.

Receio afasta alunos das salas de aula

Com medo do que vem circulando nas redes sociais, a manicure Mary Bitencourt, 50 anos, decidiu não mandar o filho adolescente para escola estadual onde estuda. “Ele chegou em casa com o bilhete, avisando que sairia mais cedo na quarta-feira, e então decidi não mandar ele. A gente fica com medo de tudo o que está acontecendo”, disparou ela. 

Também pensando no dia 20, Mary decidiu, em consenso com o filho, de 14 anos, que ele não iria para escola, nesta quinta-feira. “Neste dia 20 falaram que teriam ações de segurança na escola, por mim, ele já não iria e, conversando com ele, me disse também que não queria ir, porque está com medo. Decidimos emendar com o feriado e nos resguardar. Na segunda-feira, ele voltará para as aulas, e esperamos que seja um dia normal, assim como os demais”, contou, à reportagem. 

Com os filhos pequenos, a confeiteira Erika Guizzardi, 35 anos, ainda não havia decidido se mandaria os filhos gêmeos, de 6 anos, para a aula. No entanto, nem precisou tomar a decisão. Isso porque a escola particular em que as crianças estudam optou por não abrir os portões, na data. 

“Eu confesso que estava na dúvida, se mandava eles ou não. É um misto de sentimento, o medo deles irem, mas a preocupação de dar importância para algo que pode ser apenas para nos deixar receosos. Acabou que a escola mandou bilhete, informando os pais e responsáveis de que não teria aula. Ficamos mais aliviados, por não perderem aula e ficarem conosco, em casa”, contou ela. No bilhete que Erika recebeu da escola de seus filhos, a instituição afirma que a decisão de não ter aula, “está longe de dar voz ao medo, mas visa resguardar e respeitar os estudantes e profissionais de situações de ansiedade, considerando ser pouco propício ao ensino, aprendizagem e ao acolhimento”. 

Nas escolas municipais da Capital, apesar da insegurança de pais e alunos, as aulas estão mantidas, conforme noticiado pelo jornal O Estado, na edição de ontem (18). Segundo a Semed (Secretaria Municipal de Educação), “Educação, GCM e outros parceiros estão unidos, para garantir mais segurança nas escolas”.

Por Brenda Leitte  – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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