Entrevista da Semana é com o deputado estadual Gerson Claro

‘Estamos mostrando aos pré-candidatos que o PP é um grande partido em nível nacional’, diz parlamentar

A indicação a líder do governo, em substituição a Barbosinha (DEM), acende os holofotes para a atuação do deputado estadual Gerson Claro (PP). Será ele o responsável por apresentar e fazer as articulações para aprovação dos projetos do governo em ano eleitoral. As eleições 2020 mexem no ritmo da Assembleia Legislativa, pois diversos parlamentares concorrerão ao cargo de prefeito. “As dificuldades a serem encontradas vão ser para que os projetos caminhem, defender o interesse público e as pautas positivas, e oferecer sustentação ao governo”, disse o novo líder do governo em entrevista ao jornal O Estado. O PP é um dos partidos que têm se mantido fiéis à base do governador Reinaldo Azambuja. Esta sintonia leva a caminhar juntos em algumas candidaturas municipais. O PP espera lançar o Delegado Cleverson em Costa Rica, com apoio dos tucanos. E o PSDB, confirmar Marcelo Iunes, candidato à reeleição em Corumbá, com a chancela dos progressistas. Gerson Claro diz que o número 11 está no imaginário popular. A sigla tem as condições de repetir e até mesmo ampliar a bancada de vereadores na Capital. Ele reforça que sempre o PP lança candidatura a majoritária em Campo Grande e há expressivos números de votos. A sigla, que antes tinha como foco a figura de Alcides Bernal, hoje trabalha o nome de Esacheu Nascimento, diretor-presidente da Santa Casa de Campo Grande, como pré-candidato. Gerson Claro é natural de Itaporã, tem como base eleitoral as cidades do Conesul e Sidrolândia. Professor de História, formou-se em Direito, entrou na vida pública sendo diretor da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), experiência que o levou a comandar o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), entre os anos de 2015 a 2017. Confira a entrevista:

O Estado: A sua indicação como líder do governo vem muito da aproximação que criou entre o PP e PSDB e também das possíveis alianças nas eleições municipais. Mas há algum tipo de receio em relação à aceitação do seu nome pela bancada do PSDB?
Gerson Claro: A indicação do líder na realidade não é tanto pela aproximação partidária. Mas, sim, vem de uma decisão do governo de colocar um parlamentar que possa representá-lo e fazer as articulações para que os projetos doe interesse do Estado e de interesse público sejam debatidos e passem pela Assembleia Legislativa. Toda unanimidade é considerada burra. Tenho tido um bom relacionamento desde 2019 com o governador Reinado Azambuja, do seu jeito tem tocado bem o nosso Estado, inclusive com bastante diálogo com a oposição. Ter diferença é algo natural. E durante este tempo como líder venho mantendo um bom relacionamento com os demais parlamentares e boa aceitação de todos os colegas.

O Estado: Pode-se esperar do PP sempre a base do Reinaldo Azambuja na Assembleia?
Gerson Claro: O Partido Progressista é base do Reinaldo. Tem este compromisso que vem desde a eleição. Estaremos juntos nos pleitos municipais e, nos momentos oportunos, levar os planos e programas de campanha do partido ao governo. O PP sempre terá este compromisso de discutir pautas de interesse público e aquilo que o partido entender que seja necessário, alterações ou mudanças do projeto vindo do governo, iremos apresentar. A nossa essência será ajudar o governador Reinaldo Azambuja a fazer uma gestão equilibrada. Para que o Estado saia deste marasmo, que há muito tempo vem contaminando as administrações públicas.

O Estado: No interior, há articulações avançadas como de Costa Rica, com a pré-candidatura do Delegado Cleverson, que se filiou ao PP na tentativa de derrubar a hegemonia do MDB na região. O Delegado Cleverson terá apoio do PSDB e do PSD na disputa?
Gerson Claro: Há um momento oportuno para serem discutidas as articulações. Porém, na política, sabemos que as bases se movimentam por si mesmas. Em alguns municípios há uma tendência de estar com o governo. Tanto eu como o deputado Evander Vendramini (PP) temos um bom relacionamento com o governador, existe uma tendência natural de conciliar com os projetos no interior. É óbvio que, em algumas cidades, haverá embates. Mas onde se puder conciliar ou fazer aliança para disputar a eleição, o PP vai fazer. Em Costa Rica é um exemplo, a própria candidatura do Delegado Cleverson nasceu de um anseio da população, conversado com diversos partidos. Pudemos filiá-lo ao PP. Mas é uma candidatura que nasce das convergências de ideias.

O Estado: O PP vai apoiar o tucano Enelvo Felini na Prefeitura de Sidrolândia para vencer Zeca do PT, nome que surge na disputa eleitoral?
Gerson Claro: Existe esta possibilidade de apoiar a candidatura de Enelvo. Na política, nada é impossível. Em Sidrolândia, o PP conta com uma liderança forte do vereador Kennedi Mitrioni, na direção municipal. Filiaremos de três a quatro vereadores na cidade. O partido vem para a disputa com muita força em Sidrolândia, principalmente para chapa de vereadores. Nós teremos de quatro a cinco candidatos concorrendo ao cargo. No que diz respeito ao prefeito, o PP já foi procurado pelo ex-prefeito Daltro Fiuza (MDB) e pelo Enelvo Felini (PSDB). A gente até orienta que os pré-candidatos procurem as lideranças para que depois a direção do partido possa dar o aval. No que a gente puder compartilhar com esses pré-candidatos aos nossos projetos receberá nosso apoio. A princípio o partido não terá candidato em Sidrolândia; fará aliança.

O Estado: Em Corumbá, existe a possibilidade de Evander Vendramini sair para concorrer à prefeitura?
Gerson Claro: O Evander tem manifestado restritamente apoiar o prefeito Marcelo Iunes (PSDB). Até porque o prefeito Marcelo foi importante na sua eleição a deputado. E ele conta com uma boa avaliação sobre a sua gestão. Então, se caminha a uma aliança entre PP e PSDB em Corumbá.

O Estado: O partido vai lançar Esacheu Nascimento na Capital? Quais os nomes sondados ao cargo de vice?
Gerson Claro: Nesta questão de candidatura quem toca é o próprio pré-candidato e o diretório municipal. Em Campo Grande, o presidente municipal é o vereador Cazuza, que está trabalhando muito forte para organizar uma chapa. Nesta eleição municipal não será mais permitido fazer coligação. Então, muitos partidos terão muitas dificuldades de compor chapa. O PP avançou muito nesta questão pois já tem três vereadores, e acredito que o partido tem condições de ampliar a representatividade, até porque não há um nome expoente de votos, mas, sim, com bastante nomes que concorreram à eleição e receberam bons números de votos. O vereador Cazuza tem trabalhado em cima dos candidatos vereadores ao passo que o Dr. Esacheu Nascimento, pré-candidato, tem feito reuniões sistemáticas com a população, com a classe política, sindicalizados e líderes comunitários. Esacheu tem ouvido bastante o público e tem um nome à frente da Santa Casa de Campo Grande. Vejo como uma pessoa bastante preparada para disputar a prefeitura. É um trabalho embrionário, que deve se aquecer agora em março com a candidatura de Esacheu a ser lançada. Sobre a condição de vice, vai ser discutida mais para a frente, com uma possibilidade de aliança. Eu penso que é muito imaturo falar de vice neste momento.

O Estado: Hoje, o partido tem três vereadores em Campo Grande: Cazuza, Dharleng Campos e Valdir Gomes. O último sinaliza saída para o PSD, do Marquinhos Trad. Como o partido fará para evitar uma debandada e manter as três cadeiras do Legislativo?
Gerson Claro: Estamos mostrando aos pré-candidatos que o PP é um grande partido em nível nacional. Temos um histórico de votos da legenda dentro de Campo Grande, principalmente quando lança candidatura própria. O número 11 está no imaginário popular. O partido tem condição de repetir e até mesmo ampliar a bancada de vereadores na Capital. Às vezes o candidato pensa em sair do partido, sem pensar muito, onde encontrar um partido em que possa se reeleger com menos dificuldade. Então, a gente convida os progressistas a continuarem no partido e acreditarem que o PP terá uma chapa competitiva.

O Estado: O PP está como, após as brigas entre Alcides Bernal e Evander Vendramini pela presidência regional?
Gerson Claro: Eu vejo que o PP está mais maduro. É bom reforçar que o ex-presidente regional Alcides Bernal não saiu do partido. Ele vive período de espera na questão da sua legibilidade e o Evander Vendramini vem tocando o partido com bastante tranquilidade. Ele é uma pessoa com muita maturidade, experiente com diversos mandatos, foi presidente da Câmara de Corumbá, uma pessoa bem articulada. Conduzindo o partido para que possa crescer. Pela maturidade e o diálogo construído com outros partidos, a tendência é de que o PP venha a ter fortes candidaturas, inclusive vindo com a presença do Bernal em alguma chapa.

O Estado: Hoje, o Alcides Bernal exerce alguma liderança no partido? Como vê a sua força política?
Gerson Claro: Bernal é um líder nato. Qualquer pesquisa que inclua o nome de Alcides Bernal em Campo Grande será citada. Ele traz com ele um clamor popular. Temos de destacar que Bernal foi prefeito e viveu uma das piores experiências, a cassação. Bernal tem apoio de parte da população; isso tem de se levar em consideração.

O Estado: Como vem lidando com o mandato sendo o primeiro na vida pública?
Gerson Claro: Eu estou motivado a continuar a trabalhar. No primeiro ano que completei como deputado estadual participei diretamente das aprovações de alguns temas importantes. Faço parte de comissões que são destaques, como a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), Execução Orçamentária, Educação e Cultura. Tenho feito trabalho de atendimento aos prefeitos e vereadores do interior. Dialogando muito politicamente. E procurando retribuir com trabalho os votos recebidos dos eleitores. Está sendo uma experiência fantástica. Eu gosto de desafios. Recebo como missão a liderança do governo. Quero desenvolver com responsabilidade e poder repetir, pelo menos, o trabalho feito de excelência dos anos anteriores.

O Estado: Quais os maiores desafios a enfrentar como líder do governo, que enfrenta segundo mandato?
Gerson Claro: O maior é fazer com que as pautas do governo sejam discutidas mesmo em período eleitoral, enfrentando um espaço onde há diferentes correntes ideológicas e divergências partidárias, que é Assembleia Legislativa. É um ano em que alguns parlamentares vão lançar candidaturas a prefeito nos mais diferentes municípios. E as dificuldades a serem encontradas vão ser de que os projetos caminhem, defender o interesse público e as pautas positivas, e oferecer sustentação ao governo para que possa fazer as entregas à sociedade, pela qual o governador e deputados fomos eleitos.

(Texto: Bruno Arce)

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