Com início da Copa do Mundo, apoiadores destacam que atos acontecem contra os resultados das urnas
Completadas três semanas – exatos 23 três dias –, a manifestação em frente do CMO (Comando Militar do Oeste), em Campo Grande, ganha contornos de força e resistência. Nem o clima de Copa do Mundo os contagia: manifestantes disseram ao jornal O Estado não querer a ligação do ato com a torcida pela seleção. “Nós não queremos saber de Copa, não trouxemos nem TV, nosso objetivo é lutar a favor da democracia”, disse um participante que não quis se identificar.
O verde-amarelo sempre usado no dia dos jogos do Brasil vem sendo as cores usadas pelos manifestantes em uso de camisetas e bandeiras. O grupo permanece firme no local acampado, desde do dia 31 de outubro, e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) se sentem prejudicados com o resultado da eleição que elegeu Lula (PT) à Presidência. O movimento ganhou caráter de vigília e vem reunindo centenas de pessoas à noite. Não há líderes. É definido como ato espontâneo.
No CMO, uma manifestante, que é avó de dez netos, disse que não sente prazer em torcer para o Brasil após o resultado das eleições, mas segue protestando desde o primeiro dia na frente do quartel e que o seu objetivo é um futuro melhor para eles. Ela ainda acrescentou que o movimento maior na Avenida Duque de Caxias é no período da noite e aos fins de semana, tendo em vista que, durante a semana, a maioria das pessoas está cumprindo expediente.
Em comum, os manifestantes acampam para pedir “socorro”, questionar o resultado da eleição e intervenção federal, o que difere de intervenção militar. A intervenção federal possibilita a interferência federativa em um estado ou no Distrito Federal. Diferente da intervenção militar, que não é abordada pela Constituição, a federal está prevista no artigo 34 da CF, mas não pode ser usada para reverter ou anular o resultado de uma eleição democrática.
Conforme outro integrante que também foi orientado a não se identificar, o resultado das urnas foi enganoso. “Deveria ser realizada uma outra eleição e com o voto impresso, pois nós não confiamos nos resultados das urnas eletrônicas, mas o que nós não podemos permitir é que o Lula assuma”, protestou.
Justificativas
Na semana passada a Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), a pedido do ministro Alexandre de Moraes, entregou uma lista contendo sete nomes de organizadores e empresas que estariam financiando os atos em Mato Grosso do Sul. Ontem (21), também venceu o prazo do MPE (Ministério Público Estadual) para obter o relatório de Polícia Militar, Detran e Agetran em relação a irregularidades encontradas na manifestação no CMO. Nenhuma informação foi enviada.
Por Tamires Santana – Jornal O Estado de MS.
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