Com 302 aptos, concorrência é de 7,5 por vaga de conselheiro
Com remuneração mensal de R$ 5.946,26, 302 candidatos se inscreveram para concorrer à vaga de conselheiro tutelar, em Campo Grande. A campanha iniciou na última quarta-feira (6) e, desde então, movimenta as redes sociais, como se fosse para eleição a vereador ou de presidente de bairro, com pedido de voto e entrega de santinhos. O que diferencia da eleição majoritária, em que o voto é obrigatório, é que a eleição de conselheiro é facultativa, mas é realizada por sistema de urna eletrônica. A eleição acontece no domingo (1º de outubro), das 8h às 16h, serão 60 urnas eletrônicas espalhadas em escolas e locais estratégicos, em Campo Grande.
Neste momento de campanha eleitoral, o candidato esbarra nas regras e restrições. O foco é convencer os familiares e amigos a votar. A maior parte da campanha é feita na rede social. As condutas vedadas aos candidatos e respectivos fiscais estão dispostas no edital, que foi publicado no último dia 4 de setembro.
O jornal O Estado conversou com alguns candidatos, mas sem poder divulgar os nomes, como prevê a legislação. Um profissional da saúde colocou seu nome no pleito pela primeira vez. Ele relata a dificuldade de fazer campanha. “Acontecem coisas que não dá para entender. É permitido divulgar para amigos, mas não realizar propaganda. É permitido pedir votos, mas não realizar reuniões. É uma campanha que necessita de todo cuidado, para não sofrer denúncias, que podem levar à retirada da candidatura”, disse.
Para fazer campanha, o profissional montou um grupo no WhatsApp e neste grupo é feita a divulgação da eleição. “A campanha, neste primeiro propósito, é divulgar a data da eleição (1º de outubro). Conscientizar sobre para o que serve o conselho e suas atribuições. E convencer a ir votar”, relata.
“Mesmo diante disso, está sendo prazeroso. Tenho conseguido muito apoio, de colegas de profissão, de amigos e da igreja. Pessoas que me conhecem e que sabem meus reais objetivos, de me tornar um conselheiro tutelar”, comenta.
Campanha com padrinhos políticos
Como em qualquer campanha, há padrinhos políticos. Mesmo não podendo, é possível ver, nas redes sociais, candidatos caminhando ao lado, por exemplo, de vereadores. Outra candidata ouvida pelo jornal O Estado questiona as condições de promover campanha. “Estes candidatos apadrinhados recebem recursos, conseguem fazer santinhos e reuniões. A disputa fica desequilibrada”, diz.
Ela conta que busca mais um mandato, pois acredita que para ser conselheiro(a) titular, parte da vocação de promover o bem ao próximo. “O Conselho Tutelar é uma entidade importante, dentro da proteção e da garantia dos direitos da criança e do adolescente. Nele, envolve histórias de abandonos e maus- -tratos. Temos essa missão de garantir proteção. Não é um cargo, simplesmente, como uma segunda profissão ou um bico. É um cargo que envolve responsabilidade. É muito mais do que prestar atendimento, mas acolhimento”, afirmou.
Quem rege as regras?
O Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), o CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) é quem define as condutas permitidas e vedadas aos candidatos a membros do Conselho Tutelar.
Ainda conforme o edital, o abuso do poder político-partidário, entendido como a utilização da estrutura e financiamento das candidaturas pelos partidos políticos no processo de escolha, também pode gerar impugnação do candidato a conselheiro tutelar. A propaganda eleitoral poderá ser feita com santinhos, constando apenas número, nome e foto do candidato.
Denúncias podem ser feitas na Comissão Especial.
Por Camila Farias e Rafaela Alves – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
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