Governador promete rigor contra invasões: “Vamos manter a ordem”

Eduardo RIedel gov

Há sete dias integrantes da FNL ocuparam uma fazenda em Japorã

O governador Eduardo Riedel afirmou ontem (24) que não vai aceitar invasões de terras em Mato Grosso do Sul. Isso porque, no fim de semana passado, integrantes da FNL (Frente Nacional de Luta do Campo e Cidade) invadiram uma fazenda na região do município de Japorã. A Fazenda “Fernanda” foi alvo de ocupação no dia 18 de fevereiro.

Segundo o chefe do Executivo estadual, a posição do Estado é muito clara e que vai garantir o direito de propriedade. “Nós vamos manter a ordem, nós não podemos titubear diante de desordem ou invasões quaisquer que sejam, nós temos que garantir o direito de propriedade”, assegura.

Ainda na entrevista durante uma agenda, Riedel ressaltou que vai dialogar com as pessoas que fazem parte das invasões e com o governo federal para encontrar uma solução. “Temos de dialogar com eventuais invasores para entender essa motivação, se a busca é por terra, por reforma agrária, conversar com o governo federal, qual a política que eles vão adotar para isso, compra de áreas”, disse.

Entretanto, o governador destacou que não dá para adotar as mesmas práticas de 40 anos atrás. “Vamos buscar soluções conjuntas, se há espaços para se fazer reforma agrária, e esse é o desejo do governo federal, que ele busque e o Estado vai ser parceiro nesse processo, agora nós não podemos aceitar nenhum tipo de desordem. Mato Grosso do Sul vai permanecer em ordem, não vai aceitar invasões ou qualquer tipo de baderna”, reiterou.

Segundo o prefeito de Japorã, Paulo Franjotti, a permanência do grupo no local não durou mais que 20 horas, pois havia poucas pessoas que foram expulsas logo no domingo (19). O prefeito não soube dizer quem havia expulsado o grupo da localidade.

O movimento realizou ocupações em fazendas dos estados de São Paulo, Mato Grosso, Alagoas e no Paraná. Chamada de “Carnaval Vermelho”, a ação, segundo nota divulgada pela FNL, reivindica “terra, trabalho, moradia e educação, por meio da ocupação de terras que já foram reconhecidas como públicas pela Justiça, porém ainda permanecem abandonadas sem cumprir seu uso social”.

Na rede social, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez um vídeo e prestou solidariedade aos sem-terra que ocuparam a fazenda em Japorã e foram expulsos. Segundo Boulos, eles foram retirados da área por milicianos armados. “Em alguns lugares como em Japorã-MS, os trabalhadores foram expulsos das terras por milícias organizadas por fazendeiros, muitos deles bolsonaristas, jagunços que se organizaram de forma armada para retirar na marra os trabalhadores.”

Também pelas redes sociais, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) afirmou que o deputado Boulos será representado no Conselho de Ética por apologia ao crime e calúnia por chamar os fazendeiros de milicianos. “Vamos também estar notificando seus crimes no STF (Supremo Tribunal Federal) para que apure a conduta criminosa do deputado. Em Mato Grosso do Sul, não serão admitidos crimes de invasão de terra”, assegurou Pollon.

Reunião

Na última quinta-feira (23) houve ainda uma reunião entre o governador, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, a senadora Tereza Cristina, o próprio Marcos Pollon e o presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, para tratar sobre o problema, em destaque os aumentos dos números de acampamentos às margens das rodovias de Mato Grosso do Sul.

“Foram externar a preocupação, justamente, pelo aumento dos acampamentos na beira de rodovias, que põe até mesmo em risco a própria vida de quem está lá. Então é entender com esses movimentos as suas causas, lutas, e buscar solução, mas dentro da legalidade”, esclareceu o governador.

Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS.

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