No último domingo, uma menina de apenas 11 anos foi estuprada e assassinada em Campo Grande.
O número choca, mas ele não está errado. Em média, foram feitos 18 registros de estupro de vulnerável por semana, em Mato Grosso do Sul, apenas neste ano. Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Mato Grosso do Sul), foram registrados 883 boletins de ocorrência de 1º de janeiro até a data de ontem, 12 de dezembro.
Somente na Capital, foram 286 registros envolvendo crianças, que tem idade até 11 anos, 11 meses e 29 dias, conforme o ECA (Estudo da Criança e do Adolescente). O caso mais recente envolvendo um menor, ocorreu na noite do último domingo (11), no bairro Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande. Uma menina de 11 anos foi estuprada e assassinada na própria casa. Segundo a polícia, a vítima estava muito machucada, inclusive as autoridades e os vizinhos do bairro ficaram bastante abalados com o crime.
“A cena era muito forte e a vítima estava bem machucada, todos ficamos extremamente abalados”, disse a delegada que atendeu a ocorrência, Karen Viana de Queiroz, plantonista da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
A criança foi encontrada caída no chão da cozinha pela mãe, que, segundo a delegada, estava a mais de sete horas fora de casa, em um bar ingerindo bebida alcoólica. O Corpo de Bombeiros Militar e o Samu foram acionados e tentaram reanimar a vítima por cerca de uma hora, com manobras e aparelhos, mas ela não resistiu.
A vítima estava em casa cuidando sozinha dos dois irmãos, um menino de três anos e um bebê com menos de um ano. De acordo com a plantonista da Deam, a residência era insalubre e não havia alimentos para as crianças. A mãe, 39 anos, que foi presa em flagrante alcoolizada por abandono de incapaz com resultado morte, prestou depoimento na manhã de ontem (12).
Conforme a delegada, ela tentou culpar os vizinhos e não aparentava estar abalada com a morte da filha e garantiu que não sabe quem possa ter cometido o crime. “O tempo todo ela tentou culpar os vizinhos, perguntando porque eles não viram o que estava acontecendo. Ela confessou ainda que essa não foi a primeira vez que deixou os três filhos trancados sozinhos em casa e que realizava programas sexuais na residência”, disse.
A mãe deve passar por audiência de custódia na manhã desta terça-feira (13). “Já representei pela prisão preventiva dela e agora o juiz vai decidir”, afirmou a delegada. Os outros dois filhos foram encaminhados para um abrigo pelo Conselho Tutelar e como os pais são diferentes, eles devem ser chamados para depor. Já o pai da menina faleceu há dois anos.
Ainda segundo a delegada, no local aproximadamente 10 vizinhos foram ouvidos e todos alegaram que a mulher deixa os filhos sozinhos com frequência e que um vizinho que mora ao lado da casa contou que ouviu um homem chamando pela mãe da criança no portão da casa, afirmando que precisava entregar um dinheiro para a mulher e que a menina atendeu o portão, respondendo que a mãe não estava em casa.
O vizinho ainda disse que após 10 minutos ouviu o choro do irmão e que foi até o portão ver o que estava acontecendo, quando flagrou o homem saindo da residência. “Nós temos as características e estamos à procura, mas não sabemos a motivação e autoria”, explicou.
O caso, será investigado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). (Colaborou João Gabriel Vilalba).
Acusado foi preso horas mais tarde
Já na tarde de ontem (12), o delegado da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e responsável pelo caso, Roberto Morgado, realizou uma coletiva de imprensa para dar detalhes da investigação e da prisão do suspeito de ter estuprado e assassinado a menina de 11 anos. Segundo ele, o suspeito, um homem de 31 anos, foi identificado com o apoio de imagens de câmeras de segurança e depoimentos de moradores da região.
“A partir daí a gente começou a fazer a ligação com as imagens na região, características dos indivíduos, várias pessoas foram ouvidas até que em entrevista com o suspeito quando ele confessou o crime primeiro informalmente e depois formalmente em seu interrogatório”, destacou. Ele disse que tinha ajustado com a mãe da vítima que seria garota de programa de fazer um programa sexual na residência. Só que ela saiu da residência, foi para um bar e ele compareceu na residência e foi recebido pela vítima, uma criança de onze anos”, pontuou.
Conforme a polícia, o suspeito teria entrado pela porta dos fundos da residência que estaria entreaberta e foi recebido pela vítima. Em seu interrogatório ele citou ainda que a menina teria começado a gritar e por conta disso, passou a agredi-la com socos e batido a cabeça da criança contra o chão.
“Segundo a versão dele, que é a que a gente tá trabalhando nesse ponto, a vítima teria se assustado e começou a gritar, ele não sabe explicar muito bem a questão do estupro. A perícia já nos adiantou que sim, ela foi estuprada e ele diz que não chegou a ter conjunção carnal”, relatou o delegado.
Os outros dois irmãos da vítima teriam presenciado o crime e um deles, de apenas três anos de idade, chegou a contar alguns detalhes para a polícia. O suspeito que já tem outras passagens pelos crimes de roubo e lesão corporal qualificada por violência doméstica, foi preso em flagrante e deve responder por homicídio qualificado, por motivo fútil, meio cruel, por ocultar ou garantir a impunidade de outro crime e o estupro de vulnerável. (Colaborou Bruna Marques).
Por Brenda Leitte e Rafaela Alves – Jornal O Estado.
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