Estiagem e geada elevam cesta básica ao “pódio” de mais cara do Brasil

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Foto: Reprodução

Entre as cidades pesquisadas, Campo Grande foi a que registrou maior aumento em agosto

Fenômenos climáticos, como estiagem e geada contribuíram para o aumento significativo do valor da cesta básica em Campo Grande. Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o preço médio do conjunto de alimentos para o mês de agosto subiu 3,48%, a maior diferença mensal entre as 17 capitais pesquisadas no país.

O valor da cesta comercializada na Capital já marca a média de R$ 609,33. A cifra também representa a segunda maior elevação do país, em um ano. A diferença é um aumento de 25,78% desde julho de 2020. A economista Andreia Ferreira explica os elementos que justificam o atual cenário.

“Especialmente no mês de agosto, essa questão da variação climática foi o que mais influenciou. Temos observado há alguns anos a diminuição da área plantada, troca de culturas e casos de agricultores que trocaram as safras de feijão por milho e que terão dupla perda, pois não se recuperou o feijão e perdeu-se o milho. Isso afeta na cesta básica porque o milho é usado na ração dos animais, por exemplo”, explicou Ferreira.

Ainda de acordo com a economista, existem outros motivos que impulsionaram os saltos nos preços da cesta de alimentos. A pandemia ajudou nesse processo de agravamento, como avalia Andreia Ferreira. “Tivemos outras questões durante a pandemia também. A gente estava crendo que o cenário pandêmico estaria mais resolvido do meio para o fim do ano.

Mas, na verdade, foi quando a gente viu que os casos de COVID-19 aumentaram. Então, ocorreram as restrições, o aumento do desemprego, a redução do auxílio emergencial. Isso fez com que as pessoas tivessem de ir se ajustando”, concluiu.

O estudo do Dieese revela ainda que o valor da cesta registrado no mês passado, em Campo Grande, compromete mais que a metade do salário-mínimo vigente, de R$ 1.100. A fatia correspondente ao conjunto dos alimentos representa 59% sobre os ganhos, sexta maior porcentagem no país.

Alimentos mais caros

Outro dado divulgado pelo departamento mostra grande variação em um mês para itens básicos de consumo. A batata foi o alimento que mais subiu em comparação com o que foi registrado em julho deste ano, 30,28%. O preço médio para o produto ficou em R$ 3,27.

Engrossando a lista dos alimentos que mais tiveram elevação, a banana aparece com aumento de 25,99%, seguida de tomate (7,95%), café em pó (6,60%), açúcar cristal (3,62%), manteiga (1,42%) e carne bovina (0,26%). A evolução dos preços praticados pelo mercado justifica a alta da inflação do país que, acumulada em 12 meses, atinge 8,99%. Acesse também: Maior geração de empregos em julho é de pequenos negócios

(Texto: Felipe Ribeiro)

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