Em poucas horas incêndio destrói 80% dos barracos na Comunidade do Mandela

Foto: Em meio à dor de quem
perdeu tudo, Tatiane
Ferreira chora, ao ser
retirada de casa/Marcos Maluf
Foto: Em meio à dor de quem perdeu tudo, Tatiane Ferreira chora, ao ser retirada de casa/Marcos Maluf

Além de abrigo, moradores vão receber alimentação e assistência

Choro, correria e medo tomaram conta das 270 famílias que residem na Comunidade do Mandela, localizada próximo ao bairro Izabel Garden e Jardim Presidente. Destas, 150 perderam seus barracos em um incêndio de grandes proporções que começou na manhã de ontem (16) e perdurou ao longo da tarde, na região norte de Campo Grande. Equipes mobilizadas pela Prefeitura de Campo Grande estão atuando para abrigar temporariamente aqueles que necessitam. 

O plano emergencial estabelece que os desabrigados serão inicialmente acolhidos em duas unidades, no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) da região e em uma escola municipal. Caso necessário, haverá uma nova unidade. Posteriormente, as famílias serão incluídas no programa de “Aluguel Social” e vão receber alimentação. Além disso, para quem optar por ficar no local, o Exército Brasileiro ofertou 50 barracas. Para apoiar o Corpo de Bombeiros, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) mobilizou quatro caminhões-pipas, máquinas e várias equipes.

Em visita na comunidade, segundo a prefeita da Capital, Adriane Lopes, 100 famílias já estão em meio ao processo de regularização fundiária, que, segundo a gestora, está avançado e que conseguiu alimentos para 10 dias. “Nós estamos buscando uma solução para essa comunidade, ela está em fase de regularização fundiária, um processo que teve início no ano passado, mas é moroso e temos burocracias a serem respeitadas. Agora nós vamos acolher a todos que querem acolhimento, os serviços da prefeitura estão à disposição e ninguém vai ficar sem atendimento”, garante. 

A prefeita pede ainda a ajuda de todos que puderem ajudar, uma vez que muitas famílias perderam tudo. “Foi um incidente e em caso de incidente a gente não tem como prever. O que podemos fazer agora é socorrer quem precisa e pedimos ajuda à população, para quem possa ajudar, somar. O Poder Público vai até uma altura e o voluntariado que quer ajudar pode se dirigir ao Cras do Estrela do Sul, onde eles estão sendo atendidos”, esclarece. 

 

Foto: Com o fogo controlado, patrolas já realizavam a retirada do que sobrou/Marcos Maluf

 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, vinte militares trabalharam na ação de combate às chamas e nove viaturas foram deslocadas para o atendimento. Não houve ferimentos e nem vítimas. Além disso, as autoridades investigam as causas do acidente e trabalham com duas hipóteses. A primeira, indica que o fogo pode ter começado em um fio e a segunda, indica que as chamas podem ter sido provocadas por fumantes que tenham jogado cigarro no mato seco, com o sol e o vento forte as chamas se espalharam rapidamente. 

‘Quem já tinha pouco, agora não tem mais nada’

“Para quem já tinha pouco, agora não tem mais nada” essa é fala da moradora Jaqueline Rocha Dias, 22. Em meio às lágrimas, ela contou, para a reportagem do jornal O Estado, que o seu barraco foi um dos últimos atingidos pelas chamas. No pequeno espaço, construído ao longo dos anos, ela morava com 14 pessoas, entre seus filhos, sobrinhos e a mãe, uma idosa de 67 anos. “Perdi tudo, não  consegui salvar meu gato, que acabou morrendo queimado. Por quê, Deus? Já é um pesadelo não ter uma casa e o pouco que temos se destrói em chamas”, ressaltou a morada, bastante abalada. 

 

Foto: Marcos Maluf

 

Em uma situação semelhante, Tatiane Ferreira, 32, contou que estava lavando roupa quando sentiu cheiro forte de fumaça. Ela mora com os dois filhos, de 11 e 12 anos. “Só consegui retirar meus filhos, um colchão e coberta, tudo se foi no fogo. Agora, a pergunta que fica é: para onde vou com meus filhos? Tudo que tinha dentro de casa foi conquistado com muito esforço e trabalho. Ver as chamas consumindo tudo, doí”, disse. 

A comunidade estava em êxtase na tarde de ontem (16), com medo das chamas voltarem e com receio de deixaram seus barracos, com medo de ter o pouco que ficou em meio aos destroços furtado. 

O pastor Marcelo Monteiro, que trabalha com a comunidade há alguns anos, cobra da prefeitura um lar para as famílias desde 2017. “Quatro incêndios foram registrados na comunidade e a prefeitura apenas promete e não retira as famílias dessa situação insalubre. Idosos e crianças correm risco de morte”, afirmou. 

Equipes no Pantanal

Recentemente, imagens de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul também ganharam as redes sociais. O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul atua de forma constante para controlar e extinguir os incêndios florestais no Pantanal. Em algumas regiões, as chamas persistem há, pelo menos, uma semana. 

 

 

As equipes, espalhadas por diversas fazendas, mantêm combate permanente e constante ao fogo. Outro ponto de atenção dos bombeiros é na região conhecida como Passo do Lontra. “Nessa região há o emprego massivo de militares, dada a proporção do incêndio, são muitas frentes do mesmo fogo, desde o dia que começou, já se estendeu por mais de 50 km, de uma ponta a outra”, explicou a tenente-coronel dos Bombeiros. 

Na última terça-feira (14), o Governo do Estado decretou situação de emergência nos municípios de Corumbá, Ladário, Miranda, Aquidauana e Porto Murtinho.

Doação

O Fundo de Apoio à Comunidade está fazendo uma campanha para a arrecadação de alimentos e itens básicos, que estão sendo levados para as famílias da comunidade do Mandela (saída para Cuiabá) que ficaram desamparadas e desabrigadas, por conta do incêndio ocorrido ontem (16). As doações poderão ser levadas até o FAC, que estará de prontidão para receber as doações nesta sexta-feira (17), a partir das 7h30. 

Também é possível ligar no 2020-1361, que dependendo do volume de itens, uma equipe irá buscar a doação no local indicado. Entre os itens que podem ser doados estão: alimentos, materiais de higiene, fraldas descartáveis, água mineral, limpeza, roupas, colchão, enxoval de cama e de banho, materiais de construção, entre outros itens básicos. 

Por – Michelly Perez

 

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