Com as fortes chuvas, tubulações de drenagem transbordam facilmente em diferentes bairros
Situação recorrente em alguns bairros de Campo Grande após as chuvas, as inundações e enxurradas são protagonistas do cenário atual, na cidade. Com quase 100 mm de chuvas registradas em alguns pontos da Capital nos últimos dias, muitas tubulações de esgoto transbordaram pelas ruas, o que é reflexo de ligações indevidas feitas na rede e apontadas como um dos principais fatores para o problema, segundo a concessionária do setor.
Ao jornal O Estado, a Águas Guariroba explicou que, com a chegada do período de chuva, as ligações irregulares de drenagem na rede de esgoto são um dos maiores desafios nas ações de manutenção realizadas pelas equipes. Isso se deve à sobrecarga do sistema de coleta de esgoto, devido ao alto volume de água de drenagem despejado incorretamente na rede. Com isso, os extravasamentos acabam ocorrendo, além de outros transtornos, como obstruções e até o retorno do esgoto para dentro das residências.
“Vários imóveis conectam de forma irregular a água da chuva na rede de esgoto, provocando problemas como estes. O sistema de esgotamento sanitário está preparado para receber apenas esgoto. Lançamento de lixo, óleo de cozinha usado e drenagem na tubulação de esgoto são os principais fatores que causam os extravasamentos”, pontuou a concessionária.
Um reflexo desse cenário está no aumento gradativo de reclamações e solicitações para desobstrução de rede de esgoto ao longo dos dias do período de chuva, como nas últimas semanas, onde foi registrada uma variação pluviométrica de 50 mm à 200 mm de chuva, de acordo com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul).
“A rede de esgoto é planejada para atender a uma demanda específica de volume de coleta. Quando uma ligação irregular de drenagem interfere nesse sistema, a operação fica comprometida. A rede de esgoto acaba recebendo um volume muito maior do que foi projetada, ocasionando extravasamentos e obstruções de rede. O período de chuva acaba potencializando a situação”, explicou o supervisor de serviços da Águas Guariroba, Maycon Rodrigues de Castro.
Conforme dados divulgados pelo meteorologista Natálio Abrão, referente às chuvas em Campo Grande – de domingo (26) à segunda-feira (27) – na Vila Santa Luzia e região do São Bento foram registrados 31,8 mm de chuva; Jardim Panamá 22,6 mm; Shopping Campo Grande e Carandá Bosque 09,6 mm; região do Guaicurus, Alves Pereira e Universitário atingiu quase 100 mm.
Diante das situações de alguns bairros, a Prefeitura de Campo Grande mobilizou equipes da Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos) e da Defesa Civil para levantamento dos danos provocados pela chuva, da noite de domingo (26). “O volume de água tem sido maior do que as regiões comportam, nossas equipes estiveram a postos, observando e pontuando os possíveis estragos. Percorremos os pontos mais críticos para avaliação e tomada de decisão e solução do problema”, descreveu a chefe do executivo municipal, Adriane Lopes, para o jornal O Estado.
Ilha do Sol fica submersa, em Fátima do Sul
Os estragos provocados pelo clima também estão sendo percebidos no interior do Estado, conforme já noticiado pelo jornal O Estado. A Ilha do Sol, um dos pontos turísticos de Fátima do Sul, está submersa com a cheia do rio Dourados, que transborda e atinge até as vias próximas. Segundo o site Fatima News, o município pode ter alagamentos em volta do leito do rio Dourados, algo similar ao que aconteceu em 2015.
Cratera já era prevista por moradores
Conforme noticiado na edição anterior do jornal O Estado, a chuva provocou enxurradas em diversos bairros da Capital, na noite do último domingo (26). Contudo, o que chamou a atenção foi uma ponte que cedeu, enquanto uma família passava pelo local, com uma caminhonete S-10.
Localizada na rua Rivaldi Albert, no Alves Pereira, moradores da região já haviam anunciado que o estrago poderia ocorrer. Segundo a presidente da associação de moradores do Jd. Botafogo, Roselândia, Morenão e Vicentino, Jucilene Silva, há alguns meses ela já havia solicitado manutenção do local, que apresentava perigo para a população.
“Meses atrás, eu fiz uma solicitação por meio da reunião do Conselho Regional Anhanduizinho, para a ponte da rua Rivaldir Albert, que liga a avenida Guaicurus, no Jardim Morenão, mas nada foi feito a tempo. Infelizmente, ela cedeu com a forte chuva. Continuo pedindo para as autoridades responsáveis que tomem as devidas providências, representando os moradores”, ressaltou à reportagem.
Procurada, a Sisep informou que na manhã de ontem (27), equipes estiveram no local para avaliar os estragos e a expectativa é que os trabalhos durem 15 dias.
“A prefeita e o secretário estiveram no local, junto à equipe técnica, para avaliação do estrago na ponte. O reparo vai ser feito pela própria prefeitura. A Sisep já está tratando da aquisição do material necessário. Adquirido o material, inicia-se prontamente o serviço, que deve durar cerca de 15 dias. A via permanece interditada até a execução do serviço.”
Apesar da interdição do local, motociclistas “ignoram” o buraco e atravessam a ponte. Relatos de moradores descreveram à reportagem que motociclistas e pedestres sobem na calçada e atravessam o buraco que ocupa toda a largura da via. “Só não passam de carro porque não dá, se não passariam também. Precisamos urgente de obras”, pediram os moradores.
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS
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