Divergências fazem com que alguns acreditem e outros tenham dúvidas sobre o 2º turno
Os erros dos institutos de pesquisa nas estimativas de intenção de voto para o primeiro turno das eleições de 2022 se tornaram o foco. Um resultado equivocado e contrário às pesquisas deixou os eleitores mais atentos para o segundo turno, quando a disputa pelo Governo de Mato Grosso do Sul será decidida nas urnas no próximo dia 30 de outubro. O jornal O Estado foi às ruas do centro da Capital para saber: as pesquisas de intenção de voto influenciam na escolha do candidato?
Surpresos com o resultado do primeiro turno, que não era o previsto segundo as pesquisas, alguns afirmam que estão analisando propostas e projetos dos candidatos para o próximo dia de votação, mas sem confiar fielmente nas pesquisas, já que o cenário não foi previsto nos últimos levantamentos. Para a pedagoga Andréia Ojeda, 45 anos, o resultado da eleição surpreendeu muito pois as pesquisas para governador do Estado indicavam outro cenário. “Eu fiquei abismada, sem conseguir compreender o que exatamente aconteceu, porque simplesmente, na minha opinião, André Puccinelli teria vencido. De repente, poderia até ficar no segundo turno, mas assim também poderia ganhar já no primeiro turno. Ele é uma pessoa bastante conhecida. Foi o meu voto, mas não foi baseado nas pesquisas, porque eu não acredito muito nelas”, destacou.
Já para o vendedor Leonardo César, 26 anos, as pesquisas realmente não influenciam de maneira alguma em sua escolha, mas ele acha que uma reviravolta na eleição é algo comum, pois o eleitor pode facilmente mudar de ideia até a hora da votação. “Eu só acho que as pessoas pensaram melhor em renovar os cargos políticos”, disse a O Estado.
À medida em que a apuração das urnas eleitorais era totalizada no último domingo (2), os resultados de pesquisas divulgados no dia anterior desapareciam cada vez mais, e ainda assim conseguiram surpreender eleitores que votaram fora da bolha que aparecia nos primeiros lugares das pesquisas, que é o caso da operadora de caixa Isabela Wine, 22 anos, que afirmou ter votado pela renovação de governantes. Para ela os jovens deveriam pensar em mudar e não em deixar os mesmos de sempre. “Não concordo com a escolhas no governo e acho que existiam opções melhores. Eu acho que isso é uma coisa que já passou, tem de inovar”, afirmou.
Fala, povo
As pesquisas de intenção de voto influenciam sua escolha?
Visando obter informação sobre o que a população acredita na importância dos resultados das pesquisas para a hora de escolher um candidato ou outro, a equipe de O Estado foi às ruas e conversou com moradores de diferentes idades e sexos
Em sua maioria, eles pontuam que, mesmo tendo pesquisas pertinentes, a divergência dos pontos apresentados no 1º turno faz com que, para o 2º período, outros fatores também sejam analisados.
Flavio Barbosa, 48 anos – Artesão
Acredito que não. Cada um tem suas crenças, suas verdades, e acho que a pesquisa apenas mostra um favoritismo, mas sem eleger ninguém. Essa é uma escolha pessoal de cada um.
Stella Rodrigues, 25 anos – Vendedora
Para mim não influencia. O que a massa pensa não pode definir o que eu acredito, então se escolhi um candidato, votarei nele, independente dos números das pesquisas que vemos por aí.
Nicoly Rossato, 20 anos – Promotora de vendas
As pesquisas não têm sido muito confiáveis, o cenário atual não era o que apontavam as pesquisas. Acredito que cabe a cada um de nós analisar as propostas e ver o que é melhor para o nosso futuro.
José Aparecido, 47 anos – Chefe de cozinha
As pesquisas divulgadas não influenciam, mas a boca do povo, sim. A gente, que trabalha com o público diariamente, analisa o que o povo está querendo, e muitas vezes vai contra as pesquisas.
Thiago Dornelas, 26 anos – Barbeiro
Mesmo sendo jovem, acho que não influencia. Acho que todos temos de ter o nosso próprio posicionamento, e decidir o que queremos não só para o nosso amanhã, mas também para o agora.
Maria Aparecida, 65 anos – Doméstica
As pesquisas deveriam ser confiáveis, para termos uma noção do que a população quer, mas não é isso que tem acontecido e temos visto. Já fui muito influenciada antes, mas agora fico atenta a outros aspectos.
Maria Fonseca, 54 anos – Cabeleireira
Já me decepcionei muito, em achar que um iria ganhar, e acabou o outro ganhando. Hoje em dia, acho que não influencia mais, não, cada um vai com sua percepção e vota no candidato escolhido.
Samuel Anastácio, 65 anos – Policial militar da reserva
De jeito nenhum. Desde sempre meus candidatos estão escolhidos e pesquisas não me fizeram repensar ou ter a possibilidade de talvez mudar de ideia. Não vai ser no 2º turno que isso vai mudar.
Lara Franco, 20 anos – Vendedora
Com tanta informação hoje em dia, deveria ser algo que facilitasse a análise dos candidatos, mas, sem a veracidade, acredito que acaba não influenciando e cada um escolhe seu candidato como bem entender.
Luiz Henrique, 34 anos – Técnico em celular
Depois do que vimos no último domingo, não dá pra confiar nas pesquisas, não. Eu pelo menos, não serei mais influenciado na hora de escolher o meu voto, porque eu não acredito mais nessas pesquisas.
Pedido de CPI sobre institutos de pesquisa será tratado com normalidade
Até 20h30 dessa terça, a assessoria de Marcos do Val confirma ter recolhido 16 assinaturas; são necessárias 27.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, na última terça-feira (4), que o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar institutos de pesquisa, articulado pelo senador Marcos do Val (Podemos-GO), será tratado dentro da normalidade e de acordo com o regimento da casa. “Será dado o tratamento devido a todo pedido de CPI, a avaliação dos requisitos e o encaminhamento dentro da normalidade do regimento”, disse, ao ser questionado sobre o assunto.
Pacheco afirmou ainda não ter avaliado o mérito do pedido e ressaltou que o requerimento não foi formalizado com as assinaturas suficientes. São necessárias, ao menos, 27 assinaturas em apoio a um pedido de CPI para que seja analisado oficialmente. Até às 20h30 da última terça, a assessoria de Marcos do Val informou ter reunido 16 assinaturas em prol da CPI. “Uma vez feito, vamos fazer obviamente uma avaliação”, acrescentou Pacheco.
Marcos do Val apresentou, na segunda-feira (3), um pedido de CPI para “apurar, mediante exame técnico, os sistemas de realização de pesquisas eleitorais de intenção de voto pelas principais empresas e institutos do país, com a finalidade de aferir as causas das expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados”.
Do Val argumenta que há “expressiva discrepância entre a intenção de voto aferida e os resultados efetivamente apurados, notadamente as de curtíssimo prazo”.
Os institutos de pesquisa se tornaram alvo de questionamentos após o primeiro turno das eleições por causa da diferença entre os resultados das urnas e as projeções para a disputa presidencial feita nos dias que antecederam o pleito. Os contrastes também foram observados nas disputas estaduais.
Por Brenda Leitte e Camila Farias – Jornal O Estado do MS.
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