Cerca de 270.180 mil aposentados de Mato Grosso do Sul, 69,62% do total de beneficiários, recebem apenas um salário-mínimo por mês, já outros 8.367 mil vivem com menos de um salário. Na outra ponta da tabela previdência, um seleto grupo de apenas 15 pessoas recebem entre 10 e 20 salários-mínimos, segundo dados do Boletim Estatístico da Previdência Social, tabulados a partir de informações do Dataprev, empresa vinculada ao Ministério da Economia.
Os números, que revelam a extrema desigualdade entre um grupo e outro também evidenciam um problema que a geração que está entrando agora no mercado de trabalho precisa estar atento, o planejamento previdenciário. Para o presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB/MS, Marcos Castro, o acesso à informação ainda nos dias de hoje é precário.
“O segurado não sabe como se aposentar, algumas pessoas acham que é só você preencher um tempo de contribuição, ter idade mínima e ir ate o INSS pedir a sua aposentadoria. Infelizmente, as pessoas não trabalham com planejamento previdenciário. É totalmente possível você fazer esse planejamento. Justamente porque quando você faz um planejamento, você consegue indicar a idade ideal para o segurado se aposentar comum valor mais justo. Por que estamos falando em idade ideal e em um valor mais justo? Por que na atualidade nós temos 10 modalidades de aposentadorias voluntárias, mas o que acontece é que a maioria das pessoas não sabem como funcionam e quando você tem os conhecimentos sobre os mecanismos dessas aposentadorias você consegue fazer um planejamento para ver qual é o caminho mais viável, mais recomendado e o mais rentável para o segurado se aposentar. Por isso que falo que falta o acesso à informação”, explica.
Ele ressalta que, às vezes, alguns anos a mais de contribuição fazem toda a diferença para o calculo final do benefício. “As aposentadorias mais rápidas são as que, por sua vez, vão pagar menos. Então, por conta disso, da falta de informação, muitas pessoas aposentam errado, talvez poderiam ter optado por esperar mais um pouco, por fazer um planejamento e aposentar com um valor um pouco maior”.
Outro ponto que as pessoas precisam começar a considerar é a correção monetária dos benefícios, já que o percentual atual de reajuste é menor que o do salário-mínimo que o trabalhador recebe, ou seja, quem começa recebendo um salário-mínimo terá o benefício crescendo menos que o salário normal. “Assim como o mínimo, a aposentadoria todo ano sofre uma correção monetária. O salário-mínimo aumenta conforme o PIB e a inflação, enquanto o salário benefício, ou aposentadoria são corrigidos pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Por exemplo, quando o salário-mínimo sobe R$ 50, o salário benefício sobe R$ 30. Então, uma pessoa que recebe hoje dois salários, ano que vem ela já não vai receber dois salários, ela vai receber um salário e 80% porque o aumento do salário-mínimo foi maior então ele acaba ‘comendo’ a aposentadoria”, comenta. (Texto: Marcus Moura e Michelly Perez)