Em primeira audiência, familiares de menina espancada e estuprada mostram indignação

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Foto: Marcos Maluf

Encontro contou com a presença dos pais da acusada e cinco testemunhas de acusação sobre o caso

Na tarde de ontem (17), foi realizada a primeira audiência do crime que ocasionou a morte de uma menina de 2 anos 7 meses, espancada e estuprada pelo padrasto e pela mãe, no bairro Jardim Columbia, em Campo Grande. Nesse primeiro momento, o juiz Carlos Alberto Garcete ouviu cinco testemunhas de acusação, além do padrasto Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva, que estão presos desde o dia 26 de janeiro de 2023. 

Na ocasião, a primeira testemunha ouvida foi o pai biológico da criança, Jean Carlos Ocampo, que contou que foi casado com a suspeita por quatro anos e, nesse período, ele sempre cuidou de todos os afazeres da casa, inclusive no que se tratava dos cuidados com a bebê. “Eu que trocava fralda, levantava na madrugada, trabalhava em dois empregos e a única coisa que eu não podia fazer era amamentar. De resto, eu fazia tudo”, contou. 

Jean ainda explicou sobre o momento que começou a desconfiar que a filha estava sendo alvo de agressões. “Quando nos separamos, ela tinha 2 meses de vida e, nesse período, a Stephanie não deixava eu pegar minha filha, então, eu comecei a pegar ela pra ficar comigo quando ela tinha uns 6 meses e, por volta dos 9 meses, comecei a perceber alguns hematomas sem explicação, até que a avó dela entrou em contato comigo, dizendo que a neta vivia em situação insalubre, com roupas sujas, em um ambiente completamente inabitável”, destacou. 

O pai afirmou ainda que, nesse momento, procurou a polícia e Conselho Tutelar, quando foi marcado o exame de corpo de delito, no qual ele não conseguiu levar a menina. “Eu não conseguia levar minha filha no exame porque era a Stephanie que definia os dias que eu ia vêla, então, quando eu conseguia ficar com ela, os hematomas já estavam desaparecendo, mas, mesmo assim, eu tirava fotos e pedia explicação pra ela, que falava que a bebê tinha caído ou que se machucou, brincando com os irmãos”, explicou.

Em seu depoimento, o pai, que estava muito abalado, informou ainda que, nos últimos meses, tinha guarda compartilhada com a mãe, então ela ficava 15 dias com o pai e 15 dias com a mãe. “Quando eu falava que ia levar a Sophia embora pra casa da mamãe, ela entrava em desespero e eu sabia que estava acontecendo alguma coisa, tanto que fiz dois boletins de ocorrência e entrei com pedido de guarda, mas não tive sucesso.” 

O segundo a depor foi o pai de Stephanie, Rogério da Silva, avô da vítima, que afirmou não ter muito contato com a filha nem com a neta, mas a viu, pela última vez, no mês de outubro de 2022. “Eu percebia uns roxinhos no braço dela, mas é uma criança, então não passava pela minha cabeça que ela estava sendo espancada”, citou. 

Rogério ainda relembrou que não tinha atrito com a filha, mas também não a via com tanta frequência. “Eu sempre estranhei, inclusive, um dia minha esposa comentou sobre a possibilidade de um estupro, mas eu neguei, porque não queria acreditar”, disse.

Na sequência, quem depôs foi Deuziene da Silva de Jesus, mãe de Stephanie, avó da vítima, que afirmou que, no dia da morte, estava em contato com a filha, que chegou a mandar uma foto da neta e, no mesmo dia, disse ter levado a criança no posto de saúde. “Ela me mandou uma mensagem falando que minha neta tava passando muito mal, então eu orientei ela a pegar um Uber e ir para o posto, que eu encontrava ela lá, então ela foi, mas pouco tempo depois me ligou dizendo que a bebê havia falecido”, contou. 

A avó discorreu, ainda, sobre o momento em que viu a neta morta. “O médico me mostrou tudo, os hematomas, as partes íntimas, me fez colocar a mão na barriga dela, que estava dura”, relembrou. 

Sem contato com a filha desde a prisão, Deuziene disse que acredita que Stephanie foi conivente. “Ela me proibiu de ter contato com a minha neta, o que nos faz imaginar que ela queria esconder as agressões”, disse. 

O investigador de polícia, Babington Roberto, do GOI (Grupo de Operações e Investigações), contou que, no momento que a mãe foi informada que iriam avisar a polícia, começou a chorar e ficar nervosa. “Os dois foram conduzidos para a delegacia e ouvidos separadamente, e ele negou as agressões, dizendo que apenas dava palmadas e que a última agressão na vítima tinha sido há 3 dias. Nas mensagem dos celulares, eles combinaram dizer que a criança se acidentou no parquinho”, finalizou. 

Sem Casa da Criança, atendimento infantil passará a ser feito em sala da Cepol

Anunciada como medida para melhorar o atendimento ao público infantil, apesar se ser considerada como uma emergência, a Casa ainda não tem prazo para ser construída e nem mesmo o local, onde deverá funcionar. Com os casos que crescem a cada mês, visando suprir a demanda, a Polícia Civil deve migrar os atendimentos que, até então são feitos na Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher), para o Centro de Atendimento à Criança, dentro do Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), nas próximas semanas. 

O local pretende ser construído em uma área da União, que deve ter cerca de 3 mil m² e 1,1 mil m² de área construída, em 13 terrenos públicos. 

Por Tamires Santana e Brenda Leitte  – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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