Movimento no Aeroporto de Campo Grande é quatro vezes menor

Entre março e maio, número de passageiros despencou 76,6%; pousos e decolagens recuaram 60,2%

A pandemia modificou o cenário do Aeroporto Internacional de Campo Grande. Segundo dados informados pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), na comparação dos resultados apontados nos últimos três meses, entre embarques e desembarques, o número de passageiros é -76,63% menor, com 288.064 viajantes a menos entre março e maio deste ano.

Além disso, nos últimos três meses, o total de voos, entre pousos e decolagens, registrados no terminal da Capital foi de 1.793, o que, se comparado com os 4.516 registrados no mesmo período do ano passado, resulta em 2.723 voos a menos (-60,29%).

De acordo com a Infraero, o número de passageiros registrados em março de 2019 foi de 133.650. Em março deste ano, caiu para 72.231. Diferença também foi observada na análise do mês de abril, pois, em 2019, o número de passageiros foi de 124.263 viajantes, e no mesmo mês deste ano, de apenas 6.913. Em maio, o terminal recebeu 117.958 passageiros em 2019, e apenas 8.663 este ano.

Com isso, o total de passageiros de março a maio de 2019 foi de 375.871. Em 2020, de apenas 87.807.

Seguindo a linha de retração, o número de aeronaves registradas entre pousos e decolagens no aeroporto da Capital também foi menor. Em março de 2019, o montante de aeronaves foi de 1.545, já no mesmo mês deste ano, foi de 1.051.

A discrepância foi ainda maior quando se tem em conta os 1.488 voos do mês de abril de 2019, diante dos 291 registrados em abril deste ano. Por fim, no mês de maio de 2019, o número de aeronaves que chegaram e partiram da cidade foi de 1.483, diferente dos 451 de maio deste ano.

Assim, entre 2019 e 2020, o Aeroporto de Campo Grande deixou de receber 2.723 aeronaves, queda de 60,29%.

Daiane Lima, 29 anos, atendente de agência de viagens localizada no interior do aeroporto, explicou que o cenário da cidade é similar com o encontrado em outros estados do país e pontua redução da frota total de voos.

“Trabalho aqui desde antes da pandemia e percebi que em março deste ano, mesmo com todas as informações que chegavam, o movimento ainda era bem melhor. Estamos falando de um aeroporto que anteriormente recebia voos 24 horas por dia e agora, com todos vivendo em uma incerteza, conseguimos contar os passageiros que passam por dia. E a tendência é de que a incerteza continue, pois não sabemos quando tudo voltará ao normal”, lamentou.

Em uma das portas do aeroporto estava Ander Lopes, 29, que trabalha na área rural de Campo Grande. Ele contou que o cenário encontrado após o retorno do Rio de Janeiro foi bem diferente daquele observado na ida.

“Saí de Campo Grande para visitar uns amigos no Rio de Janeiro antes da pandemia. Agora no retorno, tanto o aeroporto daqui, quanto o do Rio de Janeiro estão bem diferentes. Nunca tinha visto este lugar tão vazio”, afirmou.

Se aqueles que retornam para a Capital notam a pouca movimentação no aeroporto, quem deixa a cidade em busca de melhores condições em sua terra natal afirma que o cenário, junto com a saudade e o receio por deixar a “Cidade Morena”, torna o momento ainda mais difícil. Foi o que contou Isadora Rodrigues, 28.

“Deixo a cidade após perder o meu trabalho. Aqui passei dois anos e meio e confesso que partir está sendo difícil. Gosto muito daqui e me acostumei com a cidade, mas infelizmente o momento me faz retornar para Recife. O aeroporto tão vazio me assusta e me faz ter poucas expectativas sobre meu possível retorno, mesmo assim, tenho certeza de que se as coisas melhorarem voltarei para Campo Grande”, contou.

Em um dia, terminal da Capital opera apenas seis voos

Na página on-line de consultas da Infraero, constava previsto para ontem (18) um total de seis voos, sendo três de chegada e três de partida – todos oriundos ou com destino aos aeroportos de Guarulhos e Campinas, em São Paulo.

Do lado de fora do terminal, o taxista Edigar Coutinho, 39, que atua há 24 anos na área, detalhou que jamais viu o aeroporto com uma baixa movimentação similar. Com isso, ele que antes atendia uma média de 20 passageiros por dia, hoje comemora quando o número passa de dois ou três.

é as 18 horas e antes conseguia fazer uma média de 20 corridas, mas hoje, com tão poucos viajantes, eu precisei encontrar um segundo emprego, que é o de motorista de aplicativos. Em 24 anos de profissão eu nunca encontrei um cenário como este, tudo está vazio, nem os restaurantes conseguiram manter as suas portas abertas; é lamentável”, pontuou.

Em nota, a Infraero informou que desde o início da pandemia o Aeroporto de Campo Grande segue operando, sem interrupção na prestação do serviço aeroportuário, conforme as normas do setor. Toda a infraestrutura operacional para o andamento das operações militares da Ala 5 da Força Aérea Brasileira é mantida no aeroporto da Capital.

O terminal adotou todos os protocolos de higienização e segurança de passageiros, funcionários e intensificou a limpeza. Além disso, ao passageiro, a orientação é para, antes de se deslocar ao aeroporto, verificar diretamente com a companhia aérea se a programação do voo está mantida ou se foi alterada.

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(Texto: Michelly Perez/Publicado por João Fernandes)

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