Mesmo com sentença, apenas um dos assassinos de jovem em lava-jato está preso

julgamento lava jato
Thiago Giovanni Demarco Sena e William Enrique Larrea. Foto: Nilson Figueiredo

Sentenciados a 12 anos de prisão, em júri popular histórico com duração de 12 horas no ano passado, apenas um dos assassinos do jovem Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, morto em 2017 no lava jato onde trabalhava, está preso. William Enrique Larrea, 37, se apresentou ontem (27) na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol, acompanhado do advogado. Nesta quarta-feria (28) William foi recambiado para o Centro de Triagem do Sistema Prisional. Em nota, a polícia informou que segue aguardando o segundo acusado se apresentar.

O mandado de prisão contra William e Thiago Giovanni Demarco Sena, de 26 anos, segundo responsável pelo crime, foi expedido no dia 15 de fevereiro e como nenhum dos dois havia se apresentados as autoridades, eram considerados foragidos. Após o júri, em março de 2023, ambos havia saído pela porta da frente do fórum de Campo Grande, pois tinham direito de recorrer em liberdade.

O caso

Wesner foi vítima de, segundo os acusados, uma “brincadeira” do proprietário do lava jato e de um ajudante, que consistiu em introduzir o bico de uma mangueira de compressão de ar nas nádegas do adolescente. Ele passou mal, teve vômitos, inchaço na barriga, dor forte e foi levado ao hospital. Dias depois do ocorrido ele faleceu após perder parte do intestino.

Segundo o laudo médico, a causa da morte foi por hemorragia interna no esôfago, que teria rompido com a pressão gerada pelo aparelho de ar comprimido.

Julgamento

Durante o julgamento, em março de 2023, Thiago negou que tivesse tirado as roupas do adolescente, fato que constava na denúncia do Ministério Público. No depoimento, ele reafirmou que as “brincadeiras” entre funcionários erma constantes, e alegou que um dia antes do crime, Wesner teria feito o mesmo ato em direção a William.

William Enrique Larrea, durante julgamento em 2023. Foto: Nilson Figueiredo

O réu afirmou ter sido nesse momento que tudo começou. “Eu peguei a mangueira de compressão e apertei na direção do Wesner, mas por cima do short. Aí ele falou, ‘para, que tá doendo’, e vomitou”, lembrou. “Puxei a cadeira, ele sentou e dei água; ele levantou a blusa, a barriga dele estava inchada e o William falou ‘acho que entrou ar nele” ’. Depois disso, o adolescente teria vomitado novamente e começado a chorar, alegando que estava doendo muito.

Ainda segundo Thiago, a dupla teria levado a vítima para um posto de saúde, e após isso, foi buscar a mãe de Wesner. Ao chegar no hospital, Marisilva Moreira se revoltou e cobrou que Thiago fosse a delegacia.

Em sua versão dos fatos, William reiterou a fala de Thiago, dizendo que Wesner havia feito brincadeira semelhante contra ele.

Conforme o perito criminal Marco Antônio Araújo Mello, a pressão da mangueira correspondeu a 45 quilos. Mello ainda afirmou que, se Wesner estivesse vestido, o ar teria sido desviado pelas roupas. “O resultado final da força do ar que matou Wesner. A lesão resultou em deslocamento de ar em alta velocidade, causando um barotrauma”.

A dupla foi julgada por homicídio com dolo eventual, por causa do risco de morte, conforme denúncia do Ministério Público, considerando que os acusados sabiam da força gerada pela mangueira.

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