O último fim de semana foi marcado pela violência na Capital. Desde sexta-feira (21) até a noite do último domingo (23) foram registrados cinco homicídios, quase metade de todas as notificações deste mês, que, segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), já somam 11 assassinatos.
De acordo com informações policiais, a sequência das mortes começou na noite de sexta-feira com o assassinato de Cristian Alcides Ramires Valiente, 37, morto com, pelo menos, dois tiros enquanto bebia com amigos em uma conveniência no bairro Guanandi, em Campo Grande. Cristian possuía diversas passagens, entre tráfico de drogas, ameaça, roubo, furto, violência doméstica e até estelionato.
A partir deste fato, equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e do GOI (Grupo de Operações e Investigação) iniciaram diligências e conseguiram localizar um homem de 29 anos, que teria vindo do Rio de Janeiro ao Estado para realizar o crime.
A polícia conseguiu localizar o suspeito quando voltava para sua cidade natal. Depois da prisão, a polícia identificou o comparsa de 33 anos, morador de Campo Grande. Entrevistados, eles confessaram o crime e indicaram que o carro utilizado na ação estaria em uma garagem. No local, os policiais localizaram, no porta-malas, uma pistola calibre 9 mm, carregada, além da jaqueta utilizada pelo executor do crime. No estabelecimento também foi localizado um veículo T-Cross, produto de crime.
Na residência do suspeito, foram localizadas mais munições calibre 9 mm e 380. A motivação do crime de homicídio teria sido desavenças em razão do tráfico de drogas, envolvendo grandes organizações criminosas das quais fariam parte. Os suspeitos foram presos em flagrante pelo crime de homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e por pagamento, receptação, posse irregular de arma de fogo e organização criminosa.
EM PLENA LUZ DO DIA
O segundo homicídio ocorreu em plena luz do dia, por volta das 13h de sábado (22), no bairro Universitário. Carlos Henrique Ferreira Ocampos, 33 anos foi morto na frente da família.
A vítima foi atingida por 11 tiros disparados por dois homens que estavam em uma motocicleta. Ele é o segundo da família morto em menos de três meses. Isso porque seu irmão, Adriano Ferreira Ocampos, 34 anos, foi executado a tiros também no dia 26 de julho. E, assim como o irmão, Henrique também foi perseguido por dois homens em uma moto, que se aproximaram e dispararam contra ele, que estava na companhia da esposa e dos filhos. Já na madrugada de domingo (23), mais um registro de assassinato. Jheferson Luiz Nogueira da Paixão, 31 anos, também foi morto a tiros na Rua Pridiliano Rosa Pires, no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. Conforme o Boletim de Ocorrência, Jheferson estava na frente da casa da sua ex- -namorada quando um carro teria passado e atirado contra a vítima. A quarta e quinta mortes ocorreram no mesmo local e possivelmente foram cometidas pelo mesmo autor, ou autores, na noite de domingo. Breno Henrique Dias Rodrigues, 16, e Tiago da Silva Cuellar, 34, conhecido como “Gamba”, foram executados no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande. Tiago tinha mais de 11 passagens pela polícia por tráfico de drogas, ameaça, lesão corporal dolosa e homicídio na forma tentada, além de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Já o menor tinha uma passagem por furto.
2ª MAIOR TAXA DE SOLUÇÃO DE HOMICÍDIOS
Em agosto deste ano, o Instituto Sou da Paz publicou um levantamento que classificou Mato Grosso do Sul com a segunda maior taxa de elucidação de homicídios do país, ficando atrás, apenas, de Rondônia. O Estado obteve 86% de resolutividade e se mantém no topo do ranking. Na comparação com outros países é possível observar números semelhantes aos consolidados na Europa, onde o percentual de esclarecimento é de 92% e nos Estados Unidos, 57%.
Outubro ainda não terminou e já registra mais casos que o ano passado, quando o mês teve nove homicídios. Se comparados os dados de janeiro a setembro de 2021 (73) e 2022 (92), o aumento é de mais de 26% de mortes violentas na Capital. Já todo este ano registra 103 assassinatos, sendo que os meses de janeiro e julho lideram o ranking com 15 mortes em cada. Ao passo que em 2021, ao todo, foram 108. Em relação a todo Mato Grosso do Sul, neste ano foram registrados 356 e no ano passado 434 homicídios.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado de MS.
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