Feito histórico na política de MS: duas candidatas à presidência da república

Soraya Simone
Foto: Divulção

Simone é candidata do MDB, e Thorincke disputa pelo União Brasil

Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado

Mato Grosso do Sul terá duas candidatas mulheres concorrendo o cargo de presidente da República. As senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) realizam um feito inédito na história da política sul-mato-grossense. Além do fato de serem duas mulheres em campanha eleitoral pelo mais alto cargo do Executivo, as senadoras configuram um protagonismo do Estado nunca visto antes.

Para analista político consultado pelo jornal O Estado, elas farão a diferença nas eleições presidenciais e irão contribuir muito em eventual segundo turno, mesmo que não estejam.

O analista político, Tercio Albuquerque indica que a presença das duas figuras do Estado no cenário nacional demonstra um marco histórico na política sul-mato-grossense. Além disso, ele afirma que elas contribuem com o cenário político do país e entram para a história, já que este ano serão quatro mulheres postulantes.

“É um feito importante para a política do MS e para o próprio país. A gente não pode esquecer, que já de algum tempo as mulheres são candidatas a presidente da República. Desde 1989 já começou esse movimento e houve uma intensificação tanto que devem concorrer quatro mulheres ao cargo de presidente além de Simone Tebet e Soraya Thronicke.”

O analista destaca ainda que para o Estado, Simone e Soraya são mulheres que fazem a diferença, porque ambas têm uma atividade política importante e atuante. “Não são aquelas que ficaram anuladas após as suas eleições, como acontecem com muitas, que se elegem e desparecem do cenário político, voltando apenas quando retornam ao cenário eleitoral, buscando apenas a reeleição”, disse ele, reforçando o fato das sul-mato-grossenses serem senadoras atuantes.

Tercio Albuquerque cita ainda que para Simone, uma eventual disputa para reeleição ao cargo de senadora seria muito difícil este ano, já que o Estado tem um quadro muito forte.

“Tem um embate bastante grande e figuras fortes como a própria Tereza Cristina que foi ministra relevante no governo de Jair Bolsonaro.”

Já em relação a Thronike, Tercio afirma que é uma senadora que passou a ser atuante e é da base do governo, sendo vice-lider no Senado. “É muito importante o fato de serem mulheres atuantes, mulheres que têm uma atividade doméstica em casa, são donas de casa, que se dedicam às atividades normais, e que se dedicam à política com uma visão de como deve ser o enfoque de todas aquelas que por vezes não se sentem representadas.”

Para ele, MS tem um importante momento na política e mesmo que elas não consigam chegar ao Palácio do Planalto vai ser um marco histórico, pois elas já abriram o espaço para que outras mulheres do Estado entendam a importância de participarem ativamente da vida política do Estado e do Brasil. Albuquerque diz ainda que a presença delas pode diminuir a polarização entre Luiz Inácio Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

“Isso ajuda o Estado. E temos fora dessa concorrência os candidatos ao Governo do Estado. Então, tudo isso mostra a importância das mulheres neste tempo e que esse espaço precisa ser buscado e ocupado. Vai ser muito relevante para Mato Grosso do Sul com possibilidade de reduzir a polarização da eleição presidencial, como a gente tem acompanhado.”

O analista ainda diz que é difícil prever um segundo turno, mas cada uma das candidatas de MS farão alianças que podem significar muito para aqueles que vão ao segundo turno, com intuito de conseguir um mandato. “Pela representatividade que elas tem, não tenho dúvidas que farão diferença nas eleições.”

Candidaturas

A configuração entorno de Soraya Thronicke iniciou há menos de uma semana, quando o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, que era pré-candidato a presidente desistiu, e disse que iria concorrer à reeleição de deputado federal, com intuito de concorrer à Presidência da Câmara. Nisso, Bivar indicou Thronicke e disse em entrevista que ela não será um nome de fachada e ontem (2) a candidatura dela foi cravada durante coletiva de imprensa do União Brasil.

Diferentemente de Soraya, a construção da candidatura de Simone Tebet vem sendo feita desde o ano passado, quando ela foi escolhida para representar a terceira via. O MDB confirmou durante convenção nacional na semana passada o nome de Tebet como candidata ao Palácio do Planalto e ontem o nome da senadora do PSDB, Mara Gabrilli, foi referendada para ser a candidata a vice em chapa feminina.

O anúncio da chapa de Simone foi feito na cidade de São Paulo, após conversas entre as duas candidatas e os presidentes dos três partidos da aliança – Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Roberto Freire (Cidadania) – e o senador Tasso Jereissati (PSDB).

“Eu tinha dúvida, Mara, se uma chapa 100% feminina seria aceita. Que bom que as [pesquisas] qualitativas mostraram que homens e mulheres estão prontos para votar nessa chapa. E quando fiz o convite para você, esperando que você fosse dizer ‘vou pensar um pouquinho, eu tenho algumas limitações’, Mara disse na sua generosidade ‘Simone’, que honra. Como vai ser bom falar para o Brasil da nossa causa e da nossa luta’”, afirmou Simone Tebet.

Quem é Simone Tebet?

Com uma carreira política extensa, Simone Tebet é mãe, advogada, professora e senadora da República, Simone Tebet tem 52 anos e nasceu em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul.

Foi aprovada aos 16 anos na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, uma das mais conceituadas do país. Em 2002, aos 31 anos, elegeu-se Deputada Estadual e em 2004 foi a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas.

Em 2008, finalizou a votação reeleita prefeita, com 76% dos votos válidos. Em 2010, pediu licença do cargo e se candidatou a vice-governadora do MS. Venceu e, pela primeira vez, uma mulher assumiu a cadeira de ViceGovernadora do Estado.

Experiente e preparada, ocupou a Secretaria de Governo da gestão até o início de 2014, quando se candidatou à vaga de senadora da República. Com uma votação expressiva de 52% dos votos válidos, foi a primeira senadora eleita pelo MS na história do Brasil.
No Senado Federal, liderou a primeira bancada feminina da história e tornou-se presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Foi também a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça – CCJ, considerada a mais importante do Congresso Nacional, e a primeira mulher a disputar a presidência do Senado em 198 anos.

Quem é Soraya Throcnike ?

A senadora Soraya Thronicke (União Brasil) nasceu em Dourados em 1 de junho de 1973 e foi criada em Campo Grande. Ela é proprietária, junto com sua família, de uma rede de motéis no Mato Grosso do Sul.

Antes de ser eleita senadora em 2018, Soraya participou de movimentos de rua que pediram o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Foi eleita na onda bolsonarista e permaneceu inicialmente como base de apoio ao governo de Jair Bolsonaro (PL).

Soraya defende pautas conservadoras e de liberalismo econômico. Ela é presidente estadual do União Brasil de MS.

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