Mensalidades de escolas particulares podem subir acima da média nacional

escolas-mensalidades
Foto: Marcos Maluf

Levantamento aponta que em nível Brasil, reajuste deve ser na média de 9,2% 

Levantamento realizado pelo Grupo Rabbit, consultoria especializada em educação, com cerca de 800 escolas, do ensino infantil ao médio em todo o país, aponta que as mensalidades escolares devem subir em 2024, em média 9,2%, valor acima dos 4,53% previstos pelo Banco Central, para a inflação. Em Mato Grosso do Sul, o percentual pode ser ainda maior que o nacional. Segundo explicou o presidente do Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de MS), além disso, destaca que o reajuste não é obrigatório e que deve ser “segurado” em algumas unidades.

Dados do IBGE de 2020 mostram que os cursos regulares tiveram alta de 1,13%, com descontos aplicados na pandemia. Em 2021, a alta foi de 2,64%. No ano passado, o aumento foi de 7,48%. Ainda conforme informação da instituição, somente na Capital, em funcionamento, havia 185 escolas particulares, em 2022.

O presidente da Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares), professor Audie Andrade Salgueiro, explicou, em entrevista, que o reajuste é relativo, pode ou não acontecer, além disso, pode ultrapassar a média nacional.

“Não são todos que vão optar pelo reajuste. Tem escolas pequenas, micro, médias e grandes, é muito diferente os universos dessas escolas e cada uma delas tem a sua particularidade para fazer o reajuste de mensalidade, então, não existe um padrão. Por exemplo, tem escola que congelou a mensalidade, tem escola que não vai dar aumento porque as famílias estão endividadas. A questão econômica que o país atravessa é bem complicada e assim, se não houver uma conversa com as famílias, fica complicado para ambas as partes, a escola e a família. Então, às vezes existe um ajuste para poder ter a negociação. Já em contrapartida, existe outro universo, daquelas escolas grandes que os pais não estão com dificuldade, tem uma fidelidade com a escola, ou mesmo quem vai trocar de escola, não tem problema financeiro, investe no ensino, então, para ela, o reajuste não vai ser muito problemático, ela pagar a diferença. Então, tudo é muito relativo”, contou o professor.

Questionado por quais motivos as escolas fazem esses reajustes, o presidente do sindicado revela que é uma conta feita no escuro. Contudo, em âmbito nacional, entre os fatores que afetam as contas das escolas estão o reajuste salarial de professores, auxiliares de ensino, além do dissídio e da convenção coletiva dos profissionais de educação. E também investimentos em tecnologia e aluguel, taxas e impostos.

“Essa época, em que as escolas particulares lançam os períodos de matrícula, é bem difícil para elas poderem elaborar os preços, porque nós elaboramos o preço no escuro. Por exemplo, a questão que mais impacta nas contas mensais da escola é a folha de pagamento, só que a negociação salarial, o dissídio da categoria, acontece somente no mês de março. Além disso, os possíveis reajuste de água, luz, internet e material de limpeza reajustam praticamente todo mês. Então, a gente acaba por fazer uma média, porque se a gente não der um reajuste sem pensar nesses fatores, isso pode comprometer a saúde financeira e, assim que ela for comprometida, é perigoso por comprometer a relação ensino e aprendizagem. Mas, no geral, as escolas estão bem sensíveis a esse momento que a economia está atravessando. Estão fazendo de tudo para não perder aluno e, na medida do possível, fazer a devida captação também”, finaliza Audie Salgueiro.

O coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da FGV-Ibre, André Braz, diz que os reajustes costumam vir acima da inflação média e configuram aumento real para o consumidor.

“O índice vai orientar as correções nas escolas e configura um aumento real, seguindo o padrão dos últimos anos. Com muitas escolas enxugando custos e com salas mais vazias, o aluno que permanece acaba pagando pelo aluno que saiu, para que a escola possa manter sua qualidade de ensino. As instituições sofreram evasão grande na pandemia e isso tem que ser levado em conta.”

PorInez Nazira.

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *