Governo ignora promessa de campanha e segue descontando 14% dos salários dos aposentados

Foto: Grupo confirma presença
na primeira sessão da
Alems e convida todas
as categorias para o
movimento/Nilson Figueiredo
Foto: Grupo confirma presença na primeira sessão da Alems e convida todas as categorias para o movimento/Nilson Figueiredo

Grupo confirma presença na primeira sessão da Alems e convida todas as categorias para o movimento

Esse ano será o segundo de manifestações contra os 14% descontados da folha de pagamento dos servidores públicos do Governo do Estado aposentados, que são destinados ao fundo da Ageprev (Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul) e acumula um déficit de R$11,5 bilhões. Com adesão de 600 pessoas, o grupo cobra da gestão Eduardo Riedel (PSDB) a inexistência dessa cobrança, ativa desde 2020, e que, durante a campanha eleitoral, ele se comprometeu a retirar.

Para os aposentados, é quase ingratidão a retirada de valores dos seus pagamentos, conquistados após anos de serviços prestados ao Estado. Muitos deles atuaram antes mesmo da divisão de 1977, quando ainda era Mato Grosso.

“O que mais nos revolta é que os trabalhadores deste Estado, que contribuíram por trinta ou quarenta anos, alguns mais ainda, de repente se vêem na condição de salvar o Estado. Nós fomos alçados a salvadores da pátria para resolver o problema de um governo que se diz competente. Quem conseguiu, ao longo de anos, construir esse Estado agora se vê na condição de salvar o Estado, deixando de lado nossas famílias e bem-estar. Somos uma força de trabalho descartada!”, diz o ex-servidor do Poder Judiciário, Dionísio Avalhaes, 64 anos.

É importante lembrar que a projeto de Lei da Reforma da Previdência dos servidores estaduais foi aprovado por 16 votos favoráveis e 7 votos contrários, em apenas dez dias de tramitação na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), e foi sancionada pelo governador da época, Reinaldo Azambuja (PSDB).

Azambuja apresentou a proposta ainda em 2017, com a finalidade de “buscar o equilíbrio e a garantia de que possa ser honrado mensalmente o pagamento da folha dos inativos e fique assegurada a equivalência entre as receitas auferidas e as obrigações do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS)”, conforme publicação no site da Alems, de 31 de outubro daquele ano.

O impacto foi sentido pelos servidores inativos com salários menores, que dependem dos pagamentos para subsistência. “Essa situação dos aposentados faz com eles busquem um emprego para complementar a renda sem condições de saúde. Além disso, também impede que pessoas, que querem ingressar no mercado de trabalho, entrem e tornem a Previdência saudável”, destaca a ex-servidora da Educação em Corumbá, Maria Inêz Alves, de 57 anos.

As manifestações, que já conquistou apoio do Sindicato dos Policiais Penais, civis e militares, pede que o desconto da Ageprev seja exigido apenas aos aposentados que recebem mais de R$7 mil por mês, que é o mesmo teto imposto pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

“A nossa proposta é a isenção de acordo com o INSS. Nós brigamos por aqueles que estão ganhando menos, pois são eles que precisam morar com familiares, estão ficando doentes e não têm dinheiro para comprar um passe de ônibus. Até o Imposto de Renda é flexível, tendo isenção para pacientes com doenças crônicas, como câncer, mas a Ageprev não”, pontuou Ione Rojas, 59, que foi servidora do Tribunal de Justiça. 

Foto: Ione (a direita) explica que a proposta do grupo é de isenção de acordo com o INSS/Nilson Figueiredo

Outra situação muito questionada pelos aposentados é o desconto dos servidores comissionados e os benefícios concedidos a eles enquanto estão na ativa. “Hoje são dois mil e novecentos cargos comissionados que pagam o INSS, ou seja, é um dinheiro que não entra na nossa Previdência. O governo atual prometeu pagar R$300 aos administrativos com até três salários, ajudou outras tantas categorias, e os aposentados não recebem nada disso”, diz Auxiliadora Darc Barbosa, de 67 anos, que foi servidora da Saúde.

Auxiliadora continua dizendo que “todos nós entramos logo após a divisão e alguns até antes da divisão, criamos o Estado do Mato Grosso do Sul. Ajudamos a aprovar projetos, leis e crescer junto com o Estado. Só que agora somos peso morto”.

Com as negativas da gestão atual, o grupo promete estar presente na abertura dos trabalhos da Alems, no dia 2 de fevereiro e garante que estão sendo procurados por outras categorias de trabalhadores.

“As outras categorias começaram a enxergar o nosso movimento, pois mais da metade dos sindicatos são sustentados por seus aposentados. Um dia todo trabalhador será aposentado e essa situação os preocupa. Queremos avisar que esse ano todos nós estamos juntos e vamos fazer barulho, de forma organizada e ordeira, porque tem pessoas passando fome”, concluiu Ione. 

Além dos servidores aposentados citados, participaram da entrevista ao jornal O Estado MS a Soely de Souza, de 65 anos e que trabalhou para Saúde; Ari Ferreira, 71 anos e ex-servidor do Hemosul e o oficial de justiça Luiz Carlos Rocha, de 76. 

Por Kamila Alcântara 

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