Cansados de ver suas lojas invadidas e depredadas, os comerciantes da Rua José Antônio, no Centro de Campo Grande, realizaram nesta sexta-feira (5) uma manifestação contra a crescente onda de furtos e depredações que atinge o comércio local. Eles cobram da Prefeitura e do Governo do Estado ações urgentes de segurança e afirmam que o abandono do centro da cidade tem agravado a situação.
Segundo os lojistas, todos os estabelecimentos já foram alvos e não conseguem contabilizar quantas vezes sofreram prejuízos. A mobilização, apoiada pela CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), foi marcada pela colocação de panos pretos nas lojas, em sinal de protesto contra o descaso com a região central.
O presidente da CDL-CG, Adelaido Vila, explicou que a iniciativa simboliza o descontentamento dos lojistas diante da insegurança que enfrentam diariamente. “Os varejistas estão lutando para sobreviver, mas não recebem atenção das autoridades. Já fizemos diversas reclamações e pedidos de reforço à segurança pública, mas não obtivemos nenhum tipo de apoio”, afirmou.
Adria Deiss Alves, organizadora do protesto e proprietária de uma loja de produtos infantis, relatou os inúmeros prejuízos que sofreu. “Em uma semana, tive toda a fiação elétrica da loja roubada duas vezes. Arrumei na segunda, mas na quinta-feira foi tudo levado novamente. Quando isso acontece, a Energisa demora um dia inteiro para religar a energia, e ficamos impossibilitados de trabalhar. No meu caso, estava realizando um feirão de produtos, precisava emitir notas fiscais e atender clientes, mas não consegui porque fiquei sem energia durante todo o dia”, contou.
Ela acrescentou que não consegue contabilizar quantas vezes a loja foi alvo e que a situação afeta toda a vizinhança, reforçando a união dos comerciantes para cobrar providências.
De acordo com Arnaldo Taira, proprietário de um restaurante de sushi na Rua José Antônio, o sentimento é de indignação diante da insegurança enfrentada diariamente, com situações recorrentes de invasão, depredação e furtos. “Nosso comércio já foi invadido várias vezes ao longo de 12 anos e meio. Só no terreno nos fundos foram três invasões. Tivemos que colocar grades, cercas e até comprar um cachorro para tentar coibir novas invasões, mas cada medida tem custo e, ainda assim, precisamos conviver com a insegurança”, relatou.
Alexandre Menezes, também comerciante da região, lembrou casos recentes em sua loja. “Você investe tempo e dinheiro para abrir um comércio e, de repente, encontra tudo depredado no dia seguinte. Parte do estoque some e o prejuízo é grande”, afirmou. Mesmo com sistema de segurança, a loja já sofreu diversas tentativas de furto. “Num domingo, vi uma pessoa roubando fios em cima de um poste. Liguei para a polícia, mas ninguém chegou. É frustrante e nos deixa sem alternativas”
Campo Grande institui Programa “Ronda Segura”
A Prefeitura de Campo Grande publicou, no Diário Oficial do Município desta sexta-feira (5), a Resolução Conjunta SEMADES (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável)/SESDES (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), que cria o Programa “Ronda Segura”. A iniciativa tem como objetivo intensificar e organizar as rondas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e demais forças de segurança, com foco na prevenção e redução de ocorrências que afetam a atividade empresarial no Centro da Capital.
Segundo o texto, novos territórios poderão ser incluídos no programa por meio de resolução da Sesdes. A execução das ações dependerá da disponibilidade de recursos humanos, materiais e financeiros da Administração Municipal.
Para auxiliar no planejamento das rondas, será criado um Cadastro Municipal de Empresários Participantes, no qual comerciantes poderão informar dados de identificação, localização dos estabelecimentos e pontos considerados mais vulneráveis. As informações terão uso restrito e seguirão a legislação de proteção de dados pessoais.
O “Ronda Segura” também será reconhecido como programa de atenção ao desenvolvimento local e poderá contar com o apoio do Programa Pró-Cooperação, regulamentado pelo Decreto n.º 15.912/2023. Esse apoio permitirá o fornecimento de materiais de consumo, insumos, reparos e manutenções necessários para fortalecer a estrutura e a logística das operações de segurança.
Por Geane Beserra e Inez Nazira
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