Valor firmado estaria defasado diante da necessidade para terminar a obra
Depois de definir março de 2022 como a data limite para a entrega do Aquário do Pantanal, nos altos da Afonso Pena, região leste da Campo Grande, o governo do Estado vai iniciar uma briga de bastidores para tentar mudar termos do contrato ou até formular um novo acordo com o grupo Cataratas do Iguaçu, empresa que venceu licitação para administrar o local.
Segundo o Jornal O Estado apurou, setores da gestão Reinaldo Azambuja (PSDB) acham que o valor firmado pelo governo antecessor de André Puccinelli (MDB) está defasado diante do aporte de dinheiro necessário para a conclusão da polêmica obra, conhecida por ser dos ‘elefantes brancos’ da Capital.
O acordo com a Cataratas foi firmado em dezembro de 2014 e prevê o direito de exploração do Aquário pela empresa por 25 anos a cerca de R$ 145 milhões. O grupo é conhecido por administrar conhecidos pontos turísticos, principalmente cariocas, como o Pão de Açúcar e o aquário do Rio de Janeiro, inaugurado em 2016.
“O contrato como estava não ficará, porque houveram mudanças de parte a parte. Então teremos que buscar ajuste contratual, que é permitido por lei, e feito isso tentaremos chegar a uma definição ainda no mês de outubro, admitiu o secretário de Estado da Infraestrutura, Eduardo Riedel.
A gestão Azambuja iniciou as tratativas com a Cataratas na última segunda-feira (26), durante a visita técnica aberta a jornalistas e autoridades. Representantes do grupo estiveram em Campo Grande e fizeram reuniões para tratar do assunto, sem se chegar a um consenso.
“Ainda nessa primeira quinzena de outubro teremos uma reunião técnica com a Cataratas para discutir esse modelo contratual e de operação dada a nova realidade que temos hoje”, disse Riedel.
Azambuja também disse que existe a possibilidade de se romper o acordo com a Cataratas pelos problemas gerados pela obra e seus atrasos. “A própria empresa ainda está definindo se irá continuar a operação”, disse.
Procurada, a Cataratas não respondeu O Estado até a conclusão desta edição.
Até mesmo, pontos burocráticos, como preço de ingresso e valores a serem pagas para serviços terceirizados, devem ser discutidos.
A relação entre Cataratas e gestão Azambuja sempre apresentou momentos de tensão. O maior deles foi no início de 2017, quando o governo procurou a empresa pedindo ajuda financeira para concluir a obra, o que foi negado na ocasião.
O Aquário do Pantanal tem objetivo de ser um centro de referência em pesquisas e, para isso, o empreendimento terá museu interativo, biblioteca, auditório com capacidade para 250 pessoas, sala de exposição e laboratórios de pesquisa para estudantes, cientistas e pesquisadores.
A intervenção vem sendo executada há quase dez anos e já consumiu quase o triplo do orçamento previsto, de R$ 84,8 milhões.
O Aquário do Pantanal terá aproximadamente 19 mil m² de área construída, com 33 tanques, sendo 23 internos e 8 externos, 1 de abastecimento e 1 tanque de descarte de efluentes.
(Texto de Rafael Ribeiro e Clayton Neves)