Argentina suspende exportações de carne bovina e abre espaço para MS

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Decisão visa reduzir preços da carne, que subiram mais de 40%

O governo argentino decidiu proibir as exportações de carne durante um mês, em uma tentativa de conter a inflação que, no acumulado de 12 meses, já chega a 47,2%. Com isso quem deve ganhar é o mercado brasileiro de carnes, e mais especificamente Mato Grosso do Sul. Isso deve ocorrer porque a China é um dos principais destinos da carne argentina, assim como do Brasil. Com a Argentina fora do jogo entra a carne brasileira.

“Queremos garantir que o produto seja acessível ao consumidor argentino e combater práticas especulativas no setor da exportação”, afirmou o ministro de Desenvolvimento do país, Matías Kulfas.

O país asiático é, ainda, o principal comprador do produto sul-mato-grossense e aumentou em 132,75% o volume adquirido nos primeiros quatro meses do ano, se comparado ao mesmo período do ano passado. No total as exportações de carne bovina in natura geraram faturamento de US$ 226,9 milhões ao Estado nos quatro primeiros meses do ano.

Com o bloqueio, o Brasil e seus principais exportadores, como Mato Grosso do Sul, podem expandir as vendas e abrir novos mercados, segundo o analista de comércio exterior, Aldo Barrigosse.

“O Brasil e o Estado são beneficiados porque começam a suprir a falta do produto, o que reflete no campo. Nós vamos ter que produzir animais de melhor qualidade, investir mais em tecnologias e genética, os frigoríficos vão precisar comprar mais gado para abastecer novos mercados e quanto mais o Brasil
investir nisso, maior chance de ganhar novos mercados”, explica o analista.

Além da China, Chile, Israel e Alemanha também compõem a lista de principais destinos da proteína, segundo a Câmara de Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina. O país também tem grande participação na Cota Hilton, que estabelece um volume-limite de exportação de cortes com alto padrão de qualidade para a União Europeia.

Menor volume no mercado doméstico

Barrigosse salienta ainda que, com o possível aumento das vendas de carne bovina brasileira ao exterior, a quantidade de produto disponível no mercado interno pode se tornar ainda menor. “Esse direcionamento da carne ao mercado internacional fará com que haja uma redução da oferta da proteína no doméstico”, afirma.

Ele lembra ainda que o reflexo no campo será mais dinheiro no bolso do pecuarista. “É mais oportunidades de exportar. Isso leva aos produtores de carne a fazerem mais investimento na produção e reporem o bezerro. O preço do bezerro pode aumentar, assim como confinamentos. No entanto vale lembrar que é precisao acelerar porque por enquanto a medida será por 30 dias”, destacou.

Ao todo, o Brasil exporta, em média, de 15% a 20% da produção total da carne bovina, o que o torna o principal exportador mundial. Mato Grosso do Sul é o quarto estado na participação das vendas e, de janeiro a abril deste ano, foi responsável por 10,49% da proteína brasileira enviada aos países compradores.

(Texto: Rosana Siqueira)

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