Número de manifestantes impulsiona estudo para acatar decisão do Supremo
Com mais de uma semana de manifestações em frente do CMO (Comando Militar do Oeste) de Campo Grande, aumenta o número de cidadãos em protesto contrário ao resultado da eleição presidencial. Mesmo após a determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), nessa segunda-feira (7), que deu o prazo de 48 horas para que as forças de segurança estadual e federal reúnam dados e multem os manifestantes que estão em frente dos quartéis e em rodovias. Eles garantem que não sairão, pois, o ato é “pacífico e legítimo”.
Com a liminar, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) afirmou que deve se reunir com a Polícia Federal para discutir formas de dar cumprimento à decisão.
“Cabe ressaltar que a liminar expedida pelo Tribunal Superior Eleitoral em 1º de novembro de 2022 inclui em seu escopo não somente rodovias, mas também toda e qualquer via pública obstruída, as quais devem ser liberadas de imediato; locais que apresentem imposição de dificuldade à passagem, inclusive canteiros, calçadas, etc.”, informou a secretaria, que reforçou que a determinação será cumprida no prazo estabelecido, qual seja, “48 horas a contar de 7 de novembro de 2022”, diz trecho.
Mesmo com a liminar publicada, o publicitário Elio Fontoura, 39, defendeu que o ato realizado na frente do CMO de Campo Grande é pacífico e de direito, que a decisão do STF representa um sistema que tenta calar e
instaurar medo nos cidadãos.
“Nós somos brasileiros e todos nós devemos respeito à Constituição. E na Constituição assegura o nosso direito de manifestação pacífica, que é o que a gente está fazendo aqui civicamente. Eu entendo que isso é uma coerção, uma tentativa de intimidação e uma prova real de que estamos vivendo tempos sombrios, em que o sistema está tentando apertar a população para que ela tenha medo”, opinou Elio.
Prevendo multa de até R$ 100 mil, a liminar assinada pelo ministro Alexandre de Moraes direciona para o “envio de todas as informações sobre a identificação dos caminhões e veículos que participam ou participaram ativamente dos bloqueios em rodovias, vias e manifestações em frente dos quartéis das Forças Armadas”.
A determinação engloba a Polícia Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal para que se tenha a identificação dos motoristas e dos veículos que participam das manifestações e bloqueios em rodovias de todo o país. Na tarde de ontem (8), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Mato Grosso do Sul informou que já aplicou 281 autuações relacionadas diretamente à conduta de participação em bloqueios ou interdições nas rodovias do Estado.
Bem como 2.896 autuações diversas, relacionadas direta ou indiretamente à fiscalização das manifestações, destacando-se uso de buzina (fora das hipóteses autorizadas pelo CTB) e falta do cinto segurança do condutor ou passageiro, e identificou 20 pessoas como possíveis lideranças dos movimentos. Com isso, 100 veículos foram autuados como prováveis participantes dos atos.
O jornal O Estado questionou ontem (8) os principais órgãos de segurança pública e de trânsito sobre as possíveis ações a serem executadas. A Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande informou que participa de ações em conjunto com a Polícia Militar do Estado e aguarda pela convocação. “Vamos participar assim que houver um convite do Estado.”
Moradores dos bairros próximos ao CMO marcam protesto
Amanhã (10), a partir das 8h45, moradores e comerciantes do entorno da região da Avenida Duque de Caxias, onde ocorre manifestação em frente do CMO (Comando Militar do Oeste), se reunirão na Câmara dos Vereadores, para pedir a desobstrução da via e o fim de “buzinaços” e queima de fogos de artifício.
Segundos os moradores, o comércio, trabalhadores, pessoas em traslado para diversos bairros, como: Jardim Aeroporto, Polo Industrial Oeste e outros municípios, estão sendo prejudicados com a obstrução e/ ou congestionamento permanente dessa importante via pública, além das vias adjacentes.
“Passou da hora de o Poder Público intervir na manifestação por dois motivos: é uma manifestação antidemocrática e é também uma manifestação que tem gerado baderna, impedindo a boa circulação das pessoas, estacionando carros em lugar proibido, fazendo muito barulho até tarde perto do Hospital Militar e de bairros residenciais. Chega de arruaça”, afirmou o morador do Jd. Imá professor Volmir Cardoso, 38 anos.
Outro motivo da reivindicação é o estresse causado em crianças, idosos e animais domésticos pelo excesso de barulho e de fogos de artifício no local das manifestações.
“Minha filha é autista e faz terapia em casa. Eu também trabalho em home office e, com a obstrução da Duque de Caxias, ônibus e carros estão cortando pelo bairro, o que aumenta o fluxo e o barulho na minha rua, que era pacata. Além disso, os barulhos ocorrem de segunda a segunda sem hora para começar ou terminar, é trio elétrico, oração, fogos de artifício, etc. Os cachorros começam a latir e minha filha entra em crise. Na hípica aqui perto os cavalos também estão em estado de estresse”, relatou moradora do bairro Santo Antônio, a bancária Islene Velasquez, 42 anos.
Por Brenda Leitte e Suelen Morales – Jornal O Estado de MS.
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