Escola municipal se destaca por projeto de alfabetização na Vila Nasser
As aulas presenciais pós-pandemia já voltaram há algum tempo, nas escolas do Brasil. Em Campo Grande, na Reme (Rede Municipal de Ensino), o retorno ocorreu em julho de 2021, de forma gradativa. Entretanto, mesmo estando já no segundo ano das aulas 100% presenciais, o impacto do período em que os estudantes passaram pelo ensino remoto, via internet, ainda é perceptível nas salas de aula.
E como alusão ao Dia da Escola, celebrado no dia 15 de março, o jornal O Estado está trazendo uma série especial sobre a importância das instituições, não poderíamos deixar de falar dos reflexos causados pela pandemia no aprendizado dos alunos. Para tentar solucionar o déficit educacional, a rede municipal lançou, neste mês, o projeto “Aprender Mais na Reme”, voltado à alfabetização e letramento dos alunos do 5º ano, que tiveram dificuldade no aprendizado durante a pandemia.
De acordo com a superintendente de Políticas Educacionais, Ana Dorsa, 47, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) estava recebendo, desde o começo do ano letivo, por parte dos professores e diretores, que principalmente as turmas de 5º ano estavam apresentando dificuldades, tendo em vista que, em 2020, quando iniciou a pandemia da covid-19, os alunos estavam, justamente, no processo de alfabetização.
“A Semed precisa ser o apoio para as escolas, então, criamos esse projeto para atender aos anseios dos nossos diretores e professores, pois a gente não pode mais se omitir. Depois que a pandemia foi controlada, não foram pensadas ações pontuais para essa temática, então, sensíveis, nós idealizamos o projeto que, primeiro, dá às escolas autonomia da arquitetura, de organização, porque ela sabe como atender à demanda, porque o que queremos é que a criança seja atendida. Segundo, a direção selecionou seus melhores professores em alfabetização para atender aos alunos”, explicou.
Para o projeto, a Semed também disponibiliza dois cadernos. Conforme a superintendente, um que trabalha a alfabetização e outro para consolidação do aprendizado. A equipe do jornal O Estado foi até a Escola Municipal Professor Licurgo de Oliveira Bastos, na Vila Nasser, conhecer o projeto, que acontece em uma sala da biblioteca, sob o comando da professora Cassia Mendes Abreu, 44. Ela explicou que as dificuldades de cada aluno foram incluídas.
“Nós elencamos diversas dificuldades, como interpretação, processo de formação de palavra, construção do texto, então, eu separo os alunos por dificuldades que precisam ser consolidadas. Esse projeto possibilita aos alunos retomarem os conteúdos que ficaram com dificuldade nesse pós-pandemia e, como a turma é pequena, eu consigo realizar um atendimento mais individualizado, assertivo e assistido, quase que particular”, assegurou.
A aluna Emily Vitória, 12, está fazendo reforço para melhorar sua construção de texto. Ela afirmou que encontrou bastante dificuldade, ao estudar de forma remota na pandemia. “Já estou na minha segunda aula, estou gostando. Eu senti falta da escola, dos professores, encontrei dificuldades por estudar em casa”.
A diretora da escola, Claudeci de Paula de Almeida, 52, reforçou a importância do projeto neste pós-pandemia e ainda do ensino, praticamente, particular do professor com o aluno. “Esse contato particular é muito importante, porque você sai do todo, que é na turma que ele estuda, e atende ao aluno na sua especificidade. Estou encantada com o projeto e com as devolutivas que tenho, da coordenação e da professora, em relação à aprendizagem”, reforça.
A Escola Licurgo é uma das maiores da Reme
A Escola Municipal Professor Licurgo de Oliveira Bastos é uma das maiores da Rede Municipal de Ensino (Reme). A instituição foi criada em 1980, mas inaugurada meses depois, no aniversário da Capital, 26 de agosto do mesmo ano. Neste ano de 2023, atende a mais de 2 mil alunos do grupo 4 até o 9º ano do ensino fundamental. São 64 turmas, entre matutino e vespertino.
Além da educação básica, o colégio dispõe de diversas atividades para os alunos realizarem em seu contraturno. Entre elas, dança regional, xadrez, escultura, natação, fanfarra, futsal, entre outras. Conforme a diretora escolar Claudeci, a semana em celebração ao Dia da Escola reforça a importância de manter os alunos dentro da instituição de ensino.
“É ter o aluno, pois nós precisamos do aluno dentro da escola e que as famílias entendam a importância de o aluno estar dentro da escola e não fora. Estar na semana do Dia da Escola é fundamental e sabemos, pois, como disse Paulo Freire, é a partir da escola, de dentro da escola, que o aluno se torna, vivencia sua cidadania, e sai para o mundo”, afirmou.
“Sou apaixonada pela alfabetização”
Claudeci de Paula é diretora da escola Licurgo há seis anos, mas a história dela com o colégio começou há muito tempo: ela foi aluna, da 1ª até a 8º série. “Eu entrei no ano que abriu a escola, 1980, e sai daqui com 13 anos, noiva. Aí, concluí o ensino médio e fiz o magistério. Retornei em 2006, como supervisora. Nossa! Lembro-me que no dia foi um misto de emoção e pavor, tinha medo, receio, era uma responsabilidade, saí aluna e, anos depois, retornei como supervisora”, contou.
Mas, da família não é só a Claudeci que tem história com a escola. Sua mãe foi merendeira e suas filhas e netas estudaram no Licurgo. “Atravessou gerações: minha mãe, eu, filhas e netas”, disse, emocionada.
Claudeci tem 33 anos de educação, começou como professora, em 1990. “Sou apaixonada pela alfabetização, tenho uma vida dedicada à educação”, finalizou.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS.
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