Expectativa para o Dia das Mães na Capital está 7% menor frente ao ano passado

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Sem dinheiro para gastar, consumidor opta por compras no crédito e crediário, destacam lojistas

 

Na semana que precede o Dia das Mães, é comum que haja uma expectativa nas vendas por parte dos comerciantes e lojistas em todo o Brasil. No entanto, frente a um cenário de inflação que o Brasil enfrenta, disponibilizar dinheiro com presentes e lembranças para comemorar a data especial tem significado uma dificuldade para os moradores da Capital. A afirmativa parte da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas), que destaca uma queda de 7% na expectativa de gastos referente ao ano passado a partir de uma pesquisa de levantamento feita na Capital sul-mato-grossense.

Segundo o presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas), Adelaido Vila, a principal explicação para o fenômeno que afeta o comércio da Capital é a inflação e a ausência de crédito, seja para o empresário, seja para o consumidor. “O crédito está muito caro e o consumidor está comprando coisas com menor valor agregado, ou seja, itens mais baratos, porque se não ele não dá conta de consumir”, pontua o presidente da CDL-CG.

De acordo com dados levantados pela CDL-CG, neste ano a economia local pode receber uma movimentação a partir da data cotada em R$ 145 milhões na economia de Campo Grande. Somente em presentes, serão R$ 68.435,548 milhões, enquanto as demais comemorações e segmentos devem incrementar R$ 77.353,140 milhões em investimentos. Em pesquisa recente, a CDL também revelou as tendências de presentes para este Dia das Mães, que ficaram entre perfumes e cosméticos, vestuário, cestas e flores.

Ainda segundo Vila, o valor do crédito está “muito” alto, o que interfere diretamente no poder de compra do consumidor, não só nesta data, como em demais compras durante todo o ano. “Existe muita gente ainda que está com dificuldade de ter acesso ao crédito, porque o crédito e os juros estão muito altos.De qualquer forma, está difícil no banco e tudo isso tem impactado nas compras. As pessoas estão comprando mais o básico”, avalia o presidente.

A gerente de uma loja de bebês localizada na rua 14 de Julho, Juliê Cardoso, 24, explica que anualmente as expectativas são boas. Mas, no decorrer dos anos, ela percebe que os consumidores têm perdido o poder de compra. No estabelecimento, já de cara percebe-se o anúncio de Dia das Mães, mas ao lado, uma propaganda em tamanho grande, anunciando a possibilidade de parcelamento e crediário em até 18x sem juros. “Geralmente [as vendas] são mais no crédito. Mas, a gente também parcela em até oito vezes sem juros, ou 18 fixas, e também temos crediário pronto. O crediário dá um alívio para quem não consegue crédito nos cartões e não consegue limite. Às vezes a pessoa até tem o nome limpinho, mas não tem uma movimentação e tudo mais. De acordo com o passar dos anos deu uma decaída mesmo e o crediário tem ajudado muito. [Antes] as pessoas compravam muito mais nos cartões de débito e dinheiro e com o passar dos anos foi é mais crédito e crediário”, avaliou a gerente de loja.

Para atrair o público, a gerente aposta neste ano em decorativos direto na loja e também em lembrancinhas para a mãe que vai até o centro comprar algum presente ou resolver alguma pendência e já aproveita a oportunidade para passar na loja e adquirir um item para o filho. “A movimentação é grande, porque a pessoa vai comprar um negocinho para a mãe, e acaba passando na loja, aí já compra para o baby. Todo ano é muito bom, mas não tem preparação especial, apenas uns enfeites para as mãezinhas e uns brindezinhos”, avaliou a gerente, apesar da queda prevista na movimentação.

Otimista, o autônomo, Odir Taveira Rodrigues, 58, é um dos que avaliam que é possível driblar os preços. Segundo ele, os preferidos deste ano para presentear a mãe são os vestidos e blusas, ou seja, itens de vestuário. Conforme pontua, ele costuma fazer as compras no débito. “ Geralmente no débito. Tem lugar que está mais caro, tem lugar que está mais barato, mas se você procurar você compra um presente bom, com preço mais inferior”, argumentou Rodrigues.

A analista de regulação na Energisa, Débora Nunes, 35, explicou que neste ano a prioridade foi a saúde da mãe, sendo a escolha a pedido dela. “Ela quem escolheu fazer uma consulta ao oftalmologista e ganhar um óculos de grau, porque essa é a prioridade dela. O óculos a gente vai pagar à vista porque tá tendo uma promoção numa loja que é R$ 50 e a consulta vamos parcelar no cartão”, explicou a analista.

Conforme pontuou Nunes, os preços têm aumentado significativamente, mas há opções, como por exemplo, o parcelamento. “Eles estão flexibilizando, estão parcelando. Tá dando para comprar uma lembrancinha bacana e existe muita opção, porque não é só presente de casa, você pode comprar uma lembrancinha legal de R$ 30, R$ 40 reais. Mas, eu acho que as mães hoje em dia preferem ganhar flores, rosas, uma lembrança mais tranquila [não necessariamente cara]Não é só jóia mais, acho que isso não é tão significativo. A gente está mais carente, com falta de amor, falta ao próximo, então acho que isso está nos aproximando dos nossos pais”, avaliou Nunes.

Itens pessoais vs Eletrodomésticos

Na Gazin, loja de eletros, os preparativos para o Dia das Mães estavam a todo o vapor. Queridinhos dos filhos para presentear as mães, itens como liquidificador, frigideira elétrica e demais portáteis, de acordo com o gestor de loja, Rodolfo Moraes Costa, 32, são os que tem feito o gosto do público em 2024, que conforme pontua, não há briga entre os eletros ou itens pessoais, já que o importante é agradar as mães, seja qual for o presente.

Rodolfo Moraes Costa, gerente da loja Foto: Nilson Figueiredo

“Nós temos a linha de beleza, porque como trabalhamos com o varejo, nós não temos como presentear de outra forma, estão são itens de beleza e itens de casa. Nós preparamos um cantinho, estamos finalizando ele com decoração. Além de ter estofado para casa, o cantinho da mamãe, nós também temos itens como a cama com preço agressivo, a linha de móveis e estofados, prancha para cabelo, chapinha, secador de cabelo e outras coisas mais que dá para trabalhar, que podem ser pequenas, mas vão presentear a mãe e a esposa que está precisando do produto e claro, para ela ficar feliz também”, afirmou o gestor, que espera na loja um aumento de 40% nas movimentações.

A operadora master da TV Record, Paloma Alcântara, 19, que saia de uma loja de eletrodomésticos no momento da reportagem, explicou a importância de presentear a mãe, sem entrar na divisão entre casa e itens pessoais, já que ambos são igualmente importantes. “Eu acho que é uma coisa que tá sempre em equilíbrio, sabe? A gente precisa tanto agradar a si mesma, quanto onde a gente mora, porque é uma extensão da gente é importante sentir o conforto, então sempre preferimos um pouco dos dois”, argumentou

Conforme pontua, para o Dia das Mães deste ano, ela ajudou a mãe a comprar dois itens dos quais ela precisava. O primeiro foi uma máquina de lavar roupas e o segundo, um celular novo. “Por mais que eu saiba a mãe que ela é e que merece coisas muito boas, às vezes eu não tenho essa condição de dar, mas se eu puder ajudar de alguma forma a conquistar algo que ela esteja precisando, já é algo muito importante e muito legal. Ela quem está sempre presente comigo em todas as decisões que eu tomei na minha vida e para mim é uma forma de poder retribuir isso”, argumentou contente Paloma a reportagem.

A mãe e enfermeira, Gisciene Pereira, 35, explicou emocionada, que o melhor presente, na verdade, são os filhos. Mas, que sem dúvida, ser presenteada no Dia das Mães, representa um momento especial. “É especial e emotivo, querendo ou não. O melhor presente são meus filhos, eles são a minha razão de viver. Mas, ela vê as minhas necessidades. Ela disse: ‘mãe, vamos lá? Isso foi surreal, muito emocionante mesmo. A gente se emociona muito. A gente veio e comprou a máquina e ela disse, ‘vamos trocar o celular?’ Ela me ajudou a escolher tudo”, disse a mãe contente.

 

Por Julisandy Ferreira

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