Falta de vagas hospitalares deve ser um dos maiores desafios da Saúde Pública em 2023

Santa Casa hospital
Imagem: Valentin Manieri

Sesau promete viabilizar o remanejamento e abertura de novos leitos

A falta de vagas em leitos hospitalares têm sido um dos grandes desafios para a população e já considerado como o principal gargalo da saúde de Campo Grande. Com inúmeros procedimentos represados, desde a pandemia da COVID-19, hospitais da Capital tem atuado de forma improvisada quanto ao número de pacientes que vão até as unidades para serem atendidos, devido às vagas limitadas disponíveis nos hospitais. Além de retomarem, aos poucos, os procedimentos que antes estavam paralisados.

Ao O Estado, conforme o novo titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Dr. Sandro Benites, diante da grande demanda da população campo-grandense, serão intensificadas as tratativas com todos os hospitais. “Deverão ser ampliadas para discutir a questão contratual e verificar a possibilidade de remanejamento e abertura de novos leitos, além de ampliar a oferta de cirurgias eletivas para atender parte da demanda reprimida, por meio de mutirões e atendimentos extraturno, inclusive na nossa própria rede especializada com ampliação e implementação de serviços e buscar parcerias”, destacou.

De acordo com a Sesau, um dos objetivos é o de dar fim à demanda represada de procedimentos, adiados durante o ápice da pandemia. “Em todo o Brasil temos mais de 1 bilhão de procedimentos represados, contudo, não sabemos quantos em Campo Grande”, citou.

Em uma análise a respeito das medidas tomadas recentemente, a “Caravana da Saúde” foi importante para o Estado. “Houve uma significativa redução das filas de espera para exames e cirurgias, que ficaram represados, tanto de cirurgias ortopédicas, oftalmológicas e as mais diversas especialidades, alguns praticamente zeraram as filas. Com o apoio do Governo está sendo efetivado a regionalização da saúde, beneficiando todos os municípios”, concluiu a pasta.

Em MS e na Capital tiveram impactos, os quais a Sesau está tendo que lidar atualmente. “Entendemos a necessidade de adotarmos medidas urgentes para assegurar que a população tenha acesso a um serviço de saúde de melhor qualidade, e os pacientes que hoje aguardam na fila por um exame ou cirurgia, consigam ter suas necessidades atendidas de forma mais célere possível”, finalizou a Secretária de Saúde.

Hospital Regional e Santa Casa alegam superlotação

Ao jornal O Estado, o diretor-presidente do Hospital Regional do Estado, Dr. Lívio Leite, afirmou que o hospital está trabalhando acima do limite de sua capacidade há meses. “Estamos com taxa de ocupação de 95% e isso é um risco de desassistência. Com a saída do Hospital Universitário, vai impactar em toda a rede. Infelizmente a Sesau não tem mais critérios para encaminhar pacientes e não está preparada para a demanda pós-covid. É necessário um plano de contingência viável”, ponderou o presidente do HR.

Por sua vez, a Santa Casa de Campo Grande também se manifestou em nota dizendo que com a saída do Hospital Universitário da Rede de Urgência e Emergência, a assistência municipal sofrerá um impacto muito significativo. “Todas as portas de urgência da rede, incluindo a nossa, já trabalham em situação crítica, decorrente da alta demanda diária.

Não existe a possibilidade técnica, por parte do hospital, da implementação de um plano de contingência adequado à situação que se desenha.

Esperamos que a nova Gestão da Saúde Municipal em consonância com as demais autoridades sanitárias revejam a programação da saída do HU da RUE”, diz a nota da Santa Casa.

Cabe relembrar que conforme noticiado na edição de sexta-feira (16), o Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) não irá mais atender pacientes na modalidade “vaga zero” – que permitia o acesso imediato ao Pronto Atendimento Médico de Urgência e Emergência em casos graves e com risco de morte – devido a superlotação que a unidade vem enfrentando nos últimos meses, tendo que lidar com a falta de vagas como citado acima.

Com a decisão, só darão entrada os pacientes com vagas previamente reguladas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), seguindo a capacidade de lotação de um total de 17 leitos do hospital.

Diante do novo modelo que o Hospital Universitário passará a atender, foi preciso reformular o atendimento de Emergência, já que vinham sendo prejudicados os atendimentos, sobrecarregando os profissionais e, consequentemente, atrapalhando o ensino da residência.

Médicos de Corumbá pedem demissão coletiva

O impasse na saúde pública não é exclusividade de Campo Grande, fato que comprova isso, foi que os médicos de todas as especialidades que trabalham na Santa Casa de Corumbá anunciaram na quinta-feira (15), o pedido de uma demissão coletiva em janeiro de 2023. Os profissionais denunciam o caos financeiro e estrutural no hospital, por meio de um ofício que foi encaminhado à Prefeitura de Corumbá e ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

Em nota, a Prefeitura de Corumbá informou que é de sua responsabilidade o repasse mensal de R$ 799 mil, que é feito em dia. A SES (Secretaria de Estado de Saúde) também emitiu nota esclarecendo que “a Associação Beneficente Santa Casa de Corumbá é uma instituição filantrópica administrada pelo município. Assim, as decisões administrativas cabem ao município respondê-las. A SES reitera que ao longo de 2022 repassou R$ 4,1 milhões como apoio extra para execução em ações de saúde destinadas à instituição”.

Já o presidente da Junta Interventora da Santa Casa de Corumbá, Milton Melo, disse ao O Estado, que ainda não há um posicionamento do hospital sobre o impasse e que aguarda uma reunião com a SES. “Essa é uma manifestação da Associação Médica, vamos aguardar conversa com a Secretaria de Estado de Saúde, para posterior posicionamento. Lembrando que todos os profissionais de saúde são prestadores de Serviços ( PJ)”, afirmou sem informar uma data da possível reunião.

Por Brenda Leitte e Suelen Morales – O jornal O Estado do MS.

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