Especialista recomenda o uso de máscaras na região pantaneira pela baixa qualidade do ar

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Imagem: Marcos Maluf

Fumaça de queimadas equipara a situação com a de grandes metrópoles

A má qualidade do ar em Mato Grosso do Sul, causada pelas queimadas e altas temperaturas, está prejudicando diretamente a vida das pessoas. Especialistas dizem que as partículas poluentes que estão sendo lançadas no ar podem nos obrigar a utilizar máscaras, como o que já é recomendado para quem vive em grandes metrópoles, que sofrem com poluições urbanas.

De sexta-feira (17) para sábado (18), segundo dados do Programa de Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Mato Grosso do Sul apresentava 356 focos de incêndio, deixando o Estado em segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas do Mato Grosso (562)

Deste total de focos de MS, 79% ocorreram no Pantanal (282), 70 no Cerrado e quatro na Mata Atlântica. No Pantanal, dos 282 focos, 192 (68%) ocorreram em Corumbá, 66 (23,4%) em Miranda e 24 (8,5%) em Aquidauana. Inclusive, a Cidade Branca também está na segunda colocação dos municípios com mais focos no país, mas com um total de 213 focos.

Vale ressaltar que, devido às altas temperaturas, o mês de novembro apresentou um aumento de mais de 7000% no número de focos na região do Pantanal, se comparado com o ano anterior. Conforme noticiamos na edição deste sábado (18), dados do Programa de Queimadas apontam que de 1º a 17 de novembro foram registrados 1.334 focos no bioma, enquanto que no mesmo período, de 2022, foram apenas 18 focos identificados.

O jornal O Estado MS conversou com o professor e doutor em geofísica espacial, Widinei Alves Fernandes. Ele enfatizou que, no mundo todo, cerca de sete milhões de pessoas morrem pela exposição a ambientes poluídos, que aumentam o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral), problemas cardíacos e respiratórios

“A qualidade do ar em Campo Grande é considerada boa em quase todo ano, mas tem eventos que aumentam a incidência de partículas poluentes, como o período de queimadas, em que é importante a população ficar em alerta”, destaca o doutor.

Conforme explicação do professor, o índice de qualidade do ar é medido pela concentração de partículas. Quanto menor o índice de partículas poluentes, indica que a qualidade está boa. Quando temos queimadas muito grandes em regiões próximas, pode chegar a ser considerada ruim e muito ruim.

“Essas partículas são muito finas, são inaladas e entram no sistema respiratório e as mais finas, até na corrente sanguínea. O corpo fica sujeito a essas partículas e isso potencializa doenças. Essas medidas são utilizadas para medir a poluição em países como Arábia Saudita, China e Índia. Em Campo Grande, ainda não é necessário o uso de máscaras, mas na região pantaneira, sim”, conclui o professor.

De acordo com informações da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, houve aumento de 6% nos atendimentos relacionados ao calor, nas Unidades de Urgência e Emergência, principalmente para pacientes idosos.

O calor pode diminuir, segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), pois há probabilidade de chuvas e tempestades acompanhadas de raios, rajadas de vento e eventual queda de granizo. Tais instabilidades ocorrem devido ao intenso fluxo de calor e umidade vindo da Amazônia, aliado ao avanço de uma frente fria oceânica.

Fatalidade

Uma sul-mato-grossense sofreu parada cardiorrespiratória, possivelmente por conta do calor extremo, durante o show da cantora Taylor Swift, realizado na última sexta-feira (17), no estádio Nilton Santos, conhecido como Engenhão, no Rio de Janeiro. Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, é natural do município de Sonora e estava ansiosa pelo show,

Por meio de nota, o prefeito Enelto Ramos da Silva (PP) disse que “é preciso que seja apurado urgentemente se houve restrição ao acesso à água dentro do Engenhão, ainda mais diante das altas temperaturas enfrentadas ultimamente. Pedimos transparência na divulgação das informações a respeito do ocorrido e que haja Justiça, que isso jamais volte a acontecer e que medidas sejam tomadas com toda a seriedade e responsabilidade possíveis”.

 

Por – Kamila Alcântara e Michelly Perez

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