Escolas Estaduais retomam as aulas nesta quarta-feira com 120 unidades em obras em MS
Em outro capítulo da falta de eficiência das escolas públicas municipais, famílias de alunos especiais denunciam a falta de professores auxiliares, profissionais encaminhados às escolas para cuidar, acompanhar e orientar estas crianças. Além disso, as queixas também se relacionam com a necessidade de melhorias em acessibilidade para estudantes com dificuldade ou mobilidade reduzida.
Nas últimas semanas, o Jornal O Estado vem noticiando a situação de superlotação nas salas da REME (Rede Municipal de Ensino), com o atraso na entrega das obras de ampliação. Uma mãe, que não quis ser identificada, além de informar sobre a didática que os professores estavam querendo adotar, em fornecer aulas remotas para os alunos, também contou que na escola que matriculou seu filho, a E.M Professora Iracema de Souza Mendonça, no bairro Universitário, não havia professor auxiliar.
“Meu filho é especial, ele precisa de ajuda, uma cuidadora, porém me informaram que não tem gente na função”, revelou a mãe em entrevista ao jornal O Estado.
Em entrevista, um funcionário da E.M Etalivio Pereira Martins, no Monte Castelo, que optou por não ser identificado, também informou que quando chegam alunos especiais novos eles ficam sem atendimento especializado.
“Após a avaliação [técnica], são encaminhados ao setor de neuro psicopedagogos para outra avaliação. Depois são encaminhados ao psiquiatra ou neurologista para obter laudo e o CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde). Após todo esse processo, a escola solicita na Semed (Secretaria Municipal de Educação), e assim fornecem os apoios”, explica o servidor.
O rapaz ainda revela ter muitas crianças na escola que precisam de ajuda. “Na segunda-feira (19), a tarde chegou um aluno autista, do 6º ano e está sem apoio. Nesses casos, o professor tem que tentar administrar aula e criança especial ao mesmo tempo”, destaca.
A mãe da Ananda dos Reis Santana, Lyhara Rezende Dittmar dos Reis, também contou que o primeiro ano da filha na E.M Santos Dumont, no Santo Amaro, foi difícil, tanto pela falta de profissional auxiliar, mas também pela escola não possuir acessibilidade.
“Na pré-escola, ela teve acompanhamento, era bom. O problema veio depois, no 1º ano, foi bem complicado, por ela usar cadeira de rodas e ser uma sala improvisada, ela acabou sofrendo bastante, não tinha professor de apoio, estava tendo essa dificuldade na primeira série”, destaca.
Em outra unidade, a E.M. Coronel Antonino, a mesma situação se perpetua. A funcionária contou que também existem vários alunos PcD (Pessoas com Deficiência), mas não têm pessoas suficientes para atender a demanda da escola.
“O auxiliar pode ficar com até duas crianças, se tiver uma que está sem apoio e o auxiliar está só com uma, ela passa a cuidar das duas, ao mesmo tempo”.
Questionada, a Semed (Secretaria Municipal de Educação), negou as informações. “A Semed informa que as escolas contam com professores de apoio, porém, neste ano, entraram novos alunos, público da educação especial, e que estarão recebendo atendimento da equipe técnica para avaliação da necessidade de lotação do profissional de apoio escolar”, finalizou a nota.
Mutirão de atendimentos
No ano passado, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul registrou 2.725 casos e 1.902 ações ajuizadas por falta de vagas, em Campo Grande. Somente em janeiro, registrou 204 solicitações de pais pela mesma problemática. Com isso, um novo mutirão está previsto para acontecer neste sábado (24) na Capital.
“Devido a grande procura este ano, a Defensoria realizou o 1º mutirão de atendimento somente para a procura por vagas escolares, no dia 27 de janeiro, e registrou 204 solicitações. A procura ainda é expressiva. Há, no momento, quase 350 pedidos registrados para atendimento e, por isso, está previsto o 2º mutirão para o próximo sábado, dia 24 de fevereiro. O atendimento será somente para famílias agendadas”, informou a DPMS.
Por Inez Nazira.
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