“Foco não é só ter alunos e emitir certificados”, diz Secretário municipal da Juventude

Alunos
Foto: Marcos Maluf

Em Mato Grosso do Sul, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a PIA (População Economicamente Ativa) corresponde a 67% do total de habitantes. Entretanto, desse público, é preciso uma atenção especial com a faixa etária que significa o futuro da região, especialmente em Campo Grande, onde o jovem recebe uma atenção particular do poder público municipal. Isso graças à Sejuv (Secretaria Municipal da Juventude), dispositivo que nasceu por meio de iniciativa do cientista social, Maicon Nogueira, em 2017. 

Em 2023, ele voltou para a gestão da pasta, por convocação da prefeita Adriane Lopes (PP), que lhe passou uma missão bem objetiva: cuidar da saúde mental do jovem e ajudar que essa camada da população tenha mobilidade social. Para isso, uma operação completa é ativada todas as semanas, com a oferta de emissão de documentos (RG, passe do estudante, alistamento militar), cursos de qualificação gratuitos, mentoria de profissionais de destaque no mercado, acolhimento de assistência psicossocial e até encaminhamentos para vagas de emprego e estágios. “Temos a melhor Secretaria de Juventude do Brasil, somos referência para todas as capitais, inclusive com reconhecimento nacional, em 2018 e 2019. Tudo por conta de políticas públicas de inovação, aplicadas de forma sistemática na abordagem ao nosso público-alvo”, garante. 

Embora a faixa etária prioritária seja a entre 15 a 29 anos, a Sejuv abre oportunidades para todo campo- -grandense interessado em aprimoramento. São mais de 20 cursos presenciais e 80 cursos on-line, que representam em torno de 3 mil horas de capacitação, em sete eixos. Linhas temáticas como: inclusão digital, cursinho preparatório para o Enem, suporte em Logística, Empreendedorismo, Agronegócio, Tecnologias de Automação, Marketing Digital e Empregabilidade. Uma fábrica de oportunidades, que funciona manhã, tarde e noite, no terceiro andar do edifício Marrakech, na Capital. “Tivemos, em maio, a abertura de cursos noturnos, o que fez aumentar em três vezes mais o número de matrículas. Por semana, agora são abertas de quatro a seis turmas, todas com média de 70 alunos, nos dando um alcance de pelo menos mil inscrições, todos os meses. O nosso desafio é facilitar o acesso, levando as atividades da Sejuv para bairros periféricos, comunidades indígenas, quilombolas e também para a área rural”, projeta.

O Estado: Campo Grande é uma cidade voltada para jovens?

Maicon Nogueira: Sim. Temos a melhor Secretaria de Juventude (Sejuv) do Brasil, somos referência para todas as capitais, inclusive com reconhecimento nacional em 2018 e 2019. Tudo por conta de políticas públicas de inovação, aplicadas de forma sistemática na abordagem ao nosso público-alvo. E é fundamental reforçar que a política pública para a juventude é necessária, não só para cuidarmos do futuro de uma cidade, de uma região, mas também para orientar o jovem em caminhos que lhe ajudem na qualidade de vida e perspectivas. São mais de 250 mil jovens que podem ter acesso às políticas realizadas via Sejuv. Trabalhamos para que o jovem tenha autonomia e protagonismo. 

O Estado: Quais foram as ações iniciais, logo que retornou a pasta? 

Maicon Nogueira: Construímos a pasta em 2017, quando ainda era Subjuv (Subsecretaria da Juventude), ganhamos premiações em Brasília, com o programa “Levanta, Juventude”, que atendeu mais de 20 mil jovens, um resultado que permitiu a transformação posterior da pasta em secretaria municipal, evidenciando a importância da temática. Retornei a pedido da prefeita Adriane Lopes, que me passou a missão de cuidar da saúde mental dos jovens e voltei, justamente, após aquele momento dos problemas de massacres em escolas. A proposta do Executivo municipal é aliar essa prioridade aos projetos de ‘Educação Não Formal’, além do foco constante em empregabilidade, carreira, trabalho e renda. Dentro da nossa estrutura, existe um setor que presta atendimento psicossocial, em que o jovem recebe ajuda para superar os seus problemas com auxílio de profissionais especializados. Não somos um lugar em que o foco é ter alunos e emitir certificados. Nós lidamos com vidas e queremos influenciar em novas condutas, porque as empresas contratam pelo currículo e demitem pelo comportamento.

O Estado: Além dessas atividades, existem perspectivas para novos projetos? 

Maicon Nogueira: A Rota de Integração Latino Americana vai impactar a vida de todos, de forma permanente. A Sejuv desenvolve todas as suas atividades para que os jovens sejam protagonistas desse novo cenário. Não vamos permitir que as empresas e indústrias multinacionais busquem talentos fora do Estado, porque teremos os jovens mais bem preparados do país. Estamos organizando o projeto “Juventude na Rota”, que ofertará um circuito inovador de treinamentos das habilidades exigidas para esse novo momento. Algo que conduzirá o jovem, por exemplo, para aprender um segundo idioma, dentre outras várias competências. 

O Estado: Como fazer para que essa política pública alcance mais jovens? 

Maicon Nogueira: Tivemos, em maio, a abertura de cursos noturnos, o que fez aumentar, em três vezes mais, o número de matrículas. Por semana, agora, são abertas de quatro a seis turmas, todas com média de 70 alunos, nos dando um alcance de pelo menos mil inscrições, todos os meses. O nosso desafio é facilitar o acesso, levando as atividades da Sejuv a bairros periféricos, comunidades indígenas, quilombolas e também na área rural. Temos a previsão de lançamento do nosso Telecentro itinerante e vamos levar inclusão digital para todos que precisam. Onde houver um pé de manga, algumas cadeiras e muita disposição em aprender, lá estará a Sejuv. A prefeita Adriane Lopes tem uma sensibilidade enorme com a causa da juventude, porque ela viveu, também, todos esses desafios.

O Estado: A projeção é capacitar quantos jovens, até 2024? 

Maicon Nogueira: Mais de 20 mil jovens poderão ter acesso ao serviço prestado pela Sejuv. O Observatório do Emprego da Prefeitura de Campo Grande, em dados de 2023, aponta que 35% das pessoas, que buscam emprego formal na Funsat (Fundação Social do Trabalho), tem idade até 24 anos, ou seja, número que poderia ser ainda maior, devido à elevada oferta de vagas de perfil aberto, recrutamentos em que não se exige experiência na função. Com as capacitações da Sejuv, esses jovens certamente estarão mais dispostos e preparados para enfrentar os desafios. Vamos reverter as estatísticas que apontam alto número de jovens fora do estudo e trabalho, os chamados erroneamente de ‘nem nem’, quando, na verdade, eles são os ‘sem sem’. Sem oportunidades jamais saberemos quais seriam suas vocações, missões de vida e, portanto, jamais saberíamos quais deles serão prósperos e protagonistas.

O Estado: Quanto a sua história de vida influencia nesse trabalho, de desenvolver políticas públicas?

Maicon Nogueira: Faço questão de participar diariaSecretário municipal da Juventude explica os desafios do seu retorno à pasta que ajudou a criar, na Prefeitura de Campo Grande mente das atividades junto aos alunos. Conversar com a turma, ouvir as experiências de cada um e dividir com eles a minha história. Eu vim de origem muito pobre, sendo o filho mais velho de cinco irmãos, e tive que trabalhar a partir dos 12 anos, vendi picolé na rua, fui lavador de pratos, vivi essas situações para ajudar minha família a comer. Se não fosse um comportamento de comprometimento e respeito a quem me deu oportunidades não teria crescido na vida, estudado e hoje não estaria realizando esse sonho, na Sejuv. A Secretaria Municipal da Juventude é um dos vários projetos que já elaborei de políticas públicas, que felizmente saiu do papel e hoje transforma vidas. O que mudou a minha história foi a educação. E só levei a sério os estudos, depois que um patrão meu, que me tirou de um serviço em que eu era garçom, disse que eu não teria mais o emprego se não continuasse os estudos. Isso me fez passar no vestibular, conseguir colocação para ter bolsa e ter resultados estudando com apostilas que achei no lixo de uma escola. E sabe o que fez toda a diferença? Para ser garçom, antes consegui, no mesmo restaurante, o trabalho como auxiliar de cozinha, graças à proatividade de ajudar a empresa, durante a ausência de uma colaboradora, que organizava o vinagrete. Ela não veio e fiz a parte dela, algo que me fez ser visto de outra forma. As grandes oportunidades aparecem disfarçadas de pequenas situações. Por isso, além da expertise, o nosso projeto é impactar no mindset de jovens, de estimulá-los a, sobretudo, aplicarem o conhecimento que adquirem, sempre com humildade e vontade de crescer.

O Estado: Como saber quais são os cursos e que turmas estão com inscrições abertas, na Sejuv?

Maicon Nogueira: A pasta faz uma busca ativa por alunos, ligando para quem já está cadastrado, conversando com quem faz os cursos para se matricular em novas turmas e também com abordagens em toda a Campo Grande, para trazer mais público às nossas salas de aula. De segunda a segunda, em qualquer hora do dia, funciona o “Plantão da Juventude”, no WhatsApp (67) 99287-2008. Ou, pelo telefone fixo (67) 3314-3577, também damos informações. Teremos, em 2023, ao todo, 100 alternativas de cursos on-line e presenciais, um circuito de conhecimento com mais de três mil horas de capacitação para o cidadão, sem qualquer custo e dando, a quem se interessar, a chance de ser competitivo no mercado de trabalho. Lembrando que, também na Sejuv, oferecemos o serviço da emissão do RG, alistamento militar, solicitação do passe do estudante e orientações sobre vagas de estágio no banco de talentos. Visite- -nos no 3º andar do edifício Marrakech, na eua 25 de Dezembro, Jardim dos Estados.

O Estado: O senhor é suplente na Câmara Municipal. Como vereador, o que faria pelas políticas públicas para a juventude? 

Maicon Nogueira: Eu faria diferente de muito do que vem sendo feito. Porque eu levaria ações para o mandato, com um contexto mais próximo da vida real do jovem. Eu conheço os seus problemas, os seus desafios e conheço, melhor ainda, o seu potencial. Poderíamos ter leis que ampliassem mais o acesso do Passe do Estudante, permitindo que jovens que fizessem cursos profissionalizantes com gratuidade no transporte público e, ainda, legislações que facilitem a vida de empresas que apostarem na contratação de jovens, no primeiro emprego. Meu sonho é que os políticos sejam referência para a juventude e que o menino, ou a menina, de periferia também almeje entrar para a vida pública e fazer a diferença em sua comunidade.

Por Bruno Arce e Suzy Jander- Jornal O Estado do MS.

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