Em Três Lagoas, presidente da Petrobras anuncia “primeiro passo” para retomar obras da UFN-III

Foto: Mairinco de Pauda
Foto: Mairinco de Pauda

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou na manhã dessa sexta-feira (26), em Três Lagoas, o primeiro passo para a reativação da obra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) que está paralisada desde 2014 naquele município.

Prates visitou Mato Grosso do Sul exclusivamente para vistoriar o empreendimento; ele foi recepcionado pelo governador Eduardo Riedel, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, deputados, prefeitos e demais autoridades.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet – que integrou a comitiva – dirigindo-se ao presidente da Petrobras, disse que a UFN-III não é apenas “um sonho do povo de Mato Grosso do Sul”, mas uma necessidade prioritária para o desenvolvimento do Brasil.

O presidente da Petrobras disse que estava na cidade “cumprindo uma missão que, legitimamente, foi passada pelo povo brasileiro ao presidente Lula”. Ele lembrou que fazia parte do Plano de Governo de Lula buscar a autonomia do Brasil na produção de fertilizantes agrícolas, portanto, antes de se pensar em começar uma nova fábrica, é razoável concluir a que já está com mais de 80% concluída.

“Nós vamos fazer que dê certo”, afirmou Prates, reiterando sua confiança na viabilidade do projeto. “Esse miolo aqui é capaz de produzir um terço dos grãos que produzem os dois Mato Grosso”, disse, referindo-se à região que circunda a planta da fábrica de fertilizantes. “Esse foi o raciocínio ao implantar a usina em Três Lagoas”, continuou, citando ainda a abundância de água e a proximidade do gasoduto Brasil-Bolívia, dois insumos fundamentais para a produção de fertilizantes.

O presidente da Petrobras e diretores da área técnica fizeram uma vistoria à planta. Prates adiantou que os profissionais que ficaram responsáveis pela guarda do patrimônio “fizeram um serviço excelente, ela está super bem cuidada”, e anunciou que, em paralelo a essa agenda, está em curso a avaliação técnica e econômica do projeto.

“É como se a gente estivesse começando do zero, mas aproveitando todo o processo que já existe. Uma vez definida a viabilidade econômica, o quanto é viável, o que falta para ser mais viável para poder ajudar o projeto ao longo da vida dele, nós, então, poderemos anunciar a retomada das obras, a contratação de edital ou a vinda de um parceiro nosso. A gente ainda está definindo tudo isso”, disse.

Não quis fixar prazo, embora tenha reiterado que a empresa trabalhe com o cronograma 25/26 “desejavelmente”, mas isso vai depender do desenvolvimento das obras. Em outubro do ano passado, a Petrobras alterou seu estatuto e a produção de fertilizantes voltou a fazer parte do conjunto de produtos e atividades da empresa.

O secretário Jaime Verruck disse estar “muito confiante” com a sinalização feita pelo presidente da Petrobras da retomada das obras. Verruck afirmou que havia conversado com Prates pouco antes da entrevista coletiva e previu que Três Lagoas irá retomar o ritmo de grandes investimentos e impulsionar seu desenvolvimento com a conclusão da UFN-III e com os empreendimentos da Arauco e da Eldorado anunciados recentemente.

O governador Eduardo Riedel também ressaltou o “ciclo positivo” que a região e todo Estado de Mato Grosso do Sul vivem, com o anúncio de vários investimentos dos setores público e privado. O governador lembrou da ferrovia que está em vias de ser construída ligando Aparecida do Taboado e Três Lagoas para escoar a produção de celulose. A ferrovia também é complementar à produção de fertilizantes da UFN-III, disse Riedel. “Um grande ganho e um diferencial competitivo para a operação dessa fábrica aqui”, completou o governador.

Histórico

As obras da fábrica em Três Lagoas começaram em 2011 e deveriam ser concluídas em três anos e meio, mas foram paralisadas em dezembro de 2014 com 81% concluídas, quando a estatal rescindiu contrato com o consórcio responsável pela construção alegando não cumprimento de compromissos trabalhistas e com fornecedores. A construção ficou paralisada desde então.

Em fevereiro de 2018 a Petrobras engendrou negociações para vender a planta ao grupo russo Acron. Executivos da empresa chegaram a visitar a Bolívia para negociar diretamente com o país vizinho o fornecimento de gás natural. Em fevereiro de 2022, a Petrobras chegou a confirmar, por meio de comunicado de mercado, que havia fechado acordo para as minutas contratuais da venda da UFN-III ao grupo russo.

Executivos da empresa chegaram a visitar a Bolívia para negociar diretamente com o país vizinho o fornecimento de gás natural. Em fevereiro de 2022, a Petrobras chegou a confirmar, por meio de comunicado de mercado, que havia fechado acordo para as minutas contratuais da venda da UFN-III ao grupo russo. Entretanto, ao ser divulgado o Plano de Negócios da Acron, ficou claro que o grupo não tinha intenção de concluir a fábrica de fertilizantes e, sim, instalar apenas uma misturadora do produto. O Governo de Mato Grosso do Sul e a Prefeitura de Três Lagoas, que concederam incentivos fiscais para a atração do empreendimento, opuseram-se ao Plano de Negócios e a Petrobras cancelou a venda.

Por fim, em novembro do ano passado, a Petrobras decidiu retomar a construção da fábrica. Ao divulgar os detalhes do plano estratégico de investimentos para o período de 2024 a 2028, a petrolífera deu destaque à retomada da construção da UFN-III com a expectativa de concluir as obras num prazo de até dois anos. Agora, a previsão de retomada das obras passou para fim de 2024.

A UFN-III ocupa uma área total de aproximadamente 965 mil metros quadrados (o que equivale a 116 campos de futebol), sendo que somente a área construída corresponde a 667 mil metros quadrados. Na fase de obras a empresa projetou a contratação de cerca de 5 mil trabalhadores, enquanto na fase de operação, está prevista a geração de aproximadamente 505 postos de trabalho.

Assim que concluída, conforme descrito no EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental), a unidade deverá produzir aproximadamente 2.200 toneladas de amônia por dia e 3.600 toneladas de ureia por dia, ou seja, essa será a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados no Brasil.

A UFN-III terá um papel fundamental na redução da dependência sul-mato-grossense dos nitrogenados, contribuindo também para o País atingir a autonomia no setor de fertilizantes. Em 2022, Mato Grosso do Sul importou 145,8 mil toneladas de ureia e 205 mil toneladas de sulfato de amônia; em 2023 aumentaram as importações: 177,17 mil/ton de ureia e 211 mil/ton de amônia.

O Brasil também é grande importador de fertilizantes. Em 2022, conforme dados apurados pela Assessoria de Economia e Estatística da Semadesc, foram importados 7,09 milhões de toneladas de fertilizantes a base de ureia e 5 milhões de toneladas de sulfato de amônia; em 2023 os números passaram para 7,3 milhões/ton de ureia e 5,11 milhões/ton de amônia.

Com informações Semadesc

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